Em artigo recentemente publicado nos cadernos de economia do jornal "I" e que pode ser lido aqui, Pedro Passos Coelho, o novo líder do PSD e que espera vir a ser o próximo Primeiro-Ministro, faz a sua análise dos problemas da economia e dá a conhecer alguns aspectos do que pretende mudar na politica nacional.
Depois de uma análise "interessante" da situação Passos Coelho conclui que a crise externa acelerou a crise no plano interno, crise essa que resulta sobretudo "do aumento desequilibrado da esfera de responsabilidade do Estado nas áreas sociais ... Portugal, em democracia, saltou vários degraus para recuperar atrasos face aos restantes países desenvolvidos, particularmente nas áreas sociais como a educação, a saúde e a protecção social."
Começa-se assim a entender a razão porque se pôs tão facilmente de acordo com Sócrates para cortar nos apoios sociais e no subsidio de desemprego:
"O processo de ajustamento poderá ser menos prolongado e menos doloroso se, reconhecendo estas condições de base, estivermos dispostos a combinar um plano de curto e médio prazo, destinado a amortecer alguns dos efeitos mais negativos da crise e a corrigir alguns dos desequilíbrios mais marcantes, com um plano de médio e longo prazo orientado para as alterações estruturais na nossa economia."
Qual a solução para Passos Coelho?
"Produzir uma efectiva reforma da administração pública, que abranja a efectiva extinção de institutos e outros organismos excedentários e suporte a passagem do chamado Estado-Providência ao Estado-Regulador ou Estado-Garantia, e de empreender uma ambiciosa política de privatizações e/ou de concessão e contratualização de gestão com privados de equipamentos públicos que promovam a maior eficiência na aplicação dos recursos e diminuam os passivos públicos."
E vai mais longe:
"Torna-se indispensável redefinir o âmbito da intervenção do Estado, privilegiando o seu papel definidor de regras e de fiscalizador, em detrimento do papel de prestador de serviços, sobretudo na área puramente económica e empresarial, mas sem descurar um ambiente mais competitivo nas áreas dos bens de mérito, onde devem ser estimuladas as condições propícias à livre escolha por parte dos cidadãos dos prestadores mais capazes e convenientes."
Perceberam?
Privatizações, privatizações e mais privatizações!
Passos Coelho continua:
"Torna-se necessário moralizar e disciplinar melhor as prestações da segurança social bem como o recurso aos lugares de nomeação, que trazem discriminação e abuso escandaloso. Falamos tanto da fiscalização e exigência que sempre deveriam ter rodeado o RSI, por exemplo, ou ainda dos limites à acumulação de pensões de valores elevados, como falamos também da administração verdadeiramente paralela que emerge desde os gabinetes ministeriais até aos institutos públicos e às empresas públicas, onde abunda demasiado nepotismo, com pessoas sem outra recomendação que não seja a proximidade e fidelidade partidária acedendo a condições de remuneração e outras complementares que não têm comparação com o que sucede com o pessoal corrente."
É absolutamente extraordinário como Passos Coelho trata da mesma forma os beneficiários do Rendimento Social de Inserção e os políticos e outros apparatchiks que "acumulam pensões elevadas e auferem vencimentos escandalosos nos institutos e empresas publicas".
Para o presumível futuro Primeiro-Ministro tanto os parasitas partidários como os pobres beneficiários do RSI sã0 os responsáveis pela má situação das contas publicas.
Dá para entender?
E. logo a seguir, outra pérola do seu pensamento:
"Torna-se indispensável a adopção urgente de medidas activas de emprego, quer introduzindo, de modo extraordinário, factores de flexibilidade nos instrumentos contratuais tradicionais destinados a desempregados e jovens à procura do primeiro emprego, quer apoiando o emprego em empresas viáveis através da comparticipação das horas perdidas, quer ainda reduzindo a expressão dos desincentivos ao emprego que são alimentados por algumas políticas sociais demasiado generosas."
Passos Coelho já anteriormente tinha afirmado que, por um lado, o subsidio de desemprego é "generoso" e incentiva os desempregados a não voltarem ao trabalho e, por outro, se as empresas puderem despedir mais facilmente também irão criar mais emprego e postos de trabalho.
Como?
Será que ele disse e pensa mesmo isso?
A verdade é que as suas recentes intervenções de apoio a Sócrates e ao governo do PS, desde os PECs ás scuds e ainda todo um conjunto de falácias sobre liberdade de escolha, utilizadores-pagadores, etc. não auguram nada de bom para o futuro que aí vem.
Os pobres cidadãos andam tão descontentes e tão desnorteados que estão prontos para dar o voto de confiança cega a este personagem e aos muitos laranjas que já se posicionam para o assalto ao poder.
Algumas vozes, alguns comentadores, lá vão alertando para o que aí vem mas o povo, farto do (des)governo socialista, está atordoado e parece não ver.
A esperança reside em que o PSD não chegue à maioria absoluta, nem mesmo em coligação com o CDS.
Não digam depois que não foram avisados.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Não digam que não foram avisados
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário