Por Camilo Lourenço, hoje publicado no "Jornal de Negócios".
"Por trás das manchetes que mostram um país à beira do abismo há muita a coisa a mudar.
Uma delas é a extraordinária resiliência das empresas que trabalham para os mercados externos. O seu sucesso resiste a fiscalidade elevada, legislação laboral obsoleta, burocracia, contribuições insuportáveis para à Segurança Social…
Parte desta revolução está ligada à passagem de testemunho: as novas gerações, melhor preparadas, ocupam cada vez mais lugares de destaque na gestão nas empresas. O fenómeno corre paredes meias com o que se passa na política: nos três partidos do Poder (mas também mais à esquerda) vêem-se mais jovens nos lugares cimeiros. O problema é que ao contrário do que está a acontecer nas empresas, onde se constata um notável salto na qualidade de decisão, na política acontece exactamente o contrário. Veja-se o miserável estado a que o País chegou…
Tome-se o exemplo dos três primeiros-ministros que tivemos desde 2002. Todos andaram pelas "Jotas" e todos chegaram ao Poder na casa dos quarenta: Durão Barroso (que frequentou as "Jotas" da extrema-esquerda), Santana Lopes (JSD) e, mais recentemente, José Sócrates (que até começou na JSD, tal como Portas). Fora o outro Jota que pode chegar ao Poder em Junho. E se aos primeiros-ministros juntarmos outros dirigentes em lugar de destaque, a coisa fica ainda mais feia…
Como explicar esta diferença entre a qualidade nas empresas e a falta dela nos partidos (e no Governo)? A política atrai cada vez menos gente de qualidade (as excepções são poucas). Para os lugares cimeiros e para as segundas linhas. Para um país com desafios tão difíceis pela frente, não podia haver maior motivo de preocupação."
camilolourenco@gmail.com
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Os "Jotas" e o futuro do País
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