Texto de Manuel António Pina hoje publicado no "Jornal de Noticias".
"O pecado capital do agora ex-secretário de Estado da Energia Henrique Gomes foi ter levado a sério o memorando de entendimento com a "troika" e querer renegociar os subsídios (as chamadas "rendas excessivas", diferença, para cima, da taxa de rendibilidade de uma empresa face à que teria em situação de concorrência) pagos pelo Estado à EDP, que custam anualmente a cada família portuguesa mais de 27 euros, transferidos directamente do bolso dos contribuintes para os bolsos dos accionistas da eléctrica.
Num Governo que se gaba de ir além da "troika" quando se trata de cortar salários, reformas e prestações sociais, ou de confiscar subsídios de férias e Natal, meter-se com os subsídios da EDP, com o inusitado pretexto de que isso está acordado com a "troika", tinha que acabar mal para o elo mais fraco, o pobre secretário de Estado. E de nada lhe valeu não tentar ir também "além da troika", ficando-se muito "aquém" dela e apenas pretendendo "renegociar" (e só um terço dos subsídios da EDP deste ano, pouca coisa: uns 600 milhões): o dr. Mexia mandou e Passos Coelho obedeceu. E o ingénuo secretário de Estado foi borda fora.
Ontem tudo voltou aos eixos: o novo secretário de Estado é funcionário da ERSE, a reguladora da...EDP
Quem se mete com a EDP ou outras corporações de interesses, leva. Passos Coelho anunciou que iria empobrecer os portugueses, não os chineses da Three Gorges ou o dr. Mexia, seu profeta."
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