Armando Esteves Pereira é Director-Adjunto do Correio da Manhã onde hoje assina um interessante artigo de opinião sobre a insensibilidade social de Sócrates, o tal que aparece diariamente nas noticias a defender o "Estado Social".
"Corte cego no abono"
"O primeiro-ministro, que se proclama defensor do Estado Social, é o mesmo que vai cortar o abono de família a 383 mil crianças e reduzir a prestação extra a quase um milhão.
E, no decreto publicado ontem em Diário da República, o Governo ainda tem a ousadia de dizer que esta medida tem o objectivo de reduzir a despesa pública "mantendo um adequado nível de protecção social". Se tirar o abono a um casal com um filho em que cada um dos pais tenha um rendimento bruto de 630 euros é manter o nível de protecção social, está tudo dito. Estas pessoas que levam para casa pouco mais de 500 euros/mês, porque ao salário bruto tem de ser descontada a taxa de 11% para a Segurança Social, arriscam-se também no próximo ano a sofrer um agravamento do IRS.
O abono de família é uma almofada importante no orçamento dos agregados que vão perder a prestação. Por exemplo, uma família com três filhos em que a soma dos salários dos pais seja superior a 2516 euros (1258 brutos cada) perde a partir de Novembro 67,77 euros/mês. Pode parecer que não é muito dinheiro, mas faz muita diferença. Estes cortes cegos no apoio às crianças acontecem num País cada vez mais envelhecido, onde faltam por ano 40 mil bebés para manter a normal substituição de gerações. Mas há uma razão para este défice demográfico: como mostram as estatísticas, ter filhos aumenta o risco de pobreza. Os novos cortes agravam esse risco. "
sábado, 23 de outubro de 2010
Corte cego no abono
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