Texto de Paulo Morais, Professor Universitário, hoje publicado no "Correio da Manhã"
"Os três últimos primeiros-ministros eleitos foram empossados na sequência de campanhas em que prometeram não aumentar impostos. Mas não tardaram a fazê-lo, mal se instalaram no poder. Durão Barroso tinha até anunciado um choque fiscal, com uma brutal redução de impostos. Para justificarem a sua incoerência, todos alegaram desconhecimento da situação efectiva das finanças públicas. O que não colhe. Pois ao candidatarem-se teriam de conhecer toda a informação. Se a não conheciam, são incompetentes; se, por outro lado, dela dispunham, são mentirosos.
Duma forma ou doutra, todos nos vieram ao bolso. Com o discurso da "tanga" de Barroso, do "défice descontrolado" de Sócrates ou do "buraco colossal" de Passos Coelho. Prometendo em campanha uma política fiscal e fazendo exactamente o seu contrário, os políticos desacreditaram a democracia enquanto regime em que se contrapõem ideias e se espera que se implementem as propostas dos que vencem nas urnas.
O facto é que os impostos são hoje um verdadeiro esbulho aos nossos rendimentos. E, paradoxalmente, ao aumento da carga fiscal dos últimos dez anos tem correspondido uma diminuição das regalias que o Estado concede. Durão Barroso introduziu portagens nas Scut, José Sócrates reduziu a rede escolar e hospitalar, diminuiu as pensões de reforma, e Passos Coelho parece ir pelo mesmo caminho. Todas estas decisões seriam até talvez aceitáveis se os impostos em vez de subir… estivessem a descer.
Como é isto possível? Para onde têm ido todos os recursos? Alguns desvarios são conhecidos, mas não se tem noção de qual é a sua verdadeira dimensão. Ainda estão por esclarecer os montantes esbanjados na Expo 98 ou no Euro 2004.
Outros gastos são ainda mais secretos, como os das parcerias público-privadas em auto-estradas e hospitais, os montantes escandalosos dos juros de dívida pública ou a nacionalização do BPN.
Aqui chegados, impõe-se um cabal esclarecimento de qual o destino que tem sido dado, nos últimos anos, aos milhões arrecadados através dos nossos impostos. Explicados euro a euro, tim-tim por tim-tim. "
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Tim-tim por tim-tim
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