A caminho do fundo e Presos em casa
Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto do "Correio da Manhã", publica hoje um artigo de opinião muito critico em relação não só aos políticos portugueses mas também a todos os que nada fazem para melhorar a situação.
"A caminho do fundo"
"Os mercados estão cada vez mais eloquentes na ‘análise política’ da situação portuguesa. Negociando ontem num máximo histórico (a bater nos sete por cento, a tal fronteira que chama o FMI), a mensagem transmitida é muito clara: ninguém acredita no Orçamento para 2011 e que ele seja executado com rigor.
Traduzindo no plano político, esta catástrofe significa tão-só que os mercados financeiros internacionais, por mais maléficos que possam ser, são hoje determinantes na sustentabilidade dos próprios Estados, e no que respeita cá ao burgo ninguém acredita em nós. Recordando o recente optimismo caricatural de quem estava satisfeito por ver Portugal no Conselho de Segurança e a selecção nacional a sair da enrascada em que se metera, a verdade é que o prestígio internacional de que gozamos é igual a zero. Os nossos políticos não valem um chavo nem dentro nem fora do País.
Todos nós enquanto sociedade não valemos um chavo porque não exigimos mais a quem nos governa e não exercemos uma cidadania activa. Agora que a bancarrota é uma vertigem cada vez mais próxima, que a terapia agressiva do FMI bate à porta, talvez fosse a hora de limpar o balneário do sistema político impondo regras draconianas às contas dos partidos. Há que começar por algum dos muitos cancros que minam o corpo da democracia."
Mais à frente no mesmo "Correio da Manhã" é a vez do jornalista António Ribeiro Ferreira ironizar sobre a responsabilização criminal da corja politica.
"Presos em casa"
"O economista relativo cada vez mais liberal que manda no PSD teve uma ideia extraordinária, digna de um génio. Responsabilizar civil e criminalmente todos os responsáveis políticos que não cumpram os orçamentos.
Presidentes de Juntas de Freguesia, de Câmaras Municipais, gestores públicos de empresas locais ou nacionais, directores-gerais, secretários de Estado, ministros, deputados e até o Presidente da República ficariam sob a alçada da Justiça. Muito bem. Só um pequeno pormenor. O Estado não tem dinheiro para construir mais cadeias e contratar funcionários prisionais para tomar conta de tanta gente. E muito menos tem verba para gastar em luz, água, gás e alimentação. O melhor é obrigar os energúmenos a pagar a pulseirinha electrónica. Para ficarem presos em casa."
terça-feira, 9 de novembro de 2010
"A caminho do fundo" e "Presos em casa"
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