A contestação aos partidos e à politica partidária sobe de tom na comunicação social, desta vez a propósito da excepção para cortes salariais nas empresas publicas e outros organismos que servem para distribuir cargos pelos militantes.
Leia os textos hoje publicados no "Correio da Manhã" e "Jornal de Noticias" e perceberá porque o lema do "Triunfo dos porcos" segundo o qual "todos os animais são iguais mas uns são mais iguais que outros" está cada vez mais actual neste pobre Portugal entregue à corja partidária que tudo suga e tudo destrói.
"Igualdade assassinada" - Eduardo Dâmaso, director-adjunto
"A história é simples: tudo o que é empresa pública (TAP, Caixa Geral de Depósitos, Refer, REN, por aí adiante) passa a ter a possibilidade legal de escapar aos cortes salariais. Aquilo que a que o ministro Jorge Lacão chama uma mera "adaptação" a regimes contratuais diferenciados é um verdadeiro assassinato do pouco que já restava de uma ideia de igualdade entre cidadãos. Esta é, aliás, uma história exemplar do pântano gerado pelo Bloco Central dos Interesses.
Nesse mundo imenso do sector empresarial do Estado, feito de fundações, institutos e empresas, mandam os ‘boys’ dos dois partidos. São eles que criam as contrapartidas em concursos e concessões para os financiadores dos dois partidos. Ou seja, têm um poder de pressão (e de chantagem) não subestimável. Assim sendo, que interessam 600 mil funcionários públicos? Que interessa a ideia de que os cortes "são para sempre" se para esta gente nem são para hoje!? Como é possível ainda alguém acreditar nestes políticos que têm do País e dos portugueses uma visão maniqueísta de filhos e enteados?"
"Chamem é o FBI" - António Ribeiro Ferreira, Jornalista
"As empresas públicas, todas, locais, regionais e nacionais, que, com raras excepções, estão endividadas até ao tutano e apresentam todos os anos prejuízos obscenos, ficam isentas dos cortes salariais aplicados aos funcionários do Estado. Percebe-se porquê.
É neste imenso universo que estão alojados os apaniguados, os boys, as girls, os amantes de ambos os sexos, amigos, parentes e companhia limitada dos partidos do Bloco Central. Já não vale a pena falar em pouca vergonha e dar gritinhos de indignação. Já não vale a pena falar em moral, ética e outras coisas mais. Já não vale a pena sequer chamar o FMI. Portugal já é um caso de polícia. Chamem é o FBI. "
Sobre o mesmo tema escreve também hoje Manuel António Pina no "Jornal de Noticias"
"Como era de esperar"
"Vai ficando à vista aquilo que, desde que foram anunciados os famosos e igualitários "sacrifícios para todos", era de esperar tendo em conta a cultura político--partidária dominante: que alguns "todos" seriam mais "todos" que outros.
Poupada, primeiro, a Banca, apesar dos escandalosos lucros que tem obtido com a crise (crise de que foi e é o sistema financeiro, com esse nome ou sob o fantasmático pseudónimo de "mercados", o principal responsável), seguiram-se os grandes grupos económicos, que se preparam para distribuir dividendos antes que os "sacrifícios para todos" entrem em vigor e sem que seja visível a olho nu, da parte do PS ou do PSD, qualquer medida para impedir a fuga aos impostos de muitos milhões de euros (1100 milhões, só por conta da PT, Portucel e Jerónimo Martins/Pingo Doce).
Agora, aprovado que foi o Orçamento na generalidade, começam a aparecer na discussão na especialidade mais "excepções", dos funcionários dos grupos parlamentares (isto é, funcionários partidários) aos "trabalhadores das empresas públicas", das "entidades públicas empresariais"e do "sector empresarial regional ou municipal" (poisos privilegiados de "boys" e "girls"), onde poderá haver não se sabe que "adaptações" desde que "autorizadas" não se sabe por quem.
Se a aprovação do Orçamento demorar muito mais, "todos" acabará por significar só a arraia miúda e gente sem poder económico ou político."
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Igualdade assassinada
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