Texto de Octávio Teixeira, ex deputado pelo PCP, hoje publicado no "Jornal de Negócios". Ao que parece foi o único que se apercebeu da estupidez proferida por Passos Coelho.
"No passado domingo, numa conferência do PSD em Gouveia, o primeiro-ministro declarou que "se a lei laboral durante tantos anos provocou tanto desemprego, tem de mudar, e os sindicatos têm de aceitar".
O primeiro-ministro começa a sentir-se assustado com as consequências das suas políticas. Mas isso não lhe dá legitimidade para falsear as causas da elevada taxa de desemprego que se registou no final de 2011. Se a legislação laboral fosse a responsável pelo desemprego galopante, seria inexplicável que até 2003 a taxa de desemprego se situasse nos 4 a 5%, abaixo da média europeia, e que só a partir desse ano, com a primeira grande alteração do Código do Trabalho (também por um Governo PSD-CDS) ela tenha aumentado aceleradamente e vá continuar a agravar-se. O desemprego dispara porque a redução do consumo gerada pelas políticas de austeridade trava o investimento e a produção.
Passos Coelho também faltou à verdade quando afirmou que "em Dezembro de 2011 o País acabou o ano com uma taxa de desemprego de 12,7%". É falso. Acabou com a taxa de 14%. E se lhe adicionarmos os inactivos disponíveis e os desencorajados ela cresce para os 18,2%. Foi nos seus seis meses de governação que se destruíram 160 mil postos de trabalho! Assustado ou não, um primeiro-ministro tem o dever de assumir as suas responsabilidades, não tem o direito de se refugiar na falsidade.E só a incompetência politica pode explicar que agora, à pressa e para lançar fumaça, invente a criação de uma "task force" alegadamente para tentar resolver o problema dos 156 mil jovens desempregados. Incapazmente o Governo foi apanhado desprevenido. E descarta os 405 mil desempregados de longa duração. Voltando à citação inicial: e se os sindicatos não aceitarem?"
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Passos Coelho refugia-se na falsidade
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