Texto de José Rodrigues, Editor Política/Economia do "Correio da Manhã" hoje publicado nesse jornal.
"Na semana passada, o presidente e a coordenadora da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST) demitiram-se por considerarem "inaceitável que haja doentes [a precisar de transplantes] que se podem salvar e vão morrer porque o País está em dificuldades económicas". E têm razão, estamos perante algo que não podemos de modo algum aceitar.
Pode considerar-se que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi apenas infeliz ao afirmar que "o que temos de olhar é se podemos sustentar este número de transplantes", ou que não era bem isso que queria dizer. Mas o facto é que o disse, num discurso mais próprio do ex-director-geral dos Impostos… Apetece citar Guterres: "As pessoas não são números." Ou Sampaio: " Há mais vida para além do défice!"
Não há dinheiro para transplantes, para salvar vidas? É preciso cortar no orçamento da ASST (30 milhões de euros) quando o Governo vai sacar só este ano 2,3 mil milhões de euros em impostos? A Economia está, de facto, doente, são necessárias medidas drásticas, mas cortar nos transplantes passa os limites da decência. O Governo pretende ir mais longe do que o estipulado pela troika, mas está a ir longe demais. "
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Os limites da decência
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