DERRUBAR O GOVERNO É OBRIGAÇÃO PATRIÓTICA

O inutil Cavaco Silva deu carta branca ao atrasado mental Passos Coelho para continuar a destruir Portugal e reduzir os portugueses a escravos da ganância dos donos do dinheiro.
Um governo cuja missão é roubar recursos e dinheiro às pessoas, às empresas, ao país em geral, para os entregar de mão beijada aos bancos e aos especuladores é um governo que não defende o interesse nacional e, por isso, tem de ser corrido o mais depressa possivel.
Se de Cavaco nada podemos esperar, resta a luta directa para o conseguirmos.
Na rua, nas empresas, nas redes sociais, há que fomentar a revolta, a rebelião, a desobediência, mostrar bem que o povo está contra Passos Coelho, Portas e os outros imbecis que o acompanham e tudo fazer para ajudar à sua queda.
REVOLTEM-SE!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Lei laboral low cost

Texto de Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto do "Correio da Manhã", hoje publicado nesse jornal.

"O ministro da Economia culpou ontem a "anacrónica " legislação pelo desemprego recorde. Um dado empírico desmente o académico Álvaro, porque Portugal na década de 90 conseguiu taxas próximas do pleno emprego com a velha lei laboral.

Provavelmente se a nova lei já estivesse em vigor, o desemprego ainda teria maiores proporções. Com despedimentos mais fáceis e mais baratos e uma lei que torna todos os contratos precários, cortar pessoal será cada vez mais a via preferencial para abater custos. E com tantos jovens, mesmo diplomados, dispostos a trabalhar por salários inferiores aos das empregadas domésticas, a nova lei é também a via verde para uma brutal redução de salários. Pobre Portugal low cost. "

Esta é, realmente, uma das maiores falácias do pensamento neo-liberal, dizer que ser mais fácil despedir trabalhadores facilita a criação de emprego. O problema é que esta fórmula nunca deu esse resultado em parte nenhuma do mundo, bem pelo contrário, sempre levou ao aumento do desemprego.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Um "negócio" surreal

Texto de Manuel António Pina hoje publicado no "Jornal de Noticias"

"A história trágico-financeira-política do BPN atravessa dois governos e é assustadoramente surreal (ou talvez antes neo-abjeccionista): "nacionalizado" por um Governo PS, isto é, nacionalizadas as suas dívidas, a maior parte resultante de trafulhices, e detido o seu guru-mor, Oliveira Costa, enquanto os demais responsáveis continuam a andar por aí de cabeça despudoradamente erguida e como se não fosse nada com eles, coube a um Governo PSD/CDS "privatizá-lo" de novo.

Os jornais publicaram há dias a notícia de um grupo norte- -americano que se disporia a dar 600 milhões pelo BPN. Parece que, apesar de repetidas tentativas, nunca conseguiu chegar à fala com o Governo. E o Governo, não tendo melhor oferta, acabou por vendê-lo a um banco, o BIC, de Isabel dos Santos, filha de Eduardo dos Santos, e de Américo Amorim, pela módica quantia de 40 milhões de euros.

Entraram, pois, 40 milhões nas contas do Estado? Não: saíram (mais) 600 milhões, pois o Governo PSD/CDS comprometeu-se, para que o BIC fizesse o favor de "comprar" o BPN por 40 milhões, a dar-lhe... 600 milhões. Parece que para o "viabilizar". E ainda a emprestar- -lhe outros 300 milhões a 0% de juros. E a ficar com o encargo de metade dos seus trabalhadores.

Não foi um negócio da China, foi um negócio de pôr os olhos em bico. E, como em negócios assim há sempre um otário, adivinhe o leitor a que bolsos irão parar os seus subsídios de férias e de Natal."

terça-feira, 27 de março de 2012

E o Oscar vai para...

Texto de Manuel António Pina hoje publicado no "Jornal de Noticias"

""Nestes nove meses, nós no Governo temos cumprido aquilo que prometemos", garantiu Passos Coelho aos correligionários e ao país durante o Congresso do PSD do passado fim-de-semana. Podia tê-lo dito pondo pudicamente a mão à frente da boca e rindo para dentro como Muttley, mas não: conseguiu dizê-lo com o ar mais sério deste mundo.

Foi aplaudidíssimo. E mais que justificadamente: todo a gente sabe que, como Passos Coelho prometeu, nestes nove meses os portugueses não ficaram sem o 13.oº mês; nem subiu o IVA; nem aumentaram os impostos sobre o rendimento, mas apenas os impostos sobre o consumo; nem "quando [foi] preciso apertar o cinto, não [ficaram] aqueles que têm a barriga maior a desapertá-lo e a folgá-lo"; nem foram "impostos sacrifícios aos que mais precisam" (a Comissão Europeia é que fez mal as contas ao concluir que, em Portugal, "nestes nove meses", as medidas de austeridade exigiram aos pobres o dobro (6%) do esforço financeiro pedido aos ricos (3%); além disso, amigos como Eduardo Catroga, seu braço-direito nas negociações com a "troika", Paulo Teixeira Pinto, autor da sua proposta de revisão constitucional, ou Ilídio Pinho, seu antigo patrão, colocados na EDP, para não falar dos colocados na CGD e em tudo o que é empresa pública, podem testemunhar que, como prometeu, Passos Coelho "não [deu] emprego aos amigos".

Só não se sabe se os aplausos foram para a interpretação se para o despudor. "

segunda-feira, 26 de março de 2012

O PAÍS DE FANTASIA DE PASSOS COELHO E O PAÍS REAL DOS PORTUGUESES

Um estudo do economista Eugénio Rosa que mostra bem as consequências da opção de Passos Coelho de vender Portugal ao desbarato aos capitais e grupos económicos estrangeiros.

"No discurso de encerramento do Congresso do PSD, realizado no fim de semana de 24-25 de Março, um dos pontos mais matraqueados por Passos Coelho, foi que o seu governo estava a conseguir equilibrar as contas externas do País, e que isso determinaria que Portugal já não se teria de endividar mais ao estrangeiro, tendo apenas de pagar a divida existente.

E isso, segundo o 1º ministro, era a condição indispensável para que o país pudesse iniciar uma fase de crescimento económico sustentado. No entanto, por ignorância ou com a intenção de enganar os portugueses, Passos Coelho “esqueceu-se” de explicar como está a ser conseguida a redução do défice da Balança Corrente, que inclui o de outras balanças com o exterior (importações e exportações, créditos e débitos), e quais as consequências futuras para o desenvolvimento do país da forma como essa redução conjuntural do défice externo está a ser realizada.

Por isso interessa analisar com objectividade esta questão e, para isso, vamos utilizar os últimos dados dados oficiais divulgados pelo Banco de Portugal e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O DÉFICE DA BALANÇA COMERCIAL ESTÁ A DIMINUIR, MAS O DÉFICE DA BALANÇA DE RENDIMENTOS ESTÁ A CRESCER

Devido à redução significativa do consumo interno e, principalmente, do investimento, o défice da Balança Comercial (Bens) tem diminuído mas, como consequência, quer do controlo crescente das grandes empresas portuguesas quer da riqueza produzida em Portugal pelos grandes grupos económicos estrangeiros, o défice da Balança de Rendimentos não tem diminuído, em percentagem do saldo da Balança Corrente, que inclui o saldo das diversas balanças das relações de Portugal com exterior, até tem aumentado ...

Entre 2008 e 2011, o saldo negativo da Balança Corrente, que inclui os saldos das outras balanças, diminuiu em -49,3%, sendo esta descida determinada em grande parte pela redução do saldo negativo da Balança Comercial que, no mesmo período, registou uma redução de -42,6%.

No entanto, o saldo negativo da Balança de Rendimentos com o exterior aumentou em +9,7%, o que significa que a diferença entre os rendimentos transferidos para o exterior (débito) e os recebido do exterior (credito) continuou a aumentar de uma forma desfavorável para o país.

Segundo o Banco de Portugal, só no período 2008-2011, foram transferidos para o exterior 74.942 milhões €, cerca de 43,6% do PIB, o que determina a descapitalização do país, e impede que esta elevada parcela da riqueza criada pelos portugueses não seja investida em Portugal, para modernizar e aumentar a competitividade das empresas e criar emprego.

E a tendência tem sido de agravamento, mas Passos Coelho, por ignorância ou intencionalmente para enganar a opinião pública, nada disse sobre esta matéria importante ..."

O estudo continua e pode ser lido na totalidade em "O País irreal de Passos Coelho"

Outros estudos de Eugénio Rosa podem ser lidos em www.eugeniorosa.com

sexta-feira, 23 de março de 2012

Que se espera de Portugal?

Texto de Baptista Bastos hoje publicado no "Jornal de Negócios".

"O confessado projecto político de Pedro Passos Coelho, destinado a empobrecer o País, está a resultar em toda a linha. O primeiro-ministro deve andar contentíssimo. A miséria e a fome estendem-nos os braços; milhares de estudantes do secundário e superior desistem ou não têm dinheiro para nada, sobretudo para comer; o desemprego é uma nódoa que alastra; os precários são cada vez mais; centenas e centenas de compatriotas emigram sem apoio, sem resguardo, apossados de desespero incontido que os leva à insanidade; advogados e arquitectos já procuram o auxílio da Caritas, por não terem de comer nem como pagar a renda de casa; a asfixia arrasta consigo não só a humilhação como todas as pragas sociais.

As doenças decorrentes da miséria, que julgávamos extirpadas, regressam e aumentam as nossas desventuras. Os velhos morrem de solidão, de frio, de abandono, e por não terem dinheiro para medicamentos indispensáveis à sua sobrevivência. Os impostos; as taxas moderadoras; os aumentos excessivos em tudo o que é fundamental e básico; a destruição do amor; o aumento dos divórcios; o acréscimo dos sem-abrigo; o desamparo aos desempregados, a lista que resulta desta declarada política não é só atroz como extremamente condenável.

E que faz o Executivo para minorar este infortúnio? Nada. Ou, corrigindo: ameaça-nos com novos impostos, mais desemprego, mais desgraça, mais penúria. A troika que, periodicamente, vem varejar se este Governo é servil e obediente, sai daqui muito feliz. Enquanto, jovialmente, Passos Coelho e os seus sorriem, jubilosos, porque não apanharam com palmatoadas.

Tudo isto toma os contornos de grande vergonha. Porém, a vergonha só atinge quem a tem, e não me parece que esta gente seja tocada por esse sentimento. Entretanto, numa espécie de ilusionismo de feira, Vítor Gaspar, de regresso de uma secreta viagem aos Estados Unidos, e depois de ter conversado não se sabe muito bem com quem, declarou, enfaticamente: "No dia 23 de Setembro de 2013, regressamos aos mercados." Porque não no dia 22 ou no dia 24? Comemora-se algum aniversário? Ninguém sabe, ninguém diz, para parafrasear um conhecido samba.

Por outro lado, a ameaça de seguirmos os passos da Grécia pesa sobre os nossos ombros. Uns dizem que sim; outros, que não. O português comum já está por tudo. A missão dos Governos é, entre outras, a de tentar melhorar as vidas das suas populações. Este, em pouco mais de oito meses, aniquilou o que restava de Estado Social, numa linha seguidista, aliás, das políticas de Direita que percorrem a Europa.

Pedro Passos Coelho, que prometera nunca referir as responsabilidades do Governo anterior, não cumpriu a promessa, como, aliás, fugiu a outras mais, e começou a criticar os socialistas de Sócrates. Um dos mais enviesados nos comentários é o ministro Álvaro Santos Pereira, cuja natureza belicosa, quando se dirige à Esquerda, revela uma alucinante carência de sentido político e uma ausência total de boas regras.

O ataque ao PS de Sócrates, embora merecido, não reduz a culpabilidade deste Executivo quanto ao que nos inflige. Há dias, o prof. Adriano Moreira, na SIC-Notícias, não deixou de aludir à falta de experiência dos membros deste Governo. O zelo ensimesmado com que executam o que lhes é dito para executar aproxima-se da insensibilidade. A verdade cruel é que milhões de portugueses estão a sofrer devido a um grupo de pessoas, certamente gente qualificada mas não para as funções que exerce. Ninguém sabe onde isto vai parar. Sabe-se é que, por ausência de prática ou por carência de traquejo de vida, os dirigentes políticos estão a conduzir a pátria para as zonas do terceiro mundo. Irremissivelmente? Está nas nossas mãos e nos nossos desígnios como povo."

Nada, Gaspar, nada!

Texto de Manuela Moura Guedes hoje publicado no "Correio da Manhã".

"Em vez de reconhecer que a política de Gaspar falhou, o Governo entrou no mundo maravilhoso do irreal.

Na sua tournée pelos EUA, Vítor Gaspar não incluiu no reportório os números da execução orçamental. É certo que um verdadeiro artista põe de lado os falhanços e só mostra os êxitos, mas, então, que anda a exibir o ministro das Finanças, se só há para ver o fiasco da sua política ?O défice do Estado triplicou, a despesa cresceu 3,5%, as receitas fiscais diminuíram 5,3%... E se Passos Coelho justificou o aumento da despesa com os 348 milhões para a RTP omitiu, no entanto, a receita extraordinária de 270 milhões com o leilão de licenças para a 4ª geração.

Percebe-se, as coisas estão a correr mal, a recessão vai muito para além do que previa o Governo e isso é da responsabilidade do ministro das Finanças. É dele a austeridade para além das exigências da troika, o que restringiu a actividade económica e o consumo e não deixou qualquer margem para a Economia se desenvolver. É espantoso como, por exemplo, as receitas da venda de carros caíram 44,6% e Gaspar previu que aumentem 7,5%. Só um milagre mesmo é que fará com que se chegue a este número até ao final do ano, como a todos os outros valores previstos no OE. O milagre chama-se Economia, mas Gaspar paralisou-a, foi ele e não Santos Pereira. Os raides em aumentos e em cortes para obter receitas não tiveram contrapartida na despesa pública, tudo está igual nas grandes despesas do Estado, o que só podia dar para o torto.

Mas, em vez de reconhecer que a política de Gaspar falhou, o Governo entrou no mundo maravilhoso do irreal, a negar o óbvio, tal como fizeram Sócrates e Teixeira dos Santos. Como "não somos a Grécia" não se ligou nenhuma aos erros que Juncker e Thomsen admitiram que a Zona Euro e o FMI cometeram no programa de ajuda aos gregos, como foi um excessivo aumento de impostos sem olhar para o crescimento económico, receita também aplicada a Portugal. Mas, como "não somos a Grécia", somos mesmo Portugal, o povo arguto e perspicaz, como sempre, acha Gaspar brilhante como, em geral, a imprensa (aliás, é por a imprensa achar, que o povo acha). Portanto, não faz mal que a digressão do artista inclua momentos de delírio como "vamos crescer em 2013" ou "estamos a meio da ponte". Só fica um aviso: o artista não sabe nadar (yohh)!"

quarta-feira, 21 de março de 2012

Porcos e Porcas - 2012 /2 – O Júnior e a Francisquinha

Mais dois exemplos do que está mal na politica partidária.

Comecemos por Luís Filipe Valenzuela Tavares Menezes Lopes ou, dito de forma que o permite identificar mais depressa, Luís Filipe Menezes “Junior”, o ditoso filho do Presidente da Cãmara de Vila Nova de Gaia, ex-Presidente do PSD, etc, etc, etc.

O “Junior” nasceu em 1980, é agora deputado à Assembleia da Republica e, desde as eleições do ano passado, um dos vice-presidentes do PSD. Ao “Junior” devem-se algumas pérolas da actividade parlamentar recente como, por exemplo, a “chafurdice política” a propósito das Estradas de Portugal ou a forma “leviana” como o Presidente da República se referiu às medidas do Governo.

A fogosa e impetuosa verborreia do “Junior” pode dever-se à sua relativa juventude, já que tendo agora 31 anos de idade, foi eleito deputado pela primeira vez quando tinha 28 anos.

É curioso, aliás, analisar o seu percurso partidário no PSD (conforme referido no seu próprio site) que começa em Junho de 2008 como Vogal da Comissão Politica Concelhia do PSD de ...

... de?


... de?

Surpresa! De Vila Nova de Gaia, claro, onde o papá é Presidente da Câmara desde 1998.

Mas o “Junior” é um poço de talento como se consegue ver da sua “extraordinária” actividade profissional.
Depois de se ter Licenciado pela Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica do Porto, com 16 valores e de um curto estágio de verão no JP Morgan Chase Bank em 2003, o “Junior” torna-se assessor do Conselho de Administração da Fundação Ilidio Pinho cargo que ocupa até Janeiro de 2006.

Curiosamente ou talvez não, para além dos membros da família Pinho que integram o tal Conselho de Administração, nele está também Couto dos Santos, um dos mais importantes e influentes barões do PSD, também deputado desde 2009.


Com a importante experiência adquirida de quase três anos o “Junior”, então com 25 anos, muda-se em Fevereiro de 2006 para uma multinacional na área dos exames e de análises clínicas, a Unilabs Portugal, onde ocupa o cargo de “Director de Novos Negócios, Fusões e Aquisições”.


Ao que parece, essa empresa dedicou-se a comprar, adquirir, absorver, etc, vários laboratórios clínicos do norte do País e, quiçá pelos excelentes serviços prestados, o “Junior” é nomeado seu Director Geral em Novembro de 2007, cargo que, aparentemente, ocupa até agora em paralelo com a sua actividade parlamentar e, não esqueçamos, de Vice-Presidente da bancada do PSD.


Dois factos curiosos que é forçoso referir.


O primeiro é uma simples coincidência, já que facto do papá ser médico e do norte certamente que nada teve a ver com a actividade do “Junior” na tal empresa de exames e de análises clínicas.

O segundo é uma interrogação sobre o talento do “Junior”.

Diz o site da Unilabs Portugal que a estrutura em Portugal consiste em:

  • 5 Laboratórios de Análises Clínicas
  • 1 Laboratório de Anatomia Patológica
  • 1 Unidade de Imuno-hemoterapia
  • 4 Unidades de Cardiologia
  • 160 Unidades de Atendimento
  • Certificação ISO 9001 em todos os centros de diagnóstico do Grupo
  • Serviço de Urgência 24 horas / 365 dias por ano

Quanto à sua missão e valores, diz a Unilab “prestar um serviço de qualidade, por forma a garantir que todos os nossos utentes recebem em tempo útil, o diagnostico correcto. Não realizamos apenas testes e exames. Lutamos diariamente para que, através dos exames de diagnóstico, questões de saúde que preocupam milhares de pessoas, possam obter a melhor resposta.”

Sem pôr em causa o talento do “Junior”, não será demais acumular a Direcção Geral dessa

empresa com a actividade parlamentar supostamente a tempo inteiro?

O que está errado não são os cargos que desempenha ou desempenhou. O que está errado é a forma como o “Junior” chegou onde chegou!

Olhemos agora para a Francisquinha, outra Vice-Presidente do PSD.

Maria Francisca Fernandes Almeida nasceu em Guimarães a 6 de Novembro de 1983 e licenciou-se em Direito na Universidade Católica Portuguesa. Agora, com 28 anos, já vai na segunda vez como deputada à Assembleia Legislativa, sendo uma das mais acirradas e combativas vozes na defesa de Passos Coelho e do Governo.

Até chegar ao parlamento a Francisquinha andou por um escritório de advogado e pela Direcção Distrital do Porto da ANJAP (Associação Nacional de Jovens Advogados Portugueses) ao mesmo tempo que, já inscrita na “jota” laranja, torna-se membro da Comissão Política da Secção de Guimarães do PSD e chega a Vice-presidente da Secção de Guimarães da JSD. A partir daí foi um saltinho até São Bento onde chega com apenas 25 anos e sem qualquer tipo de actividade profissional válida.

Mais uma vez o que está em causa não são as competências da Francisquinha mas a forma como também chegou onde chegou!

Quando se pensava que as dinastias politicas familiares existiam na Coreia do Norte, na Siria e noutros paises pouco recomendáveis eis que surgem casos também na politica partidária portuguesa,

Quando se pensava que os representantes do povo deviam ser indivíduos de reconhecidos méritos e de carácter impoluto, eis que são os inexperientes frutos das juventudes partidárias que ocupam os mais altos cargos da Nação.

Será que ainda não chega?

Quanto tempo mais vai o povo aguentar a corja partidária que levou o País à miséria?

BASTA!






Fontes:

http://www.luismenezes.com.pt/index.php

http://www.parlamento.pt/DeputadoGP/Paginas/Biografia.aspx?BID=4145

http://www.unilabs.pt/unilabs-2

http://www.franciscaalmeida.com/

http://www.parlamento.pt/DeputadoGP/Paginas/Biografia.aspx?ID=3942

segunda-feira, 19 de março de 2012

Carta aberta a Cavaco

Uma carta aberta a Cavaco Silva que circula pela internet.

"Exmo Senhor Presidente da República

Lisboa

Vou usar um meio hoje praticamente em desuso mas que, quanto a mim, é a forma mais correcta de o questionar, porque a avaliar pelas conversas que vou ouvindo por aqui e por ali, muitos portugueses gostariam de ver esclarecidas as dúvidas que vou colocar a V/Exa e é por tal razão que uso a forma "carta aberta", carta que espero algum dos jornais a que a vou enviar com pedido de publicação dê à estampa, desejando que a resposta de V/Exa fosse também pública.

Tenho 74 nos, sou reformado, daqueles que descontou durante 41 anos, embora tenha trabalhado durante 48, para poder ter uma reforma e que, porque as pernas já me não permitem longas caminhadas e o dinheiro para os transportes e os espectáculos a que gostaria de assistir não abunda, passo uma parte do meu dia a ler, sei quantos cantos há nos Lusíadas, conheço Camilo, Eça, Ferreira de Castro, Aquilino, Florbela, Natália, Sofia e mais uns quantos de que penso V/Exa já terá ouvido falar e a "navegar na net".

São precisamente as "modernices" com que tenho bastante dificuldade em lidar que motivam esta minha tomada de posição porquanto é aí que circulam a respeito de V/Exa afirmações que desprestigiam a figura máxima do País Portugal, que, em minha opinião, não pode estar sujeita a tais insinuações que espero V/Exa desminta categoricamente.

Passemos à frente das insinuações de que V/Exa foi 1º Ministro de Portugal durante mais de dez anos, época em que V/Exa vendeu as nossa pescas, a nossa agricultura, a nossa indústria a troco dos milhões da CEE, milhões que, ao contrário do que seria desejável, não serviram para qualquer modernização ou reforma do nosso País mas sim para
encher os bolsos de alguns, curiosamente seus correlegionários, senão mesmo, seus amigos. Acredito que esse tempo que vivemos sob o comando de V/Exa e que tanto mal nos fez foi apenas fruto de incompetência o que, sendo lamentável, não é crime, os crimes foram praticados por aqueles que se encheram à custa do regabofe, perdoe-me o popularismo, que se viveu nessa época e que, curiosamente, ou talvez não, continuam sem prestar contas à justiça.

Entremos então no que mais me choca, porque nesses outros comentários, a maioria dos quais anónimos mas alguns assinados, é a honestidade de V/Exa que é posta em causa e eu não quero que o Presidente da República do meu país seja o indivíduo que alguns propalam pois que entendo que o cargo só pode ser ocupado por alguém em quem os portugueses se revejam como símbolo de coerência e honestidade, é assim que penso que nesta carta presto um favor a V/Exa, pois que respondendo às questões que vou colocar, findarão de vez as maledicências que, quero acreditar, são os escritos que por aí circulam.

1ª Questão:

Circula por aí um "escrito" que afirma que V/Exa, professor da Universidade Nova de Lisboa, após ser ministro das finanças, foi convidado para professor da Universidade Católica, cargo que aceitou sem se ter desvinculado da Nova o que motivou que lhe fosse movido um processo disciplinar por faltar injustificadamente às aulas da Nova, processo esse conducente ao despedimento com justa causa, que se teria perdido no gabinete do então ministro da educação, a quem competiria o despacho final, João de Deus Pinheiro, seu amigo e beneficiado depois de V/Exa ascender a 1º Ministro com o lugar de comissário europeu, lugar que desempenhou tão eficazmente que o levou a ficar conhecido
como "comissário do golfe".

Pergunta directa:

Foi ou não movido a V/Exa um processo disciplinar enquanto professor da Universidade Nova de Lisboa?

Se a resposta for afirmativa, qual o resultado desse processo?

Se a resposta for negativa é evidente que todas as informações que andam por aí a circular carecem de fundamento.

2ª Questão:

Circulam por aí vários escritos sobre a regularidade da transacção de acções do BPN que V/Exa adquiriu. Sendo certo que as referidas acções não estavam cotadas em bolsa e portanto só poderiam ser transaccionadas por contactos directos, vulgo boca a boca, faço sobre a matéria várias perguntas:

1ª - Quem aconselhou a V/Exa tal investimento?

2ª- A quem adquiriu V/Exa as referidas acções?

3ª- Em que data, de que forma e a quem vendeu V/Exa as acções?

4ª- Sendo V/Exa um reputado economista, não estranhou um lucro de 140% numa aplicação de tão curto prazo?

3ª Questão

Tendo em atenção o que por aí circula sobre a Casa da Coelha, limito-me a fazer perguntas:

1ª- É ou não, verdade, que o negócio entre a casa de Albufeira e a casa da Coelha foi feito como permuta de imóveis do mesmo valor para evitar pagamento de impostos?

2ª- Se já foi saldada ao estado a diferença de impostos com que atraso em relação à escritura se processou a referida regularização?
3ª- É ou não verdade que as alterações nas obras feitas na casa da Coelha, nomeadamente a alteração das áreas de construção foram feitas sem conhecimento da autarquia?

4ª- A ser positiva a resposta à pergunta anterior, se já foi sanado o problema resultante de obras feitas à revelia da autarquia, em que data foi feita tal regularização e se foi feita antes ou depois das obras estarem concluídas?

5ª- Última pergunta, esta de mera curiosidade, será que V/Exa já se lembra do cartório em que foi feita a escritura?

4ª- Questão

Net, é uma questão que eu próprio lhe coloco:
Ouvi V/Exa na TV dizer que tinha uma reforma de 1300 €, que quase lhe não chegava para as despesas, passando fugazmente pela reforma do Banco de Portugal. Assim, pergunto:

1ª- Quantas reformas tem V/Exa?

2ª- De que entidades e a que anos de serviços são devidas essas reformas?
3ª- Em quantas não recebe 13º e 14º mês?

4ª- Abdicou V/Exa do ordenado de PR por iniciativa própria ou por imposição legal?

5ª Recebe ou não V/Exa alguns milhares de euros como "despesas de representação"?

Fico a aguardar a resposta de V/Exa com o desejo de que a mesma seja de tal forma conclusiva e que, se V/Exa o achar conveniente, venha acompanhada de cópias de documentos, que provem a todos os portugueses que o que por aí circula na Net, não passam de calúnias e intrigas movidas contra a impoluta figura de Sua Exa o Senhor Presidente da
República de Portugal.

A terminar e depois de recordar mais uma das suas afirmações na TV, lembro uma frase do meu avô, há muito falecido, alentejano, analfabeto e vertical:

" NÃO HÁ HOMENS MUITO, OU POUCO SÉRIOS, HÁ HOMENS SÉRIOS E OUTRAS COISAS QUE PARECEM HOMENS".

Por mim, com a idade que tenho, já não preciso nem quero nascer outra vez, basta-me morrer como tenho vivido.

Sério.

Com os meus melhores cumprimentos.

José Nogueira Pardal"

domingo, 18 de março de 2012

Portugal segundo Passos Coelho

Já não é segredo nem novidade para ninguém que Passos Coelho está a aplicar uma agenda ultra liberal a este pobre País, tendo mentido com quantos dentes tem na boca durante a campanha eleitoral.

Passos Coelho ganhou as eleições de 2011 com promessas de voltar a trazer a honestidade e a transparência ao governo ao contrário do praticado pelo vigarista José Sócrates e pelo bando de canalhas socialistas que o acompanhavam.

Passos Coelho ganhou também as eleições de 2011 com promessas de NÃO aumentar os impostos!

Passos Coelho ganhou as eleições de 2011 sem ter dito aos eleitores que iria impor uma politica ultra liberal à (já de si muito) pobre economia do País.

A verdade é que assim que assumiu o cargo e à pala do desastroso acordo firmado com os agiotas da “troika”, Passos Coelho aumentou os impostos a taxas nunca antes vistos, confiscou subsidios de Natal e de férias e instaurou niveis de austeridade que estão a levar o povo à miséria, ao mesmo tempo que mantém as benesses e os privilégios aos que, como de costume, se sentam com ele na mesa do poder.

Passos Coelho pode dizer as vezes que quiser que nada teve a ver com as nomeações para a EDP mas não pode nunca negar que são todos pessoas do seu circulo restrito de confiança, para não dizer já que para com todos estava em divida por actos praticados antes das eleições.

Por outro lado, a sua afirmação que “o País tem de empobrecer” é bem sintomático do está errado no seu pensamento e na sua politica. Passos Coelho é caso único de um Primeiro Ministro que, em vez de aumentar a riqueza, ambiciona a empobrecer o País e o povo que governa.

Ao longo dos seis meses depois de ter assumido funções agiu e produziu afirmações e comentários suficientes para ser possivel descodificar o que lhe vai dentro da cabeça neo-liberal e traduzir em palavras o que é o Portugal de sucesso segundo Passos Coelho.

Em primeiro lugar surge o conceito, tão caro à ideologia liberal, do “Estado minimo” em que o “Estado” entrega as suas obrigações sociais à voracidade do capital privado e dos grandes grupos económicos. Para Passos Coelho e para os outros neo-liberais que o acompanham, educação, saúde, segurança social, tudo pode ser entregue aos “mercados”, pouco lhe importando de onde vem o capital.

As privatizações da EDP e da REN, entregues à China e o escandaloso namoro com Angola ou, por outras palavras, com a familia de José Eduardo dos Santos, o vergonhoso ditador que rouba o povo angolano, são bons exemplos de como Passos Coelho valoriza, acima de tudo, o poder do CAPITAL!

Já poucos duvidam que a teimosia de Miguel Relvas, o Maquiavel por trás de Passos Coelho, em querer privatizar um dos canais da RTP (1?), contra tudo e contra todos, se destina a entregá-lo a Isabel dos Santos e é moeda de troca para trazer mais “petro-cuanzas” para cá.

Da mesma forma, as alterações às leis laborais, feitas com o objectivo declarado de baixar os custos do trabalho, seguem sempre na mesma linha de favorecer o capital. Alguém acredita que despedir empregados ou pô-los a trabalhar mais horas sem lhes pagar serve para criar mais emprego e aumentar a produtividade ou, verdade seja dita, apenas para aumentar os lucros dos patrôes?

Para Passos Coelho toda a economia deve ser privada, escolas e hospitais incluidos e será preciso pagar para ter acesso a tudo e mais alguma coisa. Passos Coelho defende o principio do “utilizador-pagador” levado até às ultimas consequências.

Para Passos Coelho o País deve ser estrurado à volta de empresas fortes, pouco importando de onde vem o capital e, de preferência, exportadoras da produção competitiva conseguida à custa de mão de obra barata.

Para Passos Coelho os quadros destas empresas devem ser gente jovem, filiados no PSD, partido do governo, o que também permitirá fazer negócios fáceis com a administração central e com as autarquias, estas também entregues a pessoal do partido. Assim todos eles terão cargos, salários e rendimentos de sucesso ao mesmo tempo que o capital vê os seus lucros sempre a aumentar.

Segundo a visão liberal de Passos Coelho e dos que o acompanham, aos jovens que não se enquadrarem neste esquema laranja é-lhes apontada a porta de saída da imigração.

Quanto aos que ficarem servem para trabalhar com baixos salários e apenas enquantos forem produtivos para os lucros do empregador porque, quando o deixarem de ser, irão engrossar os numeros do desemprego.

E surge aqui a mais tenebrosa faceta da ideologia neo-liberal e que os seus seguidores tanto se esforçam por esconder.

Quando um trabalhador, que não seja do PSD, é despedido por já não ser produtivo para o patrão passa a ver-se privado dos seus rendimentos e rápidamente entra numa espiral que o irá levar à pobreza.

O subsidio de desemprego é pequeno, de curta duração e não vai dar para cumprir as obrigações do agregado familiar, seja a elevada (liberal) renda de casa, sejam as altas propinas das escolas dos filhos, seja ainda os custos da saude (privada) que, a partir de certa idade, são sempre a subir.

O resultado inevitável é um aumento declarado da miséria e da pobreza ou seja, o nivel para onde Passos Coelho nos quer levar quando diz que “o País tem de empobrecer”.

Para estes “pobres” só resta a morte, depois de viverem os ultimos anos da sua existência sabe-se lá debaixo de que ponte, sem dinheiro, sem saúde e quiçá sem familia.

Enquanto isso, o “capital” continua a acumular lucros e fortunas fabulosas como acontece nos Estados Unidos, a “Meca” dos liberais, em que 1% da população detém 95% da riqueza da nação e onde os candidatos presidenciais do partido republicano dizem, abertamente, que quem não tem seguro de saude morre por lhe ser negada a assistência médica.

Aos mais afortunados dos não PSDs, os que se forem safando ao longo da vida, restará reformarem-se com pensões baixas e sobreviverem como puderem, a menos que tenham descontado para esquemas privados de segurança social.

É esta a visão de Passos Coelho do que é o Portugal de sucesso, um País entregue à voracidade selvagem do capital não regulado, baseado numa legião de apaniguados filiados no partido que, a troco de benesses e favores, roubam o povo em beneficio dos mais ricos.

Não foi com este Portugal que Passos Coelho ganhou as eleições mas é para lá que nos está a levar.

Está na hora do povo se erguer e dizer “BASTA”!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Quem se mete com a EDP, leva

Texto de Manuel António Pina hoje publicado no "Jornal de Noticias".

"O pecado capital do agora ex-secretário de Estado da Energia Henrique Gomes foi ter levado a sério o memorando de entendimento com a "troika" e querer renegociar os subsídios (as chamadas "rendas excessivas", diferença, para cima, da taxa de rendibilidade de uma empresa face à que teria em situação de concorrência) pagos pelo Estado à EDP, que custam anualmente a cada família portuguesa mais de 27 euros, transferidos directamente do bolso dos contribuintes para os bolsos dos accionistas da eléctrica.

Num Governo que se gaba de ir além da "troika" quando se trata de cortar salários, reformas e prestações sociais, ou de confiscar subsídios de férias e Natal, meter-se com os subsídios da EDP, com o inusitado pretexto de que isso está acordado com a "troika", tinha que acabar mal para o elo mais fraco, o pobre secretário de Estado. E de nada lhe valeu não tentar ir também "além da troika", ficando-se muito "aquém" dela e apenas pretendendo "renegociar" (e só um terço dos subsídios da EDP deste ano, pouca coisa: uns 600 milhões): o dr. Mexia mandou e Passos Coelho obedeceu. E o ingénuo secretário de Estado foi borda fora.

Ontem tudo voltou aos eixos: o novo secretário de Estado é funcionário da ERSE, a reguladora da...EDP

Quem se mete com a EDP ou outras corporações de interesses, leva. Passos Coelho anunciou que iria empobrecer os portugueses, não os chineses da Three Gorges ou o dr. Mexia, seu profeta."

Os Senhores do Mundo

Um texto ASSUSTADOR!!!

Clube Bilderberg - Os Senhores do Mundo, por Daniel Estulin (O livro censurado em Portugal

Editado pela Temas e Debates (e Círculo de Leitores) 1ª e única edição, Lisboa, 2005,

sinopse:
- «Imagine um clube onde presidentes, primeiros-ministros e banqueiros internacionais convivem, onde a realeza presente garante que todos se entendem, onde as pessoas que determinam as guerras, controlam os mercados e impõem as suas regras a todo o mundo dizem o que nunca ousariam dizer em público.
Pois este clube existe mesmo e tem um nome.
Ao longo dos últimos cinquenta anos, um grupo seleccionado de políticos, empresários, banqueiros e outros poderosos tem-se reunido em segredo para tomar as grandes decisões que afectam o mundo. Se quiser saber quem mexe os cordelinhos nos bastidores dos organismos internacionais conhecidos, não hesite: leia este livro.
«Não temendo pôr em risco a própria vida, Daniel Estulin foi a única pessoa a conseguir romper o muro de silêncio que protege as reuniões do clube mais exclusivo e perigoso da história.
«Fique a saber:
- Porque se reúnem os cem mais poderosos do mundo todos os anos durante quatro dias.
- O porquê do silêncio dos media em relação a estas reuniões.
- Que vínculos existem entre o Clube Bilderberg e os serviços secretos ocidentais.
- Quais os planos do Clube Bilderberg para o futuro da humanidade.»


(anexo pdf: versão integral, 209 págs)

sábado, 10 de março de 2012

Política chumbada

Texto de Joana Amaral Dias hoje publicado no "Correio da Manhã"

"A privatização do BPN é uma caixa--forte. Totalmente blindada. Ninguém sabe o que se passa. Mas não é a única. Com a EDP e a REN acontece o mesmo. Não admira. Vários deputados da comissão de acompanhamento das privatizações representam, simultaneamente, outros interesses, desde bancos a escritórios de advogados.

O caso das parcerias público-privadas não é melhor. O governo atribuiu à Ernst & Young a sua auditoria mas a consultora trabalha para beneficiários dessas parcerias e concessões. É evidente que um escrutínio conduzido pela mesma entidade que presta serviços a esses grupos fere de morte a imparcialidade.

É este o modus operandi do governo: negligencia e ataca o interesse público e os direitos dos cidadãos, enquanto com a outra mão afaga e mima quem vive à conta do Estado, sem riscos e dependente de direitos adquiridos de ética duvidosa. Não colhe a ladainha de que estamos todos a remar para o mesmo lado, nem a lengalenga "não existem alternativas ao empobrecimento geral do país". É de escolhas políticas que se trata. E estas são as de Passos Coelho. Ao contrário do cofre do BPN, são opções claras como água. "

sexta-feira, 9 de março de 2012

O independente

Texto de Manuela Moura Guedes hoje publicado no "Correio da Manhã".

"Álvaro Santos Pereira foi perdendo os poderes que tinha, no super Ministério da Economia, na mesma proporção que foram caindo as promessas que Passos Coelho fez, antes das eleições. Ele é uma espécie de barómetro do cumprimento de tudo o que iria mudar nos interesses instalados do País. Está a zeros.

Quem manda e consegue até contornar as imposições da troika continua a ser quem dá dinheiro a partidos, quem dá empregos a ex-políticos, quem dá comissões a quem faz "jeitinhos". Santos Pereira conhece bem a situação, fez-lhe um diagnóstico preciso e apontou os remédios necessários. A sua presença no Governo parecia ser a confirmação de que Passos queria cortar a eito com os lóbis poderosos do País. E, se calhar, queria, mas foi de pouca dura. Álvaro, o independente, o académico que vem de fora, sem experiência política, pegou na pasta desejada pelo CDS e começou logo a ser armadilhado, dentro até do próprio Governo. As primeiras aparições públicas ditaram-lhe a sorte.

O seu pouco jeito "político", fatal na urbe, foi explorado até ao ridículo e exemplos da ausência de marketing para produtos portugueses, como os pastéis de nata, foram distorcidos como se fosse tolo. A esta imagem desastrada juntaram-lhe a de que não fazia nada para crescer a economia como se fosse também uma questão de fé em Deus o fazer cair do céu, como a chuva, o dinheiro que a banca não dá para crédito ou mais investimentos que a política recessiva de Vítor Gaspar não permite.

A Santos Pereira cabia-lhe o que se esperava dele – fazer frente aos lóbis e acabar com o regabofe que têm sido as negociatas que levaram o País para este desastre. Mas, até agora, Scut e PPP que envolvem construtoras, bancos, concessionárias, advogados estão na mesma. As empresas públicas, que albergam tudo o que é escumalha dos partidos...na mesma. Os contratos de energia que financiam milhares de empresas à custa do consumidor da luz...na mesma.

Só o próprio ministro é que viu a sua maxipasta passar a mini, dividida entre os "colegas". Álvaro é apenas um, frente às forças mais poderosas do País. O seu erro político foi dizer o que se esperava dele e não dever obediência a ninguém. Este País não é para independentes! "

segunda-feira, 5 de março de 2012

Porcos e Porcas - 2012 /1 - Assunção Esteves (PSD)














A actual Presidente da Assembleia da República reformou-se aos 42 anos recebendo 7.255* euros de pensão por dez anos de trabalho como juíza do Tribunal Constitucional.

Por não poder acumular esse valor com o ordenado de presidente do Parlamento, Assunção Esteves abdicou de receber pelo exercício do actual cargo, cujo salário é de 5.219,15* euros. Mantém, no entanto, o direito a ajudas de custo no valor de 2.133* euros.

Feitas as contas leva para casa a quantia anual de € 131.432,00 ou seja, recebe do erário público a remuneração média mensal de € 10.952,67.

Relembramos que também tem direito a uma viatura oficial (BMW) a tempo inteiro!

É assim que os muitos porcos e porcas pendurados nos partidos triunfam à custa do povo português tendo o infeliz do Passos Coelho o topete de sacar subsídios e pedir sacrifícios aos funcionários públicos e pensionistas.

Haja vergonha!



* Fonte: http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=34253

domingo, 4 de março de 2012

Demita-se, senhor Primeiro-Ministro

Nicolau Santos, na sua habitual coluna do semanário "Expresso", desnudava a alma, com estes termos:

"
Sr primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes?. Também eu, senhor Primeiro-Ministro. Só me apetece rugir!...

O que o Senhor fez, foi um Roubo! Um Roubo descarado à classe média, no alto da sua impunidade política! Por isso, um duplo roubo: pelo crime em si e pela indecorosa impunidade de que se revestiu. E, ainda pior: Vossa Excelência matou o País!

Invoca Sua Sumidade, que as medidas são suas, mas o déficite é do Sócrates! Só os tolos caem na esparrela desse argumento. O déficite já vem do tempo de Cavaco Silva, quando, como bom aluno que foi, nos anos 80, a mando dos donos da Europa, decidiu, a troco de 700 milhões de contos anuais, acabar com as Pescas, a Agricultura e a Industria. Farisaicamente, Bruxelas pagava então, aos pescadores para não pescarem, e aos agricultores para não cultivarem. O resultado, foi uma total dependência alimentar, uma decadência industrial e investimentos faraónicos no cimento e no alcatrão. Bens não transaccionáveis, que significaram o êxodo rural para o litoral, corrupção larvar e uma classe de novos muitíssimo-ricos. Toda esta tragédia, que mergulhou um País numa espiral deficitária, acabou, fragorosamente, com Sócrates. O déficite é de toda esta gente, que hoje vive gozando as delícias das suas malfeitorias. E você é o herdeiro e o filho predilecto de todos estes que você, agora, hipocritamente, quer pôr no banco dos réus?

Mas o Senhor também é responsável por esta crise. Tem as suas asas crivadas pelo chumbo da sua própria espingarda. Porque deitou abaixo o PEC4, de má memória, dando asas aos abutres financeiros para inflacionarem a dívida para valores insuportáveis e porque invocou como motivo para tal chumbo, o carácter excessivo dessas medidas. Prometeu, entretanto, não subir os impostos. Depois, já no poder, anunciou como excepcional, o corte no subsídio de Natal. Agora, isto! Ou seja, de mentira em mentira, até a este colossal embuste, que é o Orçamento Geral do Estado.

Diz Vossa Eminência que não tinha outra saída. Ou seja, todas as soluções passam pelo ataque ao Trabalho e pela defesa do Capital Financeiro. Outro embuste. Já se sabia no que resultaram estas mesmas medidas na Grécia: no desemprego, na recessão e num déficite ainda maior. Pois o senhor, incauto e ignorante, não se importou de importar tão assassina cartilha. Sem Economia, não há Finanças, deveria saber o Senhor. Com ainda menos Economia (a recessão atingirá valores perto do 5% em 2012), com muito mais falências e com o desemprego a atingir o colossal valor de 20%, onde vai Sua Sabedoria buscar receitas para corrigir o déficite? Com a banca descapitalizada (para onde foram os biliões do BPN?), como traçará linhas de crédito para as pequenas e médias empresas, responsáveis por 90% do desemprego?

O Senhor burlou-nos e espoliou-nos. Teve a admirável coragem de sacar aos indefesos dos trabalhadores, com a esfarrapada desculpa de não ter outra hipótese. E há tantas! Dou-lhe um exemplo: o Metro do Porto. Tem um prejuízo de 3.500 milhões de euros, é todo à superfície e tem uma oferta 400 vezes!!! superior à procura. Tudo alinhavado à medida de uns tantos autarcas, embandeirados por Valentim Loureiro. Outro exemplo: as parcerias publico-privadas, grande sugadouro das finanças públicas. Outro exemplo: Dizem os estudos que, se V.Exa cortasse na mesma percentagem, os rendimentos das 10 maiores fortunas de Portugal, ficaríamos aliviadinhos de todo, desta canga deficitária. Até porque foram elas, as grandes beneficiárias desta orgia grega que nos tramou. Estaria horas, a desfiar exemplos e Você não gastou um minuto em pensar em deslocar-se a Bruxelas, para dilatar no tempo, as gravosas medidas que anunciou, para Salvar Portugal!

Diz Boaventura de Sousa Santos que o Senhor Primeiro-Ministro é um homem sem experiência, sem ideias e sem substrato académico para tais andanças. Concordo! Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles, compreensão e consideração. Genuina ingenuidade! Com tudo isto, passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um Líder, com uma Ideia e um Projecto para Portugal. O Senhor, ao desistir da Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência. Hoje, é, apenas, o Gauleiter de Berlim.

Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo."

sexta-feira, 2 de março de 2012

Os medos que o Governo já demonstra

Um texto oportuno de Baptista Bastos hoje publicado no "Jornal de Negócios".

"O dr. Cavaco diz que a aplicação da austeridade atingiu o limite. O dr. Miguel Relvas diz que o Governo está muito incomodado com as preocupações dos portugueses. O desassossego destas duas figuras, afirmado em declarações proferidas no mesmo dia e quase à mesma hora, dá que pensar. Eles falam como se nada tivessem a ver com o que ocorre em seu derredor. Pior: como se fossem outros os responsáveis por este infortúnio. É verdade que o dr. Passos Coelho já começou a atribuir culpas aos socialistas que o antecederam. Ignorando a promessa feita de que jamais responsabilizaria o Executivo anterior pelas nossas atribulações. Mas obliterar decisões que aqueles dois cavalheiros tomaram, em devido tempo, é imoral.

A usurpação da verdade parece fazer parte da prática política. Ninguém, até agora, assumiu que as mágoas da pátria lhes são devidas. O cortejo de inépcias, incapacidades, incompetências é longo. E, apesar de haver jornalistas e comentadores estipendiados, empenhados em apagar os autênticos crimes cometidos por membros dos vários Executivos. A democracia portuguesa nasceu torta. Os primeiros que a orientaram procuraram ser justos e virtuosos. E foram-no, apesar de inexperientes e jovens. Porém, as coisas do poder e o malabarismo dos interesses teve mais força do que a qualidade dos que ambicionavam um Portugal progressista e digno de quem o habita.

Ouve-se o dr. Cavaco e o dr. Relvas, como se ouvem outros, e ficamos perplexos e ofendidos. Eles julgam que nós não sabemos o que têm feito? Gente como Eanes, Sampaio e o próprio Soares não se repete. Todos eles possuíam defeitos e praticaram erros desconformes, mas nada que se compare com estes sujeitos de agora. Eanes, goste-se ou não, e eu gosto dele, tinha e mantém a compostura de um aristocrata de província, que defende o compromisso com a honra, e não sai dali. Sampaio e Soares são homens cultos, criticáveis por desacertos e pecados, mas alimentavam ideias ideológicas e continham em si a marca d'água que define o político. Os que se seguiram, é uma desgraça intelectual, moral e política, para não adicionar outras à lista.

De súbito, declarações mais veementes do dr. Cavaco, sobre o Governo, o País, a Europa, sobressaltaram a calmaria rotineira dos nossos comentadores do óbvio. A aparente rudeza do dr. Cavaco mereceu desvios de análise. A verdade é que o que ele disse não passa de palavras. Fogo de artifício. A partir desta evidência é que se deveria proceder a análises e reflexões.

Se o dr. Cavaco desejasse alterar este estado de coisas, não promulgaria as leis que nos afligem e atormentam. Não esqueçamos de que ele pertence à mesma área ideológica e cometeu idênticos prejuízos sociais. A "situação de emergência", de que tão falada pelos membros deste Governo, não é de hoje. Se vistoriarmos bem acontecimentos progressos, verificaremos, por exemplo, que o dr. Cavaco não sai imune desta trapalhada. Pode sair impune; mas imune é que não.

O dr. Cavaco percebeu, ou alguém lhe disse, que era de mais permanecer no estado de dubiedade que tem caracterizado o seu mandato. Raramente fez ouvir o seu protesto, a sua indignação, a não ser no discurso de posse, no qual enxovalhou Sócrates. Este, que devia ter pedido imediatamente a demissão, limitou-se a uns balbucios mal amanhados. E o dr. Cavaco saiu dali engrandecido, se é que esta palavra se lhe pode aplicar em qualquer circunstância.

O desalento e a indignação alastram. A "coesão social", que emerge do discurso do dr. Cavaco, é uma dissimulação. Toda a gente vê que começa a ser impossível travar o protesto generalizado, e os exemplos de Espanha, são contagiosos. Os apelos à calma, na sequência dos acontecimentos dramáticos na Grécia, são sinais de amedrontamento. Há algo no ar que pode explicar essa tensão cada vez mais notória. Todavia, não se pode tapar o sol com a peneira, e os confrontos estão, apenas, apaziguados. Mas não desaparecerem. Sem que o Governo faça alguma coisa para tranquilizar as pessoas. Adivinham-se e adivinham-se ocorrências muito graves."

quinta-feira, 1 de março de 2012

Dias de servidão

Texto de Manuel António Pina hoje publicado no "Jornal de Notícias"

"A tese do aluno bem comportado, o que papagueia a "sebenta" do professor e vai até mais longe do que ele exige, esteve em voga nos governos de Cavaco e deu no que hoje se sabe.

O Governo PSD/CDS adoptou idêntica estratégia de submissão acrítica. Foi humilhante ver os olhos luzentes de alegria com que Vítor Gaspar deu conta ao país que os capatazes dos mercados que, por intermédio da actual maioria, nos governam, lhe deram nota positiva (um 10 interrogado mas, de qualquer maneira, uma nota positiva). E, quando Olli Rehn, depois de umas carícias ("Lindos meninos..."), anunciou ainda mais "desafios" e "sacrifícios", Gaspar há-de decerto ter murmurado: "Venham eles!".

Diogo Feio, eurodeputado do CDS, é um bom intérprete dessa estratégia. Ao "Público" diz que "Portugal é bem visto por ter uma maioria de governo sólida" e uma situação social "pacificada". O único problema, parece, é haver (ainda) direito à greve: "Nós somos observados ao mais pequeno pormenor e cada greve que é feita mancha a imagem de Portugal".

Não mancham "a imagem de Portugal" o empobrecimento generalizado que em tempos o primeiro-ministro anunciou como objectivo político do Governo, o desastre social, os afrontosos números do desemprego, mas o facto de os trabalhadores serem mal comportados e lutarem pelos seus direitos. A sra Merkel deve ter gostado de ouvir, afinal sempre há portugueses "mais alemães do que os alemães"."