África do sul, campeonato do mundo 2010.
Antes do jogo com o Brasil, o seleccionador da Coreia do Norte disse aos repórteres que a equipa iria surpreender tudo e todos para dar uma grande alegria ao "querido líder" referindo-se assim ao ditador Kim Jong-Il que domina aquele país.
Estas declarações trouxeram-nos à memória um documentário, exibido há algum tempo por um dos nossos canais de noticias, sobre um grupo de médicos voluntários que se deslocaram àquela nação asiática para fazer operações aos olhos e às cataratas. Com grande espanto dos médicos, ao saírem da sala de operações, os pacientes dirigiam-se de imediato ao retrato do ditador e "agradeciam-lhe" por já puderem ver.
Qual a razão para estes comportamentos que nos parecem tão irracionais?
Porque vemos, em muitos países islâmicos e do terceiro mundo, o mesmo tipo de comportamento cego e de obediência completa a lideres não eleitos e a conjuntos de leis que nos parecem bárbaras e completamente desajustadas para o século XXI?
A resposta, por estranho que pareça, é muito simples:
Porque eles não conhecem outro tipo de realidade!
É por essa mesma razão que 40% do povo português vai, de quatro em quatro anos, exercer um "direito de voto" que muitos sabem estar viciado na sua base mas, por acreditarem viver num regime democrático, lá vão escolhendo um dos lideres partidários concorrentes.
Os restantes 60% não votam por variadíssimas razões que vão do comodismo até ao descrédito no sistema mas, na sua maioria, ignorando existirem alternativas democráticas.
É esta, com efeito, a grande mentira promovida pelo sistema politico-partidário, a de não existirem alternativas que excluam os partidos sem que as sociedades fiquem sujeitas a um qualquer ditador que apareça a dar voz ao descontentamento popular.
Esta mentira está, infelizmente, profundamente enraizada nas sociedades ocidentais e, quando um povo começa a dar os primeiros passos em democracia, lá aparecem os partidos ditos representativos das várias doutrinas politicas e Portugal, a seguir ao 25 de Abril, não foi excepção.
É assim que aparecem partidos conservadores, nacionalistas, liberais, socialistas, comunistas e de extrema esquerda, etc, etc, etc.
O que todos os partidos têm em comum é o modelo de organização em que um reduzido núcleo central de dirigentes define orientações e estratégias e, de modo geral, controla todo o aparelho partidário.
Quando esse partido toma conta do governo fácil é de perceber que o tal núcleo central passa também a controlar todo o país e os seus recursos com o único objectivo de se perpetuar no poder e distribuir benesses pelos seus correlegionários e apaniguados.
Enquanto isso, os dirigentes dos outros partidos vão também fazendo os seus jogos na esperança de ganharem uma eleição e poder formar governo, passando então eles a controlar o país, os recursos e, naturalmente, as benesses.
A verdade é que o país está refém de 150 mil pessoas distribuídas pelos vários partidos, muitos sem competências profissionais que vêm na politica a ultima chance de serem alguém na vida, todos á espera de serem beneficiados quando o “seu” partido ganhar o poder.
É isto a “democracia”?
Democracia é poder escolher entre um ou outro núcleo central partidário?
Democracia é poder escolher qual a “máfia” que vai controlar os recursos nacionais?
NÃO, democracia é muito mais, só que o povo (ainda) não o sabe ... mas vai descobrir a breve prazo!
quarta-feira, 16 de junho de 2010
O País refém
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