DERRUBAR O GOVERNO É OBRIGAÇÃO PATRIÓTICA

O inutil Cavaco Silva deu carta branca ao atrasado mental Passos Coelho para continuar a destruir Portugal e reduzir os portugueses a escravos da ganância dos donos do dinheiro.
Um governo cuja missão é roubar recursos e dinheiro às pessoas, às empresas, ao país em geral, para os entregar de mão beijada aos bancos e aos especuladores é um governo que não defende o interesse nacional e, por isso, tem de ser corrido o mais depressa possivel.
Se de Cavaco nada podemos esperar, resta a luta directa para o conseguirmos.
Na rua, nas empresas, nas redes sociais, há que fomentar a revolta, a rebelião, a desobediência, mostrar bem que o povo está contra Passos Coelho, Portas e os outros imbecis que o acompanham e tudo fazer para ajudar à sua queda.
REVOLTEM-SE!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A esperança desesperada

Texto de Baptista Bastos hoje publicado no "Jornal de Negócios".

"Poucos serão indiferentes à situação em que o País se encontra. Mas que os há, há.

São aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para esta tragédia. Não é preciso nomeá-los: todos nós sabemos quem são. E o que me parece mais desprezível é a firmeza com que ainda haja pessoas a defender um sistema não só doente económica e financeiramente mas, sobretudo, com graves enfermidades morais.

Chegamos ao fim de mais um ano e a esperança surge como desesperada. Já ninguém duvida das convulsões sociais que se adivinham, e só mesmo o primeiro-ministro é capaz de proferir afirmações tão absurdas como aquelas que faz. Ele o diz que é difícil decapitá-lo politicamente. É verdade. O homem possui uma tenacidade e uma obstinação invulgares. Não quer dizer nada. Apenas que está ali de pedra e cal. Até ver.

As sondagens dão-no como morto-vivo. E as coisas vão de mal a pior. Cavaco, que tem a simpatia dissimulada de quase toda Imprensa, o que se tornou na vergonha do pensamento crítico, tem demonstrado, nos debates televisivos, que não está à altura de coisa alguma. É um medíocre enfatuado, que mal oculta a raiva que o assola quando contrariado. E nada sabe de coisa alguma. Passos Coelho, inicialmente um falador sem continência, parece mais prudente e equilibrado. Aguarda, como um predador de tocaia, que a sua presa mais se estenda ao comprido. Depois, fará o que muito bem entender.

Vem aí o novo ano e todas as indicações são de molde a deixar-nos prostrados. O desejo improvável de Sá Carneiro - um Presidente, um Governo, uma Maioria - está quase a tornar-se realidade. A ausência de ideologia, a capitulação do PS de Sócrates, a desistência ética dos "intelectuais" portugueses permitiu esta anomalia histórica. Todos aqueles que, durante estes anos "socialistas" vão ser substituídos por uma trupe arfante de ganância e poder, já têm empregos garantidos em administrações de grandes empresas. Estou para ver para onde vai Sócrates. O despudor da "alternância" sem "alternativa" transformou a política portuguesa num modo de vida de um grupo que se protege e se resguarda. Não me canso de o dizer.

Estamos a perder a configuração moral de nação. Os que vêm nada trazem. Os que vão embora organizaram as suas vidinhas. Seria curial que o "jornalismo de investigação" procurasse indagar sobre o paradeiro profissional daqueles, do PS, do PSD e do CDS, que nos últimos trinta e quatro anos têm sido governantes. Mas o "jornalismo de investigação", que dá a ideia de possuir apenas um sentido e uma direcção, não está interessado em desvendar essas minudências.

Sócrates preparou o caminho, por inércia e atroz incompetência, para a Direita actuar de mãos livres. E o que a Direita tem dito, das suas opções, desígnios e objectivos só pode turvar as mentes de beócios. Mais: a Direita prepara-se para se instalar, durante muitos anos, na cadeira do poder. As consequências sociais e políticas do que se avizinha são imprevisíveis. O que não é imprevisível é a movimentação que já se nota, os conluios que estão a estabelecer-se, as intrigas que se urdem. O tal "jornalismo de investigação" talvez devesse noticiar os almoços, os jantares, os encontros, que tornam supérfluos, ou quase, os protestos de indignação dos que ainda se não dobraram. Ainda os há. Mas perdem, lentamente, essa capacidade.

Dilecto: como sou de têmpera rija e optimista, aceite um abraço forte e, apesar de tudo, de força e de resistência. "

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Contra Sócrates e contra os partidos

O "Correio da Manhã" traz hoje dois interessantes artigos de opinião reproduzidos a seguir.

O primeiro é de Ângelo Correia (PSD) a criticar o discurso de Natal de Sócrates, O segundo é do jornalista António Ribeiro Ferreira e fala sobre a escandalosa lei de financiamento dos partidos que os mesmos partidos aprovaram, recentemente, no parlamento.

"O discurso de Natal

O discurso de Natal do Engº Pinto de Sousa (Primeiro-Ministro de Portugal) foi esclarecedor. A crise está a ser ultrapassada e o futuro é risonho. Ninguém vê isso, só ele e o seu Gabinete. A origem do mal não é nossa, é fruto da nossa inserção no mundo, e só este lhe pode dar conserto; ou seja, somos perfeitos num mundo de imperfeições. Que azar o nosso estarmos nesta galáctica!

Ele, Engº Pinto de Sousa, está firme, determinado e capaz de resolver os problemas. Excelente. Temos homem! Não temos é economia, nem saúde financeira. Quando é que o Engº Pinto de Sousa percebe que o País não é ele e só ele? Entende que é importante evidenciar determinação e vigor, mas, isso são atitudes que se consubstanciam em acções e projectos originados pelas pessoas e pelas empresas, e estas precisam da mesma determinação e vigor que o Engº Pinto de Sousa exibe.

Ele tem de perceber que não está sozinho em Portugal, e, se quer que o desenvolvimento se processe, tem de criar condições para todo o País e que não só o seu Gabinete o sinta. E tal não acontece. Não se acredita que o seu Governo controle as despesas do Estado. Não se vê ele restringir as entidades no Estado aos seus "boys". Não se sente a isenção e independência na escolha de cargos públicos. Não se vê qualquer modificação na política de licenciamentos, quando esta é talvez a causa dos maiores problemas ao investimento privado. Não se contempla qualquer espaço de consensualização de uma política nacional de progresso e desenvolvimento. Não se vê uma verdadeira redução do papel do Estado, mas antes a pior das opções, que se traduz em tudo continuar a existir como antes, e se cortarem cegamente as verbas para o seu funcionamento.

A curto prazo teremos serviços parados a meio do ano por asfixia financeira, em vez de os que fazem falta funcionarem bem o ano inteiro, e os já desnecessários serem extintos. A lógica sempre foi deitar dinheiro para cima dos problemas como se isso os resolvesse, ou cortar a direito sem critérios de selectividade e importância. Enquanto isto e outros aspectos não forem perspectivados e projectados na acção quotidiana, bem pode o Engº Pinto de Sousa bradar que está ali qual S. Jorge a combater o dragão, que o País não o acompanha nessa luta solitária. Numa palavra: o Primeiro-Ministro tem de falar seriamente ao País e com igual seriedade ouvi-lo. Portugal precisa de saber o caminho. Portugal precisa de solidariedade no esforço, na acção e na inteligência, e o P. M. não se pode furtar a isso! Ele existe porque nós existimos, e sem nós ele não é nada!"

"Pilares da corrupção

Os deputados da Nação aprovaram uma nova lei de financiamento partidário. Acontece que a anterior legislação estava em vigor há pouco tempo, feita pelos mesmos representantes do povo.

Mas, evidentemente, tinha algumas falhas, nomeadamente, impedia a entrada de dinheiro nos cofres partidários sem qualquer controlo. O Estado, como se sabe, sustenta os partidos a pão-de-ló.

São muitos milhões de euros todos os anos para tudo e mais alguma coisa, incluindo a tralha atirada ao lixo nas campanhas eleitorais. Agora, até as multas por infracções à nova lei vão ser pagas com a massa dos impostos.

Já se sabia que as forças políticas eram autênticas agências de tachinhos, tachos e tachões para boys e girls. Agora, passam a ser também os verdadeiros pilares da corrupção."

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Estado Social" - o que é?

Mais um artigo de opinião de Manuel António Pina, hoje publicado no "Jornal de Noticias", que vale a pena ler.

"Estado Social" - o que é?

"As últimas (?) notícias acerca do "Estado Social" vêm do Tribunal de Contas, que ontem divulgou o parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2009: 97% dos 2 200 milhões de euros afectados no ano passado pelo Governo ao combate à crise foram parar ao bolso sem fundo da banca (61%) e às empresas (36%); já com os apoios ao emprego, o "Estado Social" gastou... 1%. Como Guterres diria, é só fazer as contas.

Mas, se foi assim em 2009, as notícias de 2010 são igualmente esclarecedoras. De acordo com dados do Ministério das Finanças citados pelo DN, o Governo estará por fim a conseguir reduzir o défice público (assim terá acontecido em Novembro), e isso graças, principalmente, "aos cortes nos apoios sociais a desempregados e crianças".

Entretanto Portugal alcançou já um honroso 2.º lugar no pódio dos países com maiores desigualdades sociais na UE e há hoje mais de 300 000 portugueses (entre eles milhares de crianças, que comem diariamente uma única refeição que lhes é servida na escola) a passar fome e dependendo, para sobreviver, de instituições como o Banco Alimentar, a Legião da Boa Vontade e outras, ou das espontâneas iniciativas de solidariedade que cidadãos anónimos, contando exclusivamente consigo, vêm promovendo um pouco por todo o país.

É talvez, pois, altura de a Ciência Política e o Dicionário da Academia reverem em conformidade a definição do que seja essa coisa de "Estado Social","

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Fumos de raiva

Um interessante texto escrito por Miguel Portas, euro deputado pelo Bloco de Esquerda, publicado no "Sol" 20 de Dezembro.

"Fumos de raiva"

"A irritação mostra aos políticos da austeridade que os pagadores de facturas começaram a perder a paciência.

Quem tenha visto as imagens da última greve geral na Grécia, ou as de Roma, junto ao Parlamento que acabara de salvar Berlusconi pela estreita margem de três duvidosos votos, ou ainda as de Londres, onde um príncipe e uma duquesa passaram pelo pânico, facilmente perceberá que qualquer coisa está a irritar as multidões de jovens que saem à rua. Qualquer coisa: desemprego nos 17 por cento, precariedade generalizada no trabalho e estudos cada vez mais caros.

Ninguém é feliz condenado a casar cada vez mais tarde e a viver em casa dos pais ou dos avós até aos 30 e mesmo aos 40 anos. O euromilhões não é alternativa a esta falta de horizontes. A irritação, pelo contrario, mostra aos políticos da austeridade que os pagadores de facturas começaram a perder a paciência.

O que os decisores políticos europeus estão a impor aos seus povos não tem explicação. Foi posta em andamento uma máquina infernal de transferência de rendimentos. Esta trituradora transforma dívida privada em dívida publica. Dito assim, não parece grave. Tentemos de outro modo: o dinheiro dos nossos impostos e os impostos dos nossos filhos foram mobilizados em socorro do sistema financeiro que nos mergulhou na crise.

Por causa desta operação de salvamento, os Estados aumentaram o seu endividamento e os défices orçamentais voltaram a crescer. Daqui não viria mal ao mundo. Em si mesma, a dívida não é má, pode fazer girar a economia e é para isso que deveria servir. Mas, em Bruxelas, os governos e a Comissão decidiram que era preciso retirar os apoios de excepção aos pobres, aos desempregados, e poupar nos serviços públicos e nos salários dos funcionários. Por causa do défice e da dívida... que era de privados e que agora é nossa. No mínimo, esta generosidade deveria ter como consequência alguma decência fiscal. OK, o nosso dinheiro salva, mas em troca eles devem devolver. Seria um acordo justo, mas a justiça destes dias é um bem raro e escasso.

ATÉ um estudante pouco letrado consegue fazer a pergunta do milhão: porque é que, depois de tantos PEC, orçamentos de austeridade e complicadas decisões sobre governação económica europeia, o euro continua sob ataque? Ou então: porque é que, depois de tanto elogio às malfeitorias já aprovadas, Bruxelas quer sempre mais e mais, mesmo que seja mais do mesmo? Porque é que agora se quer mexer nas leis laborais que o Governo dizia intocáveis e que agora já não? Em que é que um fundo que facilita o despedimento ajuda ao emprego? E em que é que a criação de um tecto máximo de indemnização que torna o despedimento obrigatório, mesmo sem justa causa, contribui para a criação de emprego? É. Há um dia em que as perguntas se transformam mesmo em irritação. Até em Portugal, terra de brandos costumes."

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ao serviço de todos nós

Mais um exemplo do que está mal na politica nacional e de como se roubam milhões de euros dos bolsos dos contribuintes para os dos que se aproveitam do regime em proveito próprio.

Soube-se a dia 27 de Agosto, pelo Público, que a jovem e distinta advogada Vera Sampaio (terminou o curso com média de 10 valores) com uma carreira de 'dezenas de anos e larga experiência' foi contratada como assessora pelo membro do Governo, Senhor Doutor Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira, distinto Ministro da Presidência....

Como a tarefa não é muito cansativa foi autorizada a continuar a dar aulas numa qualquer universidade privada onde ganha uns tostões para compor o salário e poder aspirar a ter uma vidinha um pouco mais desafogada.
Dizem que o facto de ser filha do Senhor Ex-Presidente da República Jorge Sampaio não teve nada a ver com este reconhecimento das suas capacidades.

Há famílias assim em que mesmo os elementos mais jovens possuem capacidades tão raras e que estão sempre disponíveis para as colocar ao "serviço de todos nós".

Já agora, como se devem recordar, ainda relativamente a esta família, soube-se há tempos que o filhote, depois de se ter formado, foi logo para consultor da Portugal Telecom, onde certamente porá 'toda a sua experiência ao serviço de todos nós.

Agora, como já se disse, calhou a sorte à maninha e lá vai ela toda lampeira em part-time para o desgoverno, onde certamente porá também 'toda a sua experiência ao serviço de todos nós.

O papá para não fugir à regra, depois de escavacar uns bons centos de milhares de euros nossos na remodelação do um palacete ali para os lados da Ajuda, onde instalará um gabinete, vai ser transportado pelo nosso carro, com o nosso motorista e onde certamente, para não fugir ao lema familiar, porá, de novo, toda a sua experiência ao serviço de todos nós.

Agora, foi também nomeado Administrador da Gulbenkian

Tudo isto, por mero acaso, se passa num sítio mal governado que se chama PORTUGAL, onde um milhão e duzentas mil pessoas vivem com uma reforma abaixo dos 375 Euros por mês.

Parece mentira, não parece ?

Infelizmente ... não é!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Confisco do Estado

Mais um texto de Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto do Correio da Manhã hoje publicado nesse jornal.

"Confisco do Estado"

"Entre as marcas que o Governo de Sócrates vai deixar, encontra-se o aumento da carga fiscal sobre a economia.

De acordo com a OCDE, de 1995 a 2008, Portugal foi o campeão da subida de impostos, chegando aos 35,2%, o que significa que, em cada euro de riqueza produzida, 35,2 cêntimos revertiam para os cofres fiscais. Mas, este ano, os impostos aumentaram e, no próximo Janeiro, há nova subida, especialmente do IVA, que terá um efeito nefasto. O peso real da carga fiscal na economia aproxima-se perigosamente dos 40%, o que significa que o Estado é o principal sócio das empresas e dos cidadãos na divisão dos rendimentos.

O pior é que estes impostos não serviram para tornar um Estado mais eficaz nos serviços prestados aos cidadãos. O Estado engordou, criou clientelas, deu comissões milionárias em contratos de concessões e adjudicações. Mais do que o monstro de que há anos falou o actual Presidente da República, tornou-se num polvo, que beneficia uma pequena elite e devora os cidadãos e os funcionários públicos e trava a economia. Se houvesse honestidade e rigor na gestão dos dinheiros públicos, o País não precisava de confiscar tanto dinheiro aos cidadãos e às empresas. Basta ver os inúmeros relatórios do Tribunal de Contas para ver o desperdício criminoso do nosso dinheiro. Mas, infelizmente, ninguém vai preso por isso. Nem sequer há acusados."

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Excrescências da democracia

Democracia é o único sistema politico admissível porque os governantes são livremente eleitos pelos cidadãos.

Mas, para que a democracia seja séria, é necessário assegurar que a escolha é real e válida e impedir que os tais governantes se perpetuem no poder.

São estes os dois maiores problemas dos partidos políticos e há que lutar contra o que se passa e contra o sistema instituído.

Qualquer individuo que se inscreva na juventude de um qualquer partido sabe que se seguir as instruções de quem vai mandando no partido terá uma vida fácil e que, conforme as opções pessoais, mais tarde ou mais cedo poderá chegar a uma câmara municipal, a deputado na assembleia da republica ou a ser nomeado gestor de uma empresa publica.

São inúmeros os casos de indivíduos que nunca fizeram nada na vida a não ser politica partidária, sendo José Sócrates o caso mais gritante.

Nem vale a pena falar da sua pretensa actividade como engenheiro técnico e das casas que, supostamente, desenhou quando jovem nem da sua licenciatura e do curso de engenharia que, também supostamente, tirou numa universidade já fechada por ser desonesta e manhosa demais.

A verdade é que Sócrates não tem formação adequada, é ignorante e inculto, é incompetente para as funções que desempenha, não tem ideias próprias, mente com quantos dentes tem na boca, repete até à exaustão os chavões que os assessores lhe metem na cabeça e, sendo prepotente e teimoso, está a levar o País à ruína económica e social.

Sócrates é o exemplo perfeito do que um politico sério não deve nem ser nem chegar ao poder apenas por estar há muito tempo no aparelho do partido.

Pior ainda é que Sócrates rodeou-se dos piores elementos inscritos no partido socialista, um verdadeiro gang de facinoras que tomou o País de assalto.

Do seu melhor amigo Armando Vara a "boys" como Rui Pedro Soares, são inúmeros os casos conhecidos de militantes socialistas em cargos influentes na administração do Estado e em empresas publicas.

Pouco a pouco vão-se conhecendo mais e mais casos de corrupção, de roubo, de apropriação ilegal dos recursos nacionais, todos protagonizados pelos próximos de Sócrates.

Pouco serve que os responsáveis pela Justiça usem os mais inconcebíveis argumentos legais para o proteger como aconteceu no caso das escutas a Vara no processo "Face Oculta".

O povo já sabe que Sócrates é desonesto e corrupto e que, para todos os efeitos, se comporta como o "padrinho" da corja socialista que rouba o País.

Quando chegou à politica Sócrates era um "pé rapado" que não tinha onde cair morto tendo reunido, em pouco anos, um importante património financeiro e imobiliário, com destaque para as valiosas casas onde ele e mãe habitam no coração de Lisboa e que a suposta herança do avó materno está longe de explicar convenientemente.

Bem diz a sabedoria popular que ninguém enriquece a trabalhar.

Não vale a pena voltar a falar no caso Freeport, tão mal explicado pela justiça, e que a História se encarregará de elucidar.

Sócrates agarra-se ao poder que nem uma lapa sabendo já que vai sair pela porta baixa e que ficará conhecido por ter sido o pior primeiro ministro que alguma vez esteve à frente do País.

Pior ainda, Sócrates sabe que não tendo nem TGV nem novo aeroporto nada ficará para perpetuar a sua (má) memória.

Sócrates é uma excrescência da politica partidária,

Mas não é a única.

Alberto João Jardim anunciou recentemente que é, novamente, candidato ao cargo de presidente do governo regional da Madeira.

Alberto João Jardim está há 32 anos nesse cargo e pretende agora ficar ainda mais quatro.

Pela perpetuação no poder Alberto João Jardim é uma excrescência da politica partidária,

Da esquerda à direita são inúmeros os casos de governantes e políticos cuja legalidade democrática deixa muito a desejar.

Luís Menezes é deputado do PSD.

Luís Menezes é filho de Luís Filipe Menezes, o conhecido presidente da Câmara Municipal de Gaia e que já foi presidente do PSD.

Luís Menezes ainda não tem 30 anos, acabou o curso de advogado há pouco tempo e já é deputado da Nação.

Luís Menezes é uma excrescência da politica partidária,

São excrescências como estas e como muitas outras que urge limpar da politica e para que tal aconteça é necessário acabar com os partidos.

De movimentos representativos das correntes de opinião da sociedade os partidos transformaram-se me organizações de indole mafiosa cujos unicos objectivos passam por se manter no poder para distribuir favores e benesses pelos correlegionários.

Basta!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Portugueses elegem classe política como a mais corrupta

Artigo hoje publicado no Diário de Noticias.

"Os inquiridos dizem que a corrupção está a aumentar e a maioria deles não acredita que o Governo consiga combatê-la.

A maioria dos portugueses (83%), considera que a corrupção piorou em Portugal desde 2007, e 75% classificam como ineficaz o combate por parte do Governo. No ranking dos menos honestos, a classe política surge à cabeça. Professores, militares e religiosos são apontados como os menos corruptos.

Os dados surgem no Barómetro Global da Corrupção 2010, uma sondagem mundial que hoje, Dia Internacional de Combate contra a Corrupção, é divulgada pela Transparency International. A instituição inquiriu mais de 91 mil pessoas em 86 países e territórios. As suas atenções estiveram centradas nas práticas de pequeno suborno, nas avaliações que os cidadãos fazem sobre o desempenho das instituições públicas, e na sua percepção no que respeita à eficácia do combate à corrupção.

"Este agravamento das percepções domésticas sobre corrupção resulta, por um lado, de uma maior e mais frequente exposição mediática de escândalos de corrupção envolvendo líderes políticos e altas figuras do sector financeiro e, por outro lado, de uma perceptível ineficácia do combate à corrupção." A explicação é de Luís de Sousa, presidente da Transparência e Integridade (TIAC), Ponto de Contacto da Transparency International em Portugal.

O agravamento deste sentimento surge ancorado em práticas menos lícitas que os próprios inquiridos admitem praticar. Segundo o barómetro, 3% dos inquiridos portugueses afirmam ter pago um suborno nos últimos 12 meses. Este valor, porém, é quase insignificante quando comparado com o que se passa em países mais ricos da Europa, como Suíça, Reino Unido, Noruega, Holanda, Alemanha, Finlândia e Dinamarca. Para Luís de Sousa, esta diferença "significa que o tipo de corrupção mais corrente na sociedade portuguesa não passa necessariamente pelo suborno, mas por formas mais subtis e prolongadas no tempo, como o pequeno tráfico de influências, vulgo 'cunha'".

Por outro lado, são cada vez mais os portugueses (sete em cada dez) que consideram ineficaz a luta contra a corrupção por parte do Governo, passando de 64% em 2007 para 75% em 2010. Segundo a Transparency International, o aumento do sentimento da existência de corrupção e a ineficácia do seu combate reforçam a tendência de declínio de Portugal no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) verificada nos últimos anos. O País, note-se, surge cada vez mais à cabeça dos mais corruptos.

A realidade portuguesa é um reflexo de um sentimento expresso a nível mundial. Segundo o Barómetro, seis em cada dez pessoas em todo o mundo consideram que a corrupção aumentou, e uma em cada quatro admite ter pago subornos no último ano.

Em Portugal, a liderar o sentimento de suspeita de corrupção estão os partidos políticos, seguindo-se o Parlamento e depois a justiça (ver gráfico). Entre os menos citados estão os religiosos, mas, note-se, foi o sector que sofreu o maior agravamento nos últimos anos. O mesmo fenómeno está a registar-se nas organizações não governamentais, que lidam com a solidariedade.

Este barómetro mostra a evolução da corrupção. Segundo o relatório, os montantes pagos em subornos em 2010 eram mais ou menos os mesmos de há cinco anos. Contudo, terão aumentado em sectores mais sensíveis, como na polícia, na justiça e nos registos. Esta percepção é mundial, não se especificando o que se passa em Portugal. Também a nível global, as pessoas a confiam nos governos para combater a corrupção."

domingo, 5 de dezembro de 2010

Desvario

O desvario orçamental continua a todos os níveis da administração publica.

Uma das medidas de Sócrates para reduzir o déficit em 2011 é a redução de vencimentos de todos os funcionários públicos e trabalhadores de empresas e institutos do Estado.

Todos?

Ainda o orçamento para 2011 estava a ser aprovado e, no parlamento, já se aprovavam excepções a esta medida.

De empresa publica a empresa publica, de hospital a hospital, as excepções surgem diariamente e eis que o socialista Carlos César, o Presidente do governo regional dos Açores, diz que vai devolver, aos funcionários públicos açorianos, o corte decretado pelo governo central.

E, ainda por cima, tem o desplante de dizer que essa medida não irá custar um cêntimo aos portugueses porque vai usar verbas já anteriormente destinadas à região.

É discutível se a medida de redução de vencimento é boa ou má mas o que não é de todo discutível é que, á pala de justificações e outras patranhas mirabolantes, se criem excepções que promovem a desigualdade entre os portugueses.

Trata-se, afinal, de mais um sinal do desvario deste governo em fim de ciclo e da forma como permite que os seus apoiantes explorem os recursos nacionais enquanto podem.

Vários comentadores já se pronunciaram sobre a situação e aqui se transcrevem dois artigos de opinião hoje publicados.

João Marcelino - Diário de Noticias

"Questão de estilo e oportunidade"

"1. A Lei do Orçamento do Estado para 2011, aprovada pelo Parlamento, determinou um corte médio de 5% nos salários superiores a 1500 euros mensais. Era suposto que esse corte abrangesse por igual todos os trabalhadores em funções públicas, e em todo o País.

Era, mas pelos vistos não é.

O Governo Regional dos Açores, num claro desafio ao Governo central, acaba de aprovar uma remuneração compensatória que cobrirá "integralmente a perda de vencimento dos funcionários públicos" para as pessoas com rendimento mensal entre 1500 e 2000 euros. A lei, nos Açores, só se cumprirá de facto daí para cima.

No intervalo referido, Carlos César, o presidente socialista dos Açores, determina um pagamento à parte que reporá exactamente a quantia retirada para cerca de 3700 funcionários públicos da região. E ainda tem o desplante de tentar explicar que "os portugueses podem ter a certeza" de que o que decretou não passa por tirar o dinheiro a ninguém. Só está a utilizar "o dinheiro que já está afecto aos Açores".

Não estamos perante uma habilidade - este é, de facto, um exemplo de descaramento e de abuso da autonomia regional.

2. Não sei se esta "remuneração compensatória" será concretizada - ou se o Governo terá força para fazer cumprir a lei em todo o País, sem discriminações mesmo que positivas; ou se, pelo menos, José Sócrates ainda terá capacidade para manter as hostes unidas.

O que parece evidente é que, tal como aconteceu no Estatuto dos Açores, nesse caso com um desafio claro aos poderes do Presidente da República, Carlos César quer agora marcar o terreno perante um Governo em dificuldades. E, a duas horas de avião de Lisboa, pouco lhe interessa até que esse Governo seja da mesma cor política.

Já se sabia como nas regiões autónomas o poder de um governante local é directamente proporcional ao exercício de contrapoder demonstrado perante o Governo da República. Esta decisão prova que Carlos César e Alberto João Jardim, afinal, não são tão diferentes assim. Tudo é uma questão de estilo, de oportunidade. A de Carlos César chegou agora, quando crescem os rumores de que já estará disponível para um derradeiro mandato que nem se sabe bem se a Constituição permite.

3. O problema, numa óptica mais geral, é que 2011 ainda não começou e já crescem as dúvidas sobre a capacidade de o País cumprir o Orçamento recheado de boas intenções. A semana passada foram o PS e o PSD que se coligaram na Assembleia da República para decretar um regime de excepção no sector empresarial do Estado. Agora é a vez do PS/Açores. Qual será a excepção que segue? E quantas haverá até que o FMI seja finalmente uma necessidade inadiável?

No dia em que era suposto a FIFA entregar à Espanha - perdão: à Ibéria - a organização do Mundial de 2018, o falatório futebolês invadiu a antena de rádios e televisões. Foram horas de agonia e dislates antes de Blatter anunciar que a FIFA, mais uma vez, tinha tratado do negócio de forma competente. O circo do Mundial vai visitar a Europa dos Urais e depois (em 2022) seguir-se-ão os poços de petróleo da península arábica, com um piscar de olhos ao mundo islâmico. No meio dessa tormenta consegui ouvir de cidadãos o que não ouvi, infelizmente, de comentadores: que esta candidatura era uma vergonha, pela oportunidade, claro, e sobretudo porque era um atentado à História de Portugal e à relação de forças na Península. Agradeço à FIFA ter-nos poupado à concretização de um vexame."

João Pereira Coutinho - Correio da Manhã

"Até tu, César?"

"Carlos César, presidente da região autónoma dos Açores, resolveu avisar o continente de que não tenciona acatar as decisões da República. Cortes na função pública? Nem pensar: se o governo corta pela frente, os Açores devolvem por trás.

O dinheiro para estas ‘compensações’, avisa César, não vai custar um tostão aos contribuintes. O dinheiro, presume-se, foi-lhe dado pelo planeta Marte e ele tenciona usá--lo pelos terráqueos da sua paróquia. Não vale a pena comentar o abuso e a imoralidade do gesto. Interessa apenas lembrar que o desvario não nasceu por acaso; ele é o resultado fatal das ‘excepções’ – nos hospitais, nas empresas do Estado – que o próprio governo de Sócrates foi tolerando.

E, com isso, diminuindo a sua autoridade e legitimidade para impor o que quer que seja a terceiros. Carlos César não abriu apenas uma guerra privada com o PS socrático. César fez com o governo o que o governo fez com os portugueses: ignorar a doutrina da ‘austeridade’ para contentar feudos ou clientelas. Portugal é um país a saque onde ninguém manda e todos se governam. "

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O art.º 17. º da nossa infâmia

A indignação contra o favorecimento partidário continua a crescer. Hoje é a vez de Carlos Abreu Amorim, outro jornalista conhecido por alinhar com o PSD, escrever sobre o tema em artigo publicado no Jornal de Noticias. Só é pena que a conclusão não seja melhor.

O" art.º 17. º da nossa infâmia"

" Diz-se que a questão se originou na incomodidade dos quadros do Banco de Portugal (BdP) em se sujeitarem aos cortes salariais previstos na austeridade orçamental. O BdP hospeda e agasalha o melhor das subidas cabeças económicas e políticas da corte que manda no país - sempre tal ouvi afiançar (mas nunca acreditei): Silva Lopes, Tavares Moreira, Miguel Beleza, Vítor Constâncio, Cavaco Silva, Oliveira e Costa, Manuela Ferreira Leite, Octávio Teixeira, Ernâni Lopes e tantos outros. Em suma, que ninguém se equivoque: quando o BdP franze o sobrolho, o regime que temos estremece. As pressões levaram Jaime Gama a pedir um parecer ao BCE. Este, usou do habitual "amiguismo de classe" e sentenciou que a independência do BdP estaria ameaçada caso o Estado português prosseguisse com os cortes salariais nessas tão autónomas e soberanas figuras que jazem no BdP - logo, temos de concluir, para que a emancipação do BdP seja assegurada, o Estado está forçado a recompensar os seus milhares de funcionários e outros tantos aposentados com remunerações muito acima dos restantes servidores públicos e que nunca poderão, sequer, oscilar com os abalroamentos mais terríveis da crise!

Prontamente se percebeu que outras entidades públicas ansiavam por plagiar o exemplo do BdP à custa de qualquer pretexto. Os demais albergues do regime, como a Caixa Geral de Depósitos, acompanhada por uma série de entidades públicas ditas empresariais (como a TAP, CTT, CP e por aí fora), iniciaram nos corredores do poder uma ofensiva que tentava comprovar a mirífica possibilidade de os seus quadros superiores desertarem em massa para outras instituições, pelos vistos sedentas da competência e do mérito que por ali abundam, como é por todos consabido...

A falta de pudor que assinala os principais responsáveis por esta III República prevaleceu - na passada terça-feira, de forma dissimulada, prestes a encerrar-se o debate na especialidade do OE, em véspera da greve geral e tentando apanhar distraídos os poucos que ainda não prescindiram da capacidade de pensar e de se indignarem com o que resta deste pobre país, o PS, tácita e desgraçadamente apoiado pelo PSD, aprovou uma nova redacção do art.º 17.º do OE, segundo a qual as administrações das empresas públicas poderão ser autorizadas a realizarem "adaptações autorizadas e justificadas pela sua natureza empresarial".

Num ápice, abriu-se o postigo da vergonha! Com estas oito simples palavras está concretizada a tarefa de descobrir uma fresta para, logo de seguida, escancarar o portão das excepções aos cortes salariais, simbolizando na perfeição a notória carência de um mínimo ético por parte de quem tanto nos tem desgovernado.

Os esforços de justificação desta ignomínia ainda são mais reveladores da imensa desconsideração que os responsáveis partidários detêm pela lucidez dos portugueses - tentaram impingir-nos a ínvia fábula que assegurava que caso persistissem os cortes salariais na Caixa aquela rapaziada que para lá foi enviada (ou para outros lugares análogos) como gratificação adquirida por percursos e fretes politiqueiros, debandaria, amuada, para o J.P. Morgan Chase ou para o HSBC, que, claro, os receberiam de braços e bolsas abertas! Quiseram fazer-nos acreditar que os nossos gestores públicos, na sua maioria, autênticos especialistas em afundar as empresas por onde passam, poderão ser aproveitados por alguma entidade privada em que o mérito prevaleça e que não necessite de "Varices", ou seja dos conúbios insalubres entre decisores públicos e privados.

Fiel à sua história recente, o PS abdicou dos princípios e cedeu aos interesses mais torpes. O PSD apadrinhou esse declive ético, mostrando que ainda vê o país a partir da confundida visão da corte.

Numa hora em que importava manifestar, cá dentro e lá fora, que a austeridade é para levar a sério, exibimos os nossos piores vícios: o favoritismo, a discriminação em razão de posições de influência, a ideia de que há servidores públicos com e sem "pedigree".

Cada vez mais, os políticos deste país dão-me náuseas - que venha o FMI e depressa!"

domingo, 28 de novembro de 2010

Os caros assessores

A revolta contra a nomeação da gentalha partidária para cargos de remuneração elevada na administração publica está a começar a tomar corpo e até mesmo em sectores algo inesperados. Hoje é a vez de Pedro Marques Lopes, conhecido propagandista do PSD, publicar um surpreendente artigo de opinião sobre o tema no Diário de Noticias

"Os caros assessores"

"O presidente da Câmara de Lisboa foi muito expedito em vir desmentir uma notícia dum jornal. Em poucas horas organizou uma conferência de imprensa para dizer que o passivo da câmara ia diminuir e não aumentar, como garantia o Público - que no dia seguinte corrigia a notícia.

António Costa não foi tão lesto a comentar uma situação que chegou ao conhecimento público na semana passada. Apesar de lhe terem perguntado por que diabo um cavalheiro de 26 anos, sem licenciatura e sem curriculum - a não ser umas capacidades extraordinárias para sacar uns cobres a um fundo público qualquer -, ganhava 3950 euros mensais como assessor técnico e político da vereadora Graça Fonseca, o presidente da câmara resolveu nada dizer.

Entende-se: uma coisa são uns milhões a mais ou a menos, outra é um assessor qualquer ganhar uns milhares de euros por mês.

De qualquer forma ficamos a saber que António Costa acha normal - tudo o indica - que a sua vereadora para a modernização administrativa, descentralização e serviços centrais tenha ao seu serviço para a assessorar nestas importantes tarefas um cidadão cujo único curriculum é ser militante e ex-funcionário do Partido Socialista.

A propósito, e se António Costa tivesse disposição para responder a problemas menores, poderia informar-nos em que profissão um cidadão de 26 anos com as habilitações deste assessor consegue ganhar o que este ganha.

Esta triste história é excepção em câmaras municipais, institutos, fundações, Estado e afins? Claro que não. É, não há quem não saiba, uma história comum. E acontece seja qual for o partido que esteja no poder. Os partidos - como nós o sabemos - utilizam o Estado e afins para satisfazer as suas clientelas, comprar cumplicidades, cimentar poderes internos.

Já estamos de tal maneira rotinados com estas iniquidades, que, por exemplo, a notícia de que um alto quadro do PS, um tal de André Figueiredo, teria oferecido um cargo muito bem remunerado numa empresa pública ou aparentada a um camarada do mesmo partido, para que ele não concorresse numa eleição interna, foi esquecida em um ou dois dias. E, para quem estiver seriamente desmemoriado, a denúncia foi feita pela pessoa a quem foi feita a "oferta", um senhor deputado. Aconteceu alguma coisa neste caso? Nada. Em qualquer país minimamente civilizado esta história não deixaria pedra sobre pedra. Não é só por estarmos demasiado habituados a coisas destas, é, provavelmente, pela noção de que se outro partido estivesse no poder a mesma coisa aconteceria e ninguém no sistema partidário tem telhados suficientemente robustos.

Dir-me-ão que estas situações são apenas gotas de água no vasto oceano de incúria e negligência que conduziu o País, e sobretudo o Estado, à condição em que hoje se encontra. Não concordo.

Talvez menos pelos valores envolvidos, mas sobretudo pelo nível de pessoas que se foram colocando no aparelho estatal e aparentado. Por um lado, gente sem qualificações mínimas que apenas lá está por servir cegamente os respectivos partidos, por outro pessoas, como a vereadora Graça Fon- seca, que acham que basta a justificação da "confiança política" para colocar um qualquer militante do seu partido naquelas funções e com um salário daquele tamanho. Basta multiplicar a incompetência e o compadrio por todo o Estado e verificar se falamos de gotas no oceano. E não É só o que estes senhores e senhoras fazem de forma directa. É, sobretudo, o clima que criam nos sítios onde "trabalham"; a sensação de injustiça, de desrespeito pelo trabalho alheio, que provoca desmotivação e revolta, e se alastra pela comunidade inteira.

António Costa, promovendo ou convivendo com estas poucas vergonhas, está também a ajudar a destruir a imagem dos políticos e dos partidos. Se homens como o provável próximo líder dum dos maiores partidos portugueses colabora ou olha para o lado quando vê situações como a descrita acontecerem, que tipo de comportamento poderemos esperar de gente com bem menos responsabilidades que ele?"

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Igualdade assassinada

A contestação aos partidos e à politica partidária sobe de tom na comunicação social, desta vez a propósito da excepção para cortes salariais nas empresas publicas e outros organismos que servem para distribuir cargos pelos militantes.

Leia os textos hoje publicados no "Correio da Manhã" e "Jornal de Noticias" e perceberá porque o lema do "Triunfo dos porcos" segundo o qual "todos os animais são iguais mas uns são mais iguais que outros" está cada vez mais actual neste pobre Portugal entregue à corja partidária que tudo suga e tudo destrói.

"Igualdade assassinada" - Eduardo Dâmaso, director-adjunto

"A história é simples: tudo o que é empresa pública (TAP, Caixa Geral de Depósitos, Refer, REN, por aí adiante) passa a ter a possibilidade legal de escapar aos cortes salariais. Aquilo que a que o ministro Jorge Lacão chama uma mera "adaptação" a regimes contratuais diferenciados é um verdadeiro assassinato do pouco que já restava de uma ideia de igualdade entre cidadãos. Esta é, aliás, uma história exemplar do pântano gerado pelo Bloco Central dos Interesses.

Nesse mundo imenso do sector empresarial do Estado, feito de fundações, institutos e empresas, mandam os ‘boys’ dos dois partidos. São eles que criam as contrapartidas em concursos e concessões para os financiadores dos dois partidos. Ou seja, têm um poder de pressão (e de chantagem) não subestimável. Assim sendo, que interessam 600 mil funcionários públicos? Que interessa a ideia de que os cortes "são para sempre" se para esta gente nem são para hoje!? Como é possível ainda alguém acreditar nestes políticos que têm do País e dos portugueses uma visão maniqueísta de filhos e enteados?"

"Chamem é o FBI" - António Ribeiro Ferreira, Jornalista

"As empresas públicas, todas, locais, regionais e nacionais, que, com raras excepções, estão endividadas até ao tutano e apresentam todos os anos prejuízos obscenos, ficam isentas dos cortes salariais aplicados aos funcionários do Estado. Percebe-se porquê.

É neste imenso universo que estão alojados os apaniguados, os boys, as girls, os amantes de ambos os sexos, amigos, parentes e companhia limitada dos partidos do Bloco Central. Já não vale a pena falar em pouca vergonha e dar gritinhos de indignação. Já não vale a pena falar em moral, ética e outras coisas mais. Já não vale a pena sequer chamar o FMI. Portugal já é um caso de polícia. Chamem é o FBI. "

Sobre o mesmo tema escreve também hoje Manuel António Pina no "Jornal de Noticias"

"Como era de esperar"

"Vai ficando à vista aquilo que, desde que foram anunciados os famosos e igualitários "sacrifícios para todos", era de esperar tendo em conta a cultura político--partidária dominante: que alguns "todos" seriam mais "todos" que outros.

Poupada, primeiro, a Banca, apesar dos escandalosos lucros que tem obtido com a crise (crise de que foi e é o sistema financeiro, com esse nome ou sob o fantasmático pseudónimo de "mercados", o principal responsável), seguiram-se os grandes grupos económicos, que se preparam para distribuir dividendos antes que os "sacrifícios para todos" entrem em vigor e sem que seja visível a olho nu, da parte do PS ou do PSD, qualquer medida para impedir a fuga aos impostos de muitos milhões de euros (1100 milhões, só por conta da PT, Portucel e Jerónimo Martins/Pingo Doce).

Agora, aprovado que foi o Orçamento na generalidade, começam a aparecer na discussão na especialidade mais "excepções", dos funcionários dos grupos parlamentares (isto é, funcionários partidários) aos "trabalhadores das empresas públicas", das "entidades públicas empresariais"e do "sector empresarial regional ou municipal" (poisos privilegiados de "boys" e "girls"), onde poderá haver não se sabe que "adaptações" desde que "autorizadas" não se sabe por quem.

Se a aprovação do Orçamento demorar muito mais, "todos" acabará por significar só a arraia miúda e gente sem poder económico ou político."

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Boys, boys, boys

Pedro Ivo Carvalho é um jornalista que publica hoje hoje no "Jornal de Noticias" um texto sobre a nomeação de militantes partidários para cargos na administração publica pagos a peso de ouro.

Pouco a pouco, comentador a comentador, o povo vai abrindo os olhos, Os oportunistas que se acautelem porque o despertar já esteve mais longe.

"Boys, boys, boys"

" O Estado português, é sabido, tem as costas largas. Demasiado largas. Tão largas que há quem trepe por ele acima, se empoleire nos seus ombros e, lá do alto, grite, a plenos pulmões: "Também eu já bebi do seu cálice, também eu já fui bafejado pela sorte!"

O cálice é o Orçamento do Estado, a sorte é ser amigo de alguém que mexe uns cordelinhos no partido que está no poder. Ou, como normalmente são designados, os "boys" que se acotovelam nas trincheiras desta Função Pública que oscila de regime para regime, gente esperta o suficiente para não fazer muitas perguntas inteligentes.

Veja-se o caso do jovem dirigente socialista que, sem currículo profissional ou canudo académico, conseguiu a proeza de ser, simultaneamente, assessor político da Câmara de Lisboa (lá está, a confiança) e receber subsídios do Instituto do Emprego para criar uma empresa que, entretanto, está desactivada.

Tudo somado, recebeu qualquer coisa como 41 mil euros indevidos. Tanto quanto ganhariam 86 trabalhadores que aufiram o salário mínimo. Mas o partido achará que o jovem "boy" vale bem por 86.

Veja-se, ainda, o exemplo dos arábicos salários de que beneficia(ra)m os elementos do Conselho de Administração da Fundação Cidade de Guimarães, entidade que gere a Capital Europeia da Cultura, e que ontem levaram uma castanhada. Haja justiça, pensará o incauto leitor. Mais ou menos.

Isto porque o corte de 30% decretado pela autarquia, parecendo salomónico, não corrige o erro e a falta de pudor. Mesmo com o acerto de contas, o vencimento de Cristina Azevedo, presidente do Conselho de Administração, baixa de 14.300 para 10 mil euros mensais (mais do que, por exemplo, ganha o presidente da República e o primeiro-ministro).

A mais extraordinária lição a tirar desta história é que foi António Magalhães, autarca local, a decidir o montante a pagar aos representantes daquele órgão, num acto de desprezo pelos dinheiros públicos. Se um deputado do PCP chamado Agostinho Lopes não tivesse reparado, calava-se tudo bem caladinho.

Não custará muito projectar, a partir destes dois casos, milhares de outros. Um exército silencioso que se encosta ao poder, que priva com ele, que desfruta das suas mordomias, que tem do Estado uma visão maniqueísta ("eu sou o Estado, por isso, ele tem de me servir"), gente que não abunda nos discursos dos políticos, porque é sempre mais fácil atacar os desempregados e os beneficiários de prestações sociais. Esses sim, são as sanguessugas dos nossos impostos. Os outros não. Os outros são "atarefados" funcionários públicos. Com amigos nos sítios certos"

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O buraco negro

Mais uma voz que se levanta contra a politica partidária. Desta vez é Fernando Sobral, jornalista, que num artigo de opinião hoje publicado no "Jornal de Negócios" comenta o que são, hoje em dia, os partidos politicos.

"O buraco negro"

"Os partidos são tribos. Agregam interesses, incentivam cumplicidades, promovem os fiéis.
Os partidos são clubes de oportunidades. Antigamente os cidadãos juntavam-se neles devido à comunhão de ideias. Através delas tentavam mudar o mundo. Agora são forças que têm um único objectivo: obter o poder e geri-lo em seu proveito. Na idade da imagem precisam de líderes fortes que seduzam os cidadãos eleitores. Os partidos são gulosos. Adoram o doce do poder. Por isso deixaram de ser territórios de debate de ideias, de confronto de opiniões, de liberdade de pensamento. Quando entram em guerra civil é porque o poder está a esboroar-se ou está demasiado longe. Olhe-se para o que se passa no PS neste momento. Até há uns meses Sócrates liderava um partido que parecia a Roménia de Ceausescu: nem uma voz discordante se escutava na planície. E as poucas que o tentavam fazer eram ostracizadas ou atiradas para a penúltima fila da bancada parlamentar. Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades. O PS sente o poder a fugir-lhe entre os dedos e Sócrates deixou de ser o líder omnipotente e omnipresente. Abriu a caça à sucessão dentro do PS. Ainda não se atira directamente sobre Sócrates. Dispara-se sobre Teixeira dos Santos. Mas o PS que vive do poder move-se. O drama é que não se vislumbram ideias que motivem a discussão sobre o futuro de Portugal, o seu modelo político e económico, ou o destino dos seus cidadãos. A crítica a Sócrates nada tem de ideológico. Tudo tem a ver com poder. Sócrates não tem de se queixar: ele é o expoente do buraco negro que é a política moderna."

Respeitinho é que é preciso

Mais um texto de Manuel António Pina hoje publicado no "Jornal de Noticias" e que mostra o pouco valor dos deputados que temos, neste caso alguns menos conhecidos do PS.

"Respeitinho é que é preciso"

"E o Prémio "Cócoras" vai para... os deputados socialistas Marcos Sá, Miguel Laranjeiro, Jorge Seguro, Pita Ameixa, Duarte Cordeiro e Pedro Farmhouse, que, respeitosamente (como cabe a titulares do poder político e representantes eleitos do bom povo), tiveram a ideia de apelar à banca para que, se assim entender, decida "por iniciativa própria" e "sem ser necessário o Governo legislar nesse sentido" pagar uma maior taxa efectiva de IRC, dessa forma "[colaborando] no esforço colectivo de redução do défice" (a taxa efectiva de IRC da banca foi de 16,1% nos primeiros 9 meses de 2009 e de 9,2% em 2010, um terço da que paga qualquer mercearia de bairro).

Claro que (sossegue a banca) a coisa seria temporária, e uma forma de a banca "agradecer" os 20 mil milhões dos contribuintes que o Governo lhe deu em garantias. Isto, sempre muito respeitosamente, para não falar dos 4,6 mil milhões enterrados no BPN.

"E qual seria o valor considerado justo? ", perguntou o 'Público' a Marcos Sá. A agachada resposta prova a justiça da atribuição do cobiçado e acocorado galardão: "A banca saberá até onde pode ir..."

O respeitinho é muito bonito e quando se pede aumento ao patrão, é deselegante, e pode irritar o patrão, dizer-se quanto se quer. Tratando-se de funcionários públicos (ou de desempregados, pensionistas e pobres) , é que não se pede licença, se puxa do "jus imperium" e se fala com voz grossa."

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Portugal para totós

Os jornalistas e comentadores que escrevem nos jornais parecem ter finalmente descoberto que os partidos políticos são responsáveis pela má situação em que o país se encontra. Catarina Carvalho, jornalista, publica hoje no "Jornal de Noticias" um texto a este respeito.

"Portugal para totós"

"No outro dia, um amigo estrangeiro de um amigo meu sugeriu um livro que falta no panorama editorial: "Portugal for dummies". Traduzo: "Portugal para totós". Um título mais naquela colecção de livros técnicos de capa amarela que explicam coisas complexas. Na verdade, o título é enganador. Portugal tem tantas idiossincrasias que nem mesmo os mais inteligentes e cultos politólogos o entendem. Experimentem explicar, por exemplo, a um americano, o sistema semipresidencial português. Quais as funções do presidente da República? Árbitro? Moderador? E que poder tem, de facto? Difícil, não? Daí, a ideia do livro, que faria jeito, aposto, mesmo a quem nos conhece bem. Por exemplo, nós próprios.

O momento presente seria ideal para a publicação de um livro destes. Ideal para exemplos vividos e recentes. Toda a gente de bom senso já percebeu que o actual momento político-económico é tão difícil que precisa de uma maioria governativa, e, no actual cenário, de uma coligação onde os interesses do país estejam à frente de todos os outros. Apesar dessa clarividência - expressa desta vez por Luís Amado, este fim-de-semana, em entrevista ao "Expresso" - nenhum dos partidos do arco governamental aceita dar esse passo. Ah, e tal, o PSD está à espera de ganhar as próximas eleições, e o PS não pode dar parte de fraco... e vai atirando as responsabilidades para o lado... Pois, tudo isso é muito bonito como joguinho político, se não estivesse a empenhar o nosso futuro como país.

Um livro como o "Portugal for Dummies" podia explicar, precisamente, por que é que as coligações são corriqueiras, por exemplo, na Alemanha e na Inglaterra, e em Portugal parecem impossíveis. A explicação passaria certamente por algo bem pouco nobre: os partidos têm como fundo de comércio os lugares, funções e dependências do Estado que obtêm quando chegam ao poder, para distribuir pelas suas bases. Sendo assim, o único objectivo de um partido português é... ganhar eleições. De preferência, sozinho.

Tudo isto funciona bem em duas circunstâncias: quando os tempos são de vacas gordas ou quando há maiorias. O pior problema é quando há minorias em tempos de vacas magras. Aí, os governos ficam maus. Ou de mãos atadas porque não conseguem fazer passar medidas, ou eleitoralistas - se bem que esta é uma tendência de todos os governos, mesmo os de maioria, porque quando as têm já sabem que as perdem com medidas difíceis, daí estarem sempre a pensar nas próximas eleições.

E, como o sistema português não obriga a maiorias, nem as forma automaticamente, o que acontece é que ... andamos sempre nisto. Com um olho no burro e outro no cigano, para explicar bem a situação a verdadeiros totós. Totós que somos nós todos: temos um sistema político que nos prejudica, a nós, que o inventámos e que através dele nos regulamos. E nada fazemos para o mudar.

Portugal precisa, portanto, de um "Portugal para totós". A falta desse livro deve explicar, em parte, o facto de as agências internacionais de rating continuarem a dar-nos na cabeça, mesmo depois de haver um acordo orçamental entre os dois maiores partidos portugueses, e de o Orçamento propor cortes e mais cortes e nenhum deles convencer quem nos avalia os nossos empréstimos. Outra hipótese é terem-no percebido bem de mais: que os dois partidos, PS e PSD, são, afinal, duas faces da mesma moeda. E que muito pouco vai mudar enquanto continuarmos neste jogo de roda bota fora."

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A taxa municipal de ocupação do subsolo

O jornalista João Miguel Tavares publica hoje hoje no "Correio da Manhã" um pequeno artigo de opinião que mostra bem como estamos todos à mercê da corja de incompetentes que governa o país.

Não é altura do povo se erguer e gritar BASTA?

"A taxa municipal de ocupação do subsolo"

"Já que Portugal inteiro está preocupado com os milhões do défice e com os 7% de juro da dívida pública, permitam-me que vos preocupe apenas com os 38 cêntimos que apareceram na minha factura do gás deste mês. Na minha e, muito provavelmente, também na sua, caro leitor.

Esse valor vem indexado a uma nova taxa que um anónimo génio dos impostos baptizou como "taxa municipal de ocupação do subsolo". E que consiste nisto: eu e você e quem mais os municípios conseguirem apanhar passámos agora a ser taxados pelo facto de a empresa que nos fornece o gás ter – imagine-se – canos instalados debaixo do chão.

É uma taxa maravilhosa, gémea de uma outra que alguns clientes de redes de telecomunicações já pagam, chamada taxa municipal de direitos de passagem. Antes do boom do cabo, quando a PT estava sozinha no mercado, ela encontrava-se isenta dessas taxas. Só que a Comissão Europeia entendeu (e bem) que isso causava uma situação de concorrência desleal. Para dirimir o conflito, o governo optou pela solução do costume: para quê aborrecer a PT, as câmaras ou os novos operadores se se pode simplesmente entalar o anónimo contribuinte?

E cá estamos nós entalados, a pagar por um serviço e pelos tubos indispensáveis à sua prestação. Da Provedoria da Justiça à Deco, já toda a gente veio dizer que a taxa é ilegal, sublinhando o óbvio: são as empresas que têm de pagar às câmaras pelos canos que enfiam no chão. Mas o governo tapou os ouvidos – e alargou a ideia ao gás. E porquê parar aí? Quando formos à padaria, passamos a pagar o pão e o IMI do padeiro. Quando andarmos de autocarro, passamos a pagar o bilhete, as rodas e a estrada. Eis o nosso futuro: pagar do próprio bolso as injustiças criadas por quem nos governa. Disse que não ia falar do défice? E no entanto, até agora, não falei eu de outra coisa."

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"A caminho do fundo" e "Presos em casa"

A caminho do fundo e Presos em casa

Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto do "Correio da Manhã", publica hoje um artigo de opinião muito critico em relação não só aos políticos portugueses mas também a todos os que nada fazem para melhorar a situação.

"A caminho do fundo"

"Os mercados estão cada vez mais eloquentes na ‘análise política’ da situação portuguesa. Negociando ontem num máximo histórico (a bater nos sete por cento, a tal fronteira que chama o FMI), a mensagem transmitida é muito clara: ninguém acredita no Orçamento para 2011 e que ele seja executado com rigor.

Traduzindo no plano político, esta catástrofe significa tão-só que os mercados financeiros internacionais, por mais maléficos que possam ser, são hoje determinantes na sustentabilidade dos próprios Estados, e no que respeita cá ao burgo ninguém acredita em nós. Recordando o recente optimismo caricatural de quem estava satisfeito por ver Portugal no Conselho de Segurança e a selecção nacional a sair da enrascada em que se metera, a verdade é que o prestígio internacional de que gozamos é igual a zero. Os nossos políticos não valem um chavo nem dentro nem fora do País.

Todos nós enquanto sociedade não valemos um chavo porque não exigimos mais a quem nos governa e não exercemos uma cidadania activa. Agora que a bancarrota é uma vertigem cada vez mais próxima, que a terapia agressiva do FMI bate à porta, talvez fosse a hora de limpar o balneário do sistema político impondo regras draconianas às contas dos partidos. Há que começar por algum dos muitos cancros que minam o corpo da democracia."

Mais à frente no mesmo "Correio da Manhã" é a vez do jornalista António Ribeiro Ferreira ironizar sobre a responsabilização criminal da corja politica.

"Presos em casa"

"O economista relativo cada vez mais liberal que manda no PSD teve uma ideia extraordinária, digna de um génio. Responsabilizar civil e criminalmente todos os responsáveis políticos que não cumpram os orçamentos.

Presidentes de Juntas de Freguesia, de Câmaras Municipais, gestores públicos de empresas locais ou nacionais, directores-gerais, secretários de Estado, ministros, deputados e até o Presidente da República ficariam sob a alçada da Justiça. Muito bem. Só um pequeno pormenor. O Estado não tem dinheiro para construir mais cadeias e contratar funcionários prisionais para tomar conta de tanta gente. E muito menos tem verba para gastar em luz, água, gás e alimentação. O melhor é obrigar os energúmenos a pagar a pulseirinha electrónica. Para ficarem presos em casa."

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A hora das grandes opções

Mais uma excelente análise de Baptista Bastos hoje publicada no "Jornal de Negócios".

"A hora das grandes opções"

"A abstenção do PSD na votação do Orçamento foi salvadora para quem e para quê?
Com rigor não consigo descortinar. O documento é muito mau, diz quem o leu e entendeu. Se assim é, e tudo indica que é pior do que se conhece, o PSD permitiu a sua aprovação para salvar a pátria da bancarrota. Não é nada disso. O Orçamento passou porque interessa aos que exigiram a despersonalização do poder, que passasse. As forças que estão por detrás de todo este imbróglio, são as mesmas que provocaram e determinaram a crise financeira. Jerome Kasnher perguntava: "A crise financeira prejudicou quem?" Kasnher, professor de economia e antigo conselheiro de Kennedy, esclarecia que o capital não está interessado na emancipação das nações e dos povos, e que o enfraquecimento da esperança e da credibilidade favorecia os que, na sombra e no silêncio da intriga, contrariavam a legalidade racional da própria economia.

Se o PSD, apesar dos inimigos internos de Passos Coelho, perdeu a face, o PS perdeu toda e qualquer dignidade. Perguntamo-nos, com enfastiada apreensão, se o Partido Socialista merece sobreviver como tal e enquanto tal. Guterres havia transportado consigo a água benta das suas íntimas convicções. Nada tinha a ver com socialismo. José Sócrates procedia da Juventude Social-Democrata. Ficou sempre com o sotaque. Os anos de confronto com as forças mais vivas e produtivas do País marcaram a sua condição de "homem sem qualidades." Reinjectou, no quotidiano, as teses mais violentas da Direita, tripudiou sobre o próprio conceito de socialismo e calou aqueles, poucos, recalcitrantes que, no partido, ainda murmuravam as suas objurgatórias. O PS não existe. E é bom que tomemos bem nota desta evidência.

Passos, por alta responsabilidade de Sócrates, via ascender ao poder. E não assim por muito tempo. Quanto a Sócrates, pessoalmente aguardo a notícia das funções que vai desempenhar, logo-assim que seja despedido. Pedro Passos Coelho, simpático e bem-educado, não é solução política para coisa nenhuma. Ao deixar seguir o Orçamento, somente abriu o processo de continuar a acção predadora, e desculpar-se aos contemporâneos: "A culpa foi do outro."

Vamos sobrevivendo neste absurdo universo de compromissos muito pouco morais. O dr. Cavaco, sempre ele!, enviou uma mensagem lacónica e triste, criticando a linguagem utilizada no Parlamento. O dr. Cavaco estava um pouco sobressaltado e, até, levemente ruborizado. Fui ver. Afinal, os termos de que os parlamentares se serviram era vivo mas não indecoroso; era categórico mas não obsceno. O tipo de expressões que se usa em todos os parlamentos do mundo. Que raio de homem é este que nos coube em lotaria!

Na sua habitual crónica no "Diário Económico", em que o sarcasmo habita com uma melancólica sabedoria, João Paulo Guerra, grande jornalista, escreveu: "O PS vai conseguir dar à Direita o que Sá Carneiro não conseguiu: uma maioria, um governo, um presidente." José Sócrates obteve esta façanha, que configura uma grave traição: colocou o PS a pão e laranjas (metafórica e literalmente), e pôs o País de pantanas. Não sei o que os socialistas (ainda há alguns no PS, poucos, mas há-os, amiúde disfarçados) pensam deste abandono político e desta descrença emocional. Já nada pode salvar o PS da desabada. O senhor que se segue não é para graças. E, com respeito a obstinação, entre Sócrates e Passos venha o diabo e escolha.

Estamos, pois, metidos numa camisa de onze varas. Propõem-nos, sem remissão, que não há escolha, e que as coisas, historicamente, são o que são. Não é assim. Não estamos condenados a aceitar este rotativismo doentio, esta alternância sem grandeza nem decência. O que se nos apresenta, com a fatalidade do inevitável, é a servidão, mascarada de democracia. Não vivemos em democracia plena. Vivemos numa mascarada de democracia ou, se desejarmos amenizar, numa democracia de superfície - como tenho escrito e repetido. Estaremos definitivamente condenados à submissão, e a julgarmo-nos senhores dos nossos destinos, apenas porque, periodicamente, votamos? Votamos em quem? Nesta gente poluída, indigna?, que pretende fazer de nós o que bem entender. Deixo-lhes a pergunta."

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Limpos de impostos

Mais um oportuno texto de Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto do "Correio da Manhã", hoje publicado nesse jornal

"896 milhões é quanto a PT vai distribuir aos seus accionistas a título de ‘dividendos extraordinários’, ainda este ano.

Em linguagem corrente, a PT vai entregar uma verdadeira taluda de Natal aos seus accionistas de onde se destacam, entre outros, Ricardo Salgado e o Grupo Espírito Santo com 71,6 milhões, Nuno Vasconcelos (Ongoing) com 60,6, o Grupo Visabeira com 22,6 e o empresário Joaquim Oliveira com 20,4. Esta é apenas a primeira fatia porque há-de haver uma segunda para o ano.

Investiram e viram compensado o risco. Ainda bem para eles! O que menos se compreende é que o recebam limpinho de impostos e que o Estado, apesar dos avisos do ministro das Finanças, receba uma verdadeira ninharia. E que o recebam sem espinhas porque beneficiam hoje de uma vantagem fiscal que não vai vigorar em 2011.

Ora, o mesmo Estado que a cada trabalhador por conta de outrem arrecada todos os meses mais de 40 por cento do ordenado limita-se a sussurrar um lamento para a praça pública. Tão célere a exercer os seus poderes de confisco fiscal em sede de Orçamento do Estado, tão medroso a executar quem tem verdadeiro poder, quer sobre a economia quer sobre a política. Se tivéssemos dúvida aqui está a prova: a crise e a mão pesada do Fisco são mesmo só para quem vive do seu próprio trabalho. Para os outros, é mesmo limpinho de impostos."

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Os tristes dias do nosso infortúnio

São poucos, e é verdadeiramente pena que não sejam muitos mais, os jornalistas que tentam manter viva a memória popular relembrando o que foi a actuação de cavaco Silva enquanto primeiro-ministro e no seu inútil primeiro mandato como presidente.

Baptista Bastos é um homem conhecido por ser de esquerda e o seu texto publicado no "Jornal de Negócios" e a seguir reproduzido é um bom exemplo da memória necessária ao povo português.

"Os tristes dias do nosso infortúnio"

Na terça-feira, 26 de Outubro, p.p., assistimos, estupefactos, a um espectáculo deprimente.

O dr. Cavaco consumiu vinte minutos, no Centro Cultural de Belém, a esclarecer os portugueses que não havia português como ele. Os portugueses, diminuídos com a presunção e esmagados pela soberba, escutaram a criatura de olhos arregalados. Elogio em boca própria é vitupério, mas o dr. Cavaco ignora essa verdade axiomática, como, aliás, ignora um número quase infindável de coisas.

O discurso, além de tolo, era um arrazoado de banalidades, redigido num idioma de eguariço. São conhecidas as amargas dificuldades que aquele senhor demonstra em expressar-se com exactidão. Mas, desta vez, o assunto atingiu as raias da nossa indignação. Segundo ele de si próprio diz, tem sido um estadista exemplar, repleto de êxitos políticos e de realizações ímpares. E acrescentou que, moralmente, é inatacável.

O passado dele não o recomenda. Infelizmente. Foi um dos piores primeiros-ministros, depois do 25 de Abril. Recebeu, de Bruxelas, oceanos de dinheiro e esbanjou-os nas futilidades de regime que, habitualmente, são para "encher o olho" e cuja utilidade é duvidosa. Preferiu o betão ao desenvolvimento harmonioso do nosso estrato educacional; desprezou a memória colectiva como projecto ideológico, nisso associando-se ao ideário da senhora Tatcher e do senhor Regan; incentivou, desbragadamente, o culto da juventude pela juventude, característica das doutrinas fascistas; crispou a sociedade portuguesa com uma cultura de espeque e atrabiliária e, não o esqueçamos nunca, recusou a pensão de sangue à viúva de Salgueiro Maia, um dos mais abnegados heróis de Abril, atribuindo outras a agentes da PIDE, "por serviços relevantes à pátria." A lista de anomalias é medonha.

Como Presidente é um homem indeciso, cheio de fragilidades e de ressentimentos, com a ausência de grandeza exigida pela função. O caso, sinistro, das "escutas a Belém" é um dos episódios mais vis da história da II República. Sobre o caso escrevi, no Negócios, o que tinha de escrever. Mas não esqueço o manobrismo nem a desvergonha, minimizados por uma Imprensa minada por simpatizantes de jornalismos e por estipendiados inquietantes. Em qualquer país do mundo, seriamente democrático, o dr. Cavaco teria sido corrido a sete pés.

O lastro de opróbrio, de fiasco e de humilhação que tem deixado atrás de si, chega para acreditar que as forças que o sustentam, a manipulação a que os cidadãos têm sido sujeitos, é da ordem da mancha histórica. E os panegíricos que lhe tecem são ultrajantes para aqueles que o antecederam em Belém e ferem a nossa elementar decência.

É este homem de poucas qualidades que, no Centro Cultural de Belém, teve o descoco de se apresentar como símbolo de virtudes e sinónimo de impolutabilidade. É este homem, que as circunstâncias determinadas pelas torções da História alisaram um caminho sem pedras e empurraram para um destino que não merece - é este homem sem jeito de estar com as mãos, de sorriso hediondo e de embaraços múltiplos, que quer, pela segunda vez, ser Presidente da nossa República. Triste República, nas mãos de gente que a não ama, que a não desenvolve, que a não resguarda e a não protege!

Estamos a assistir ao fim de muitas esperanças, de muitos sonhos acalentados, e à traição imposta a gerações de homens e de mulheres. É gente deste jaez e estilo que corrói os alicerces intelectuais, políticos e morais de uma democracia que, cada vez mais, existe, apenas, na superfície. O estado a que chegámos é, substancialmente, da responsabilidade deste cavalheiro e de outros como ele.

Como é possível que, estando o País de pantanas, o homem que se apresenta como candidato ao mais alto emprego do Estado, não tenha, nem agora nem antes, actuado com o poder de que dispõe? Como é possível? Há outros problemas que se põem: foi o dr. Cavaco que escreveu o discurso? Se foi, a sua conhecida mediocridade pode ser atenuante. Se não foi, há alguém, em Belém, que o quer tramar.

Um amigo meu, fundador de PSD, antigo companheiro de Sá Carneiro e leitor omnívoro de literatura de todos os géneros e projecções, que me dizia: "Como é que você quer que isto se endireite se o dr. Cavaco e a maioria dos políticos no activo diz 'competividade' em vez de 'competitividade' e julga que o Padre António Vieira é um pároco de qualquer igreja?"

Pessoalmente, não quero nada. Mas desejava, ardentemente desejava, ter um Presidente da República que, pelo menos, soubesse quantos cantos tem "Os Lusíadas."

Votação do orçamento

Hoje é o dia em que o malfadado orçamento de estado para 2011 vai ser votado no parlamento, sabendo-se de antemão que será aprovado fruto do entendimento entre o PS e o PSD.

Curiosamente é também o dia em que vários jornalistas e comentadores "atacam" os partidos por mentirem ao país, serem responsáveis pela crise e, ao aumentar os impostos e roubar dinheiro aos cidadãos, não a estarem a combater da melhor forma.

São três artigos de opinião que, pela sua actualidade, são reproduzidos a seguir.


Correio da Manhã, Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto

"Credibilidade precisa-se

O capitalismo financeiro é implacável e não olha a meios para atingir a única coisa que lhe interessa: lucro. Isto é óbvio, e qualquer decisor político ou económico tem de ter sempre presente esta realidade incontornável. Os países como Portugal já fazem orçamentos para "acalmar os mercados" e incorporam as medidas mais duras "por exigência dos mercados".

Ora, os ‘mercados’, realidade muito abstracta para o cidadão médio e correspondendo a interesses difusos também muito opacos, só comandam a nossa vida colectiva porque nos entregámos à sua saciedade. Ontem, primeiro dia de ‘mercados abertos’ após o acordo entre Governo e PSD para a viabilização do Orçamento, os juros da dívida portuguesa voltaram a ultrapassar os 6 por cento, valor habitual dos dias de turbulência.

Isto tem apenas um significado: não nos vendam orçamentos para "acalmar os mercados", porque não são esses orçamentos que resolvem os problemas internos da nossa economia. O problema é que a governação totalmente irresponsável de PS e PSD nas duas últimas décadas nos colocou nesta posição. Não foram os ‘mercados’ nem Bruxelas. Foram o PS e o PSD que nos entregaram nas mãos da voracidade especulativa. São eles o centro do problema português. E são eles que têm de recuperar a credibilidade necessária para tirar o País do buraco em que se encontra. Será ainda possível?"


Jornal de Noticias, Manuel António Pina

"Afinal não acalmaram

Afinal de contas, a pílula benzodiazepínica para "acalmar os mercados" que seria um Orçamento PS & PSD brutalmente recessivo não teve qualquer efeito no paciente (ou impaciente).

De facto, na sessão de sexta-feira, antes de Catroga e Teixeira dos Santos terem, às 23,19 horas, passado a receita, os "mercados" estavam a pedir um juro de 5,952% para comprar dívida portuguesa a 10 anos; ontem, em vez de "acalmarem" com a divulgação da fotografia do telemóvel de Catroga, parecem ter ficado ainda mais nervosos, passando a exigir 6,092%. E o mesmo sucedeu com a dívida pública a 5 e a 2 anos, cujos juros, mal foi conhecido o acordo PS & PSD, subiram de, respectivamente, 4,638 para 4,806% e 3,252 para 3,329%.

Os "mercados" sabem, pelos vistos, mais do que julgam Sócrates & Passos Coelho; e sabem que aquilo que um e outro dizem ou assinam não se escreve. Assim, suspeitarão justificadamente que o acordo não é para cumprir e que o que aconteceu com o PEC II e o OE para 2010 (cuja execução "derrapou" de 1,6 a 1,7 mil milhões) volte, como sempre acontece em Portugal, a acontecer.

Teixeira dos Santos já vai responsabilizando o PSD por tal inevitabilidade, acusando-o de, com as suas exigências, ter aberto no OE um buraco de 500 milhões. Passos Coelho, por sua vez, vai anunciando, de olho em Sócrates, que "o pior ainda está para vir". Em Portugal, a culpa também nunca é do próprio mas do sócio."


Diário de Noticias, Pedro Tadeu

"Como fazer os ricos pagar a crise

A pantominice a que assistimos a semana passada entre o PS e o PSD acerca da aprovação do Orçamento do Estado resume-se numa discussão agiota sobre a melhor maneira de sacar dinheiro aos pobres, condenados sem apelo a pagar a crise dos ricos.

Nem José Sócrates nem Pedro Passos Coelho discutem o fundamento da questão, presos, por um lado, à sua convicção ideológica de que falar em economia de mercado é o mesmo que falar em especulação financeira e, por outro lado, amarrados à dependência do eixo Paris-Berlim que o provincianismo crónico e a pedinchice acumulada de subsídios à União Europeia atou em torno dos líderes portugueses. Estão, portanto, juntos num programa de solução da crise que passa por aumentos de impostos sobre a classe média, aumento de desemprego, redução de salários na função pública, redução perigosa da actividade do Estado e paragem das obras públicas. Variam as quantidades dos ingredientes da receita, mas o prato que servem é o mesmo.

E, para nos convencerem, ameaçam-nos com a vinda do FMI, o que, sinceramente, ainda era o mal menor, pois, se o que vai passar-se é um assalto ao bolso do contribuinte, ao menos que o controlo do dinheiro não passe pelas sanguessugas dos grandes partidos que andam a roubar o Estado.

Há outra solução? Há. Via-a pintada nas paredes de Lisboa em 1975. Os ricos que paguem a crise! Como? Nacionalize-se! Nacionalizem-se os bancos que nos meteram neste sarilho. Nacionalizem- -se as brisas que exploram as scut desta vida. Nacionalizem-se as estranhas empresas com gestão em parceria pública e privada. Nacionalizem-se os quase monopólios como a Galp, a Refer, a CP, a EDP e eu sei lá que mais. Nacionalize-se tudo o que se diz que é empresa privada mas que, na verdade, vive à conta dos subsídios do Estado.

Aposto, ao tomar posse de todo esse património, que iríamos ter de um dia para o outro um Estado a nadar em dinheiro e até fariam fila os financiadores cheios de vontade de nos emprestar mais dinheiro. Impediam-se os despedimentos em massa, as reduções de salários e os aumentos de impostos.

Depois, em dois ou três anos, era atirar ao rio as clientelas partidárias que navegam por essas empresas, fazer a selecção do que deve continuar a ser público e reprivatizar o que fosse sensato. Crise resolvida.

Ainda nem acabei de escrever e já imagino o ruído: "Socialismo! Comunismo! Pecado! Pecado! Loucura! Loucura! Estupidez! Estupidez." Pois, talvez seja isso tudo... E o que se passou nos últimos tempos, foi um pecado menor que este? Foi uma loucura menor que esta? Foi uma estupidez menor que esta?... "

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Orçamento 2011

Tal como aqui foi previsto a 31 de Agosto, o PSD de Passos Coelho vai viabilizar o péssimo orçamento de estado apresentado pelo governo PS de Sócrates para o ano de 2011.

Muito tem sido escrito e falado na comunicação social a propósito do orçamento e já toda a gente sabe que é péssimo, que vai aprofundar a recessão económica, que vai lançar uma enorme carga fiscal e impor graves medidas de austeridade à maior parte das famílias, sendo que as de menores rendimentos são as que vão ser mais afectadas.

O PSD congratula-se por ter conseguido, na sua opinião, ter minimizado alguns dos efeitos mais nocivos das medidas apresentadas pelo governo mas, na sua essência, o ataque ao bolso dos cidadãos continua sem alterações.

Da redução de vencimento dos funcionários públicos ao corte dos apoios sociais tudo serve para, segundo dizem, "cortar na despesa".

Na sua primeira versão, o orçamento pouco falava do corte da despesa inútil do estado, a despesa que é provocada pelas clientelas partidárias, pelos "encostados" aos tachos dos institutos e empresas publicas, pelas adjudicações directas de milhões e milhões de euros aos gabinetes de advogados e consultores "amigos" do regime, etc, etc, etc.

Para a versão final do acordo, conseguiu o PSD fazer aprovar um corte extra de 500 milhões na despesa para substituir alguma da receita fiscal antes prevista e logo o ministro Teixeira dos Santos se mostrou preocupado afirmando não saber onde ia fazer esses cortes. João Duque, conhecido economista nacional, dizia hoje nas televisões que esse corte é idêntico a cortar cinco euros na despesa de umas férias semanais de 750 euros.

A verdade é que depois das cenas caricatas da ruptura da negociações, dos puxões de orelhas da "stora" Angela (Merkel) ao menino Zézinho (Sócrates) em Bruxelas, do Concelho de Estado que, pelo voz do recandidato a Presidente cavaco Silva, recomendou (tardiamente) um entendimento e da fotografia final no telemóvel de Catroga, os dois partidos do bloco central se colocaram de acordo para viabilizar o orçamento.

Alguém duvidava disso?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A mentira, a verdade e o erro

Rui Rangel é um juiz muito conhecido por participar como comentador em vários programas televisivos.
Em artigo de opinião hoje publicado no "Correio da Manhã" Rui Rangel ironiza sobre a responsabilidade de Sócrates no estado calamitoso em que se encontram as contas publicas.

"A mentira, a verdade e o erro"

"Hoje trago-vos a estória da mentira, da verdade e do erro, que conviveram alegremente, à boa maneira lusitana, dando exemplo daquilo que não pode ser feito numa democracia que se quer civilizada e respeitada. Nem o peso da nossa história, enquanto povo que já foi grande, inibiu este espectáculo deprimente. Então vamos ao que interessa, à estória da mentira, da verdade e do erro.

A crise financeira, de bancarrota, em que se encontra o Estado Português, ao ponto de já não ter crédito junto dos mercados financeiros internacionais, não tem responsáveis. Ninguém falhou, ninguém se chega à frente para assumir culpas. Mas porque havia o governo de se imolar na fogueira quando está inocente. É "mentira" que foi o Governo Sócrates que errou, que governou à deriva e que nos fez embater neste enorme iceberg, que nos deixa de mãos estendidas. Ao ouvir Teixeira dos Santos, com uma prosa arrogante e altiva, fica a ideia de que quem errou, quem foi incompetente, quem o obrigou a tomar estas medidas de austeridade e a fazer este péssimo orçamento de controlo do défice foram os portugueses e já agora alguma oposição. Tem razão senhor ministro.

A "verdade" é que foi este povo desobediente, pouco trabalhador e com falta de consciência cívica que obrigou o governo a gastar demais, a fazer despesas típicas dos Estados ricos, e a fazer as parcerias públicas-privadas com as derrapagens financeiras que todos conhecem.

O povo português devia pedir desculpas ao Governo Sócrates por existir, por respirar e por comer, de vez em quando, melhor. E devia assumir o erro porque não foi capaz de deixar o governo em paz a governar, que só incomodou e exigiu. Que, com a informação que dispunha sobre as contas públicas e sobre as despesas faraónicas do Estado, devia ter indicado o caminho certo da governação, não o caminho da rua mas o da disciplina orçamental tão apregoada agora. O nosso povo é ingrato, talvez este mal já venha do berço da nacionalidade, ao não compreender as horas não dormidas do nosso ministro e o esforço que foi feito para produzir este Orçamento de salvação nacional. Como é que se pode dizer que Sócrates "mentiu" sobre o estado das finanças públicas, quando sempre falou "verdade" e quando o seu Ministro das Finanças disse há um ano que estas respiravam de boa saúde. Como é que se pode exigir que peça desculpas quando não errou. Foi obviamente a crise financeira mundial que quando muito o obrigou a errar. Mas mesmo assim tenho dúvidas do erro. A hermenêutica sobre a mentira e o erro é confusa e baralha até os espíritos mais atentos. Será que eu já estou baralhado sobre a mentira, a verdade e o erro!? Como disse Joseph Goebbels, no Terceiro Reich é mais fácil as pessoas acreditarem numa Grande Mentira dita muitas vezes, do que numa pequena verdade dita apenas uma vez."

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os cinco cavacos

Daniel Oliveira é jornalista do "Expresso" conhecido por ser muito próximo do Bloco de Esquerda.
No artigo hoje publicado e aqui a seguir transcrito traça um retrato interessante do passarão que nos calhou em sina para Presidente da Republica, Cavaco Silva.
Pena é que a memória dos povos seja tão fraca.

"Os cinco cavacos"

"Cavaco Silva apresenta hoje a sua recandidatura. Foi ministro quando eu tinha 11 anos. Pode sair da Presidência quando eu tiver 46. Ele é o maior símbolo de tantos anos perdido. E aqui se fala das suas cinco encarnações.

Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.

O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de desenvolvimento deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de económico que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.

O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.

O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.

O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.

Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber. Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.

E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.

Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos."

sábado, 23 de outubro de 2010

O senhor de fato cinzento

Contava o inesquecível Raul Solnado numa das suas inesquecíveis rábulas que em sua casa andava um senhor de fato castanho que ninguém sabia quem era nem o que fazia.

Portugal está como o Solnado. com um senhor de fato cinzento que, embora todos saibam quem é, ninguém sabe o que faz.

Esse "senhor" é Cavaco Silva, presidente da republica há cinco anos e que se prepara para ver o mandato renovado por mais outros cinco.

Numa entrevista hoje publicada no "Expresso", Cavaco Silva diz, entre outras tretas, sentir-se cada vez mais perto dos portugueses e presenteia-nos com algumas tiradas "memoráveis".

Diz o "senhor" ser uma das pessoas que melhor sabe o que se passa sobre a situação em que o país se encontra mas, logo a seguir, admite não saber que estava tão mal e sentir-se triste por ter chegado a este ponto.
Não foi este "senhor" que começou a aumentar o peso do estado promovendo a criação de institutos públicos para colocar os seus militantes do psd?
Não foi este "senhor" que desbaratou incontáveis milhões e milhões de euros de fundos estruturais recebidos da Europa e que ninguém sabe onde foram parar?
Não foi este "senhor" que, quando era primeiro ministro e "bom aluno" da Europa, destruiu a industria e a agricultura nacionais a troco de mais uns quantos subsídios que entraram nos bolsos dos seus correlegionários do psd?

Diz o "senhor" que Portugal tem de se virar para o mar porque aí reside o futuro da economia.
Mas não foi este "senhor" que, quando era primeiro ministro e "bom aluno" da Europa, destruiu as frotas nacionais, da mercante à pesqueira?

Diz o "senhor" que não lhe passa pela cabeça demitir Sócrates e o seu governo porque defende a estabilidade.
O facto do primeiro ministro ter conduzido o país à quase ruina é, na opinião do "senhor", totalmente acessória pelo que dá o aval à manutenção do governo e à estabilidade do caminho para o abismo.

Diz o "senhor" que passa muitas horas a ler jornais e revistas.
Perfeitamente compreensível já que o "senhor" precisa de ocupar o muito tempo que tem livre por não fazer nada.

Fosse o povo português menos fatalista e resignado e este "senhor" estaria atrás das grades acompanhado por Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e, claro, José Sócrates.

Infelizmente, para Portugal, o "senhor" vai ter mais cinco anos sem fazer nada.

Corte cego no abono

Armando Esteves Pereira é Director-Adjunto do Correio da Manhã onde hoje assina um interessante artigo de opinião sobre a insensibilidade social de Sócrates, o tal que aparece diariamente nas noticias a defender o "Estado Social".

"Corte cego no abono"

"O primeiro-ministro, que se proclama defensor do Estado Social, é o mesmo que vai cortar o abono de família a 383 mil crianças e reduzir a prestação extra a quase um milhão.

E, no decreto publicado ontem em Diário da República, o Governo ainda tem a ousadia de dizer que esta medida tem o objectivo de reduzir a despesa pública "mantendo um adequado nível de protecção social". Se tirar o abono a um casal com um filho em que cada um dos pais tenha um rendimento bruto de 630 euros é manter o nível de protecção social, está tudo dito. Estas pessoas que levam para casa pouco mais de 500 euros/mês, porque ao salário bruto tem de ser descontada a taxa de 11% para a Segurança Social, arriscam-se também no próximo ano a sofrer um agravamento do IRS.

O abono de família é uma almofada importante no orçamento dos agregados que vão perder a prestação. Por exemplo, uma família com três filhos em que a soma dos salários dos pais seja superior a 2516 euros (1258 brutos cada) perde a partir de Novembro 67,77 euros/mês. Pode parecer que não é muito dinheiro, mas faz muita diferença. Estes cortes cegos no apoio às crianças acontecem num País cada vez mais envelhecido, onde faltam por ano 40 mil bebés para manter a normal substituição de gerações. Mas há uma razão para este défice demográfico: como mostram as estatísticas, ter filhos aumenta o risco de pobreza. Os novos cortes agravam esse risco. "

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Os culpados escapam sempre

Mais um excelente texto de Baptista Bastos hoje publicado no Diário de Noticias.

"Os culpados escapam sempre"

" O Orçamento, aquilo que dele conhecemos, impõe-nos a obediência total a uma tremenda iniquidade. Falemos de servidão, afinal o que as circunstâncias favorecem: não podemos desobedecer porque o imposto de submissão, engendrado pelo Governo PS, abate-se sobre nós, e responsabiliza-nos sob a fórmula de "o interesse nacional". Expressão cuja lógica é a de comprometer toda a gente menos aqueles que, rigorosamente, são os culpados. O clamor de protestos que se escuta por aqui e por ali conduz-nos ao carácter relacional do poder. E induz-nos a reflectir sobre a sua natureza. No caso português, sobre a monstruosidade das suas aberrações.

A crise do sistema prolonga a argumentação deste Governo que não soube prever as condições históricas, nas quais o capitalismo se movia, e oculta as suas derivas e as suas incompetências com uma retórica "balsâmica". Ouve-se o primeiro-ministro e não se consegue descortinar onde está o "normal" e o "patológico". Mas também não distinguimos os objectivos de Passos Coelho, com o carácter das suas ofensivas sociais e a qualidade da democracia que diz defender. Que raio de democracia é esta, a de Passos, e aquela sob cujo paradigma temos vivido?

A encruzilhada na qual o País convenciona a sua perplexidade é bem pior do que a questão económico-financeira. É a ausência de alternativa. O Governo estrebucha. O PSD não serve. O rotativismo resultou neste imbróglio onde inexiste a racionalidade política, e as excrescências do improviso e as técnicas impositivas (para não dizer: repressivas) se sobrepõem aos próprios conceitos de democracia. Quando vinte por cento da população vivem abaixo do limiar da pobreza, e cerca de 600 mil portugueses estão desempregados; quando a nossa mocidade vai embora e licenciados ganham a vida nas caixas registadoras de supermercados, está estabelecida uma desapropriação social horrorosa. Goste-se ou não, foi-nos imposta uma forma de sociedade totalitária, sob a capa de "democracia de superfície". Nem o PS nem o PSD contrariaram a perda de valores e de padrões, comum à hierarquização do dinheiro que a nova ordem económica incutiu e estimulou.

As nossas sociedades actuais ainda dispõem das virtualidades, intrínsecas à ética republicana e à moral democrática? Em Portugal, muitos que beneficiaram da ruptura do 25 de Abril não são aqueles que pela liberdade se bateram e inúmeros perigos correram. Não há um destes, um sequer, que tenha três e quatro reformas; ou que receba, mensalmente, 3500 escudos (moeda antiga) de pensão vitalícia e actualizada, por seis meses de funções numa poderosa instituição bancária pública.

Vê-se a dificuldade da questão. Mas alguma coisa tem de ser feita. Os bárbaros estão às portas de Bizâncio."

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CHEGA!

Há que acabar com estas situações.

No seu blog "desmitos" (http://desmitos.blogspot.com/), o economista Álvaro Santos Pereira denuncia a entrega de metade das receitas previstas com o aumento do IVA a uma das empresas do universo Mota-Engil do socialista Jorge Coelho.

O assunto é tão importante como escandaloso, pelo que o reproduzimos aqui.

"SUBIR O IVA OU AJUDAR A ASCENDI?"

"Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos?

Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores. Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011)

Quem é a ASCENDI? É uma das empresas que tem ajudado o governo na sua cruzada de "modernização" do país através da construção de mais de 850 quilómetros de auto-estradas em diversos pontos do país. E quem são os principais accionistas da ASCENDI? Depende da concessão em causa, mas são maioritariamente a Mota-Engil (entre 35% e 45% do total), a ES Concessões (detida pela Mota-Engil) e a OPway, entre outros.

Na sua mensagem de missão sobre a parceria da empresa com o nosso Estado, a ASCENDI revela bem o que lhe vai na alma: "Vemos o Estado Português como uma entidade que se confunde com o país, com o bem-estar e com o bem comum."

Pois é. E é esta "entidade que se confunde com o país" que prefere subir o IVA, taxar os contribuintes e cortar nas despesas da Educação e das prestações para reforçar a estabilidade financeira de uma empresa privada.

No entanto, se o Estado não tivesse interessado no "equilíbrio financeiro" da ASCENDI ou se, pelo menos, tivesse tentado renegociar contratos e prazos com esta empresa, talvez tivesse sido possível evitar parte do corte salarial dos funcionários públicos ou, pelo menos, evitar a subida do IVA em um ponto percentual.
Mas não. Afinal, por que é que haveríamos de nos preocupar com a descida do rendimento disponível dos portugueses ou com os efeitos recessivos que a subida do IVA provocará se o que está em causa é o "reforço da estabilidade financeira" da ASCENDI?"

Quanto mais tempo vai o povo aturar estes vigaristas à frente do governo do País?

No programa "Opinião Publica" desta manhã da SIC Noticias, um espectador disse que os militares deviam prender Sócrates e os seus capangas e julgá-los em tribunal marcial.

Parece que já faltou mais!

domingo, 17 de outubro de 2010

Responsabiliza-los

Pouco a pouco, jornal a jornal, programa a programa, mais e mais gente começa a ter consciência de como os políticos partidários têm, ao longo de muitos anos, desperdiçado e roubado os recursos do País e começam agora a falar em responsabiliza-los por isso.

Sábado, 16 de Outubro de 2010, programa "Plano inclinado" na SIC Noticias.

O moderador é Mário Crespo acompanhado, como sempre, por Medina Carreira e com os convidados João Cantiga Esteves e Tiago Caiado Guerreiro, ambos conhecidos comentadores de temas económicos.

Uma das conclusões finais do programa foi que a "sanção" de perder eleições e ir embora descansar não é suficiente.

Quem esbanja dinheiros públicos devia ser responsabilizado quer criminal quer patrimonialmente.

A verdade é que isto devia ser retroactivo até ao tempo de Cavaco Silva como primeiro-ministro já que é um dos maiores responsáveis pelo atraso em que o País se encontra tendo desperdiçado milhões e milhões de euros dos fundos europeus.

Pouco a pouco as consciências vão despertando e a esperança de mudança é agora real.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Canalhas

José Sócrates e o seu Ministro das finanças, Teixeira dos Santos, vão apresentar hoje o orçamento de estado para 2011 e, pelo que é já conhecido das suas linhas mestras, o País e o povo vão sofrer duramente com as medidas drásticas anunciadas.

Redução nos vencimentos dos funcionários públicos, maior carga fiscal sobre trabalhadores e reformados e redução dos apoios sociais.

São estas as receitas do incompetente Teixeira dos Santos, e que o imbecil Sócrates valida, para reduzir o défice e acalmar os "mercados" que nos emprestam dinheiro.

Do alto das suas chorudas pensões, os "notáveis" da nação aprovam as medidas propostas sem qualquer tipo de preocupação pelas dificuldades que o povo vai enfrentar e pela recessão que se vai fazer sentido na economia nacional.

Ao mesmo tempo que se vê uma brutal aumento na carga fiscal, com impostos a subirem a níveis nunca antes vistos para as familias, dizem estes governantes que vão criar um imposto especial para os bancos, variável entre 0.01 e 0.05 por cento e que vai incidir sobre os depósitos, Curiosamente, o presidente da CGD já afirmou que iria fazer passar esse valor aos clientes onerando os serviços e taxas.

Vê-se também não existir nenhuma medida para reduzir o desperdício do aparelho, não eliminando institutos, fundações, empresas publicas e outros organismos que servem apenas para colocar militantes socialistas.

Este aspecto foi ontem confirmado por Henrique Neto, empresário e destacado militante PS, que na TVI 24, afirmou alto e bom som que, na ultima reunião desse partido, Sócrates disse não poder tocar nesses organismos porque é aí que coloca os socialistas que lhe permitem controlar o aparelho partidário.

Nessa mesma noite e no mesmo canal de tv, Marques Mendes, ex líder do PSD, denunciou os aumentos nas chefias de algumas empresas do Estado, que variam de 34 a 65 por cento. Administração do Porto de Lisboa, CP e Carris são algumas das empresas que, ao mesmo tempo que dão enormes prejuízos, recompensam os seus administradores com estes escandalosos aumentos.

O que fazem Sócrates e Teixeira dos Santos a este respeito? Nada.

Aliás, é também sintomático que poucos dias antes de 29 de Setembro, o dia negro em que Sócrates anunciou as medidas de austeridade, o mesmo Sócrates renovou, por despacho, a colaboração de quatro assessores do seu gabinete. A justificação é que se trata de "cargos de nomeação política".

A revista "Sábado" da passada semana traz um interessante artigo sobre o que ganham os boys do PS nas empresas publicas. Esse artigo está agora disponível online e pode ser lido em http://www.sabado.pt/Multimedia/FOTOS/Dinheiro/Vazio-%28NAO-GRAVAR%29-%281%29.aspx.

Luis Nazaré, Ascenso Simões, Luis Patrão são os nomes mais conhecidos da lista, a que se juntam outros mais obscuros cujos únicos méritos conhecidos são a militância socialista.

Há uma palavra, um adjectivo, que bate certeiro em Sócrates e na escumalha que o acompanha:

CANALHAS

A tudo assiste o povo com resignação. com sentimentos mistos de revolta e de impotência, por se pensar nada ser possível fazer para acabar com esta situação.

Curiosamente muita gente olha para os partidos políticos como para os clubes de futebol e há quem diga que sempre votou no PS mas, porque eles se estão agora a "portar" tão mal, deixaram de votar.

Esta é uma situação que urge combater.

Está na hora do povo dizer BASTA e lutar contra a "oligarquia" partidária.

Está na hora de correr com os canalhas que estão a destruir o País.