Em artigo hoje publicado no "Correio da Manhã" Paulo Morais, Professor Universitário e ex-autarqua do Porto, continua a pôr a nu o que de mal se passa na politica partidária.
"As câmaras municipais ficam muito caras aos cidadãos. Cada português paga em média cerca de mil euros por ano de impostos para a sua autarquia, ou seja, quatro mil euros para uma família de média dimensão. E para quê? Para muitos autarcas andarem a adjudicar negócios aos financiadores das campanhas eleitorais e a garantir empregos aos apaniguados do partido.
As autarquias esqueceram, ou até inverteram, a missão que lhes está atribuída. Deveriam, em primeiro lugar, gerir, com qualidade, o espaço público. Mas as ruas e passeios estão em péssimo estado, pela total ausência de um sistema de manutenção. A via pública está suja, resultado duma limpeza urbana ineficaz. Rareiam os parques infantis, não há infra-estruturas de apoio, o espaço público está abandonado à sua sorte.
Competiria também aos municípios garantir o ordenamento do território, através dos seus pelouros de urbanismo. Mas estes transformaram-se muitas vezes em centros de troca de favores entre autarcas, dirigentes e promotores imobiliários. De tudo lá se passa, valorização ilegítima de terrenos, um tráfico de influências generalizado... tudo, menos a organização adequada do território e a procura de qualidade de vida para os cidadãos. Mas se as câmaras não cumprem a missão que lhes está conferida, para onde são afinal canalizados os recursos? Onde são derretidos os muitos milhares de milhões de euros, a começar pelos mil milhões de orçamento da Câmara de Lisboa e a acabar na mais pequena das autarquias?
Não será difícil adivinhar para onde vão todos estes recursos. Cerca de metade vai para alimentar uma máquina de pessoal gigantesca, que vem sendo aumentada com a entrada em catadupa de "boys" partidários. Este fenómeno agravou-se ainda mais na última década, com o advento das empresas municipais. O restante orçamento é destinado maioritariamente à adjudicação de empreitadas aos empresários que financiam as campanhas eleitorais. No final, pode ser que, por coincidência ou engano, se faça alguma coisa de jeito, se construa uma ou outra obra necessária, mas são apenas as excepções que confirmam a regra.
Em vésperas de alteração da legislação autárquica, é crucial recordar que o maior problema das câmaras não é o seu organograma, mas o seu orçamento. "
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Câmaras invertidas
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Bodo aos ricos
Texto de Paulo Morais, Professor Universitário, que põe o dedo na ferida do que está mal na politica partidária. Só não vê quem não quem ver!
"Sucessivos governos andaram a beneficiar amigos, esbanjaram o dinheiro dos nossos impostos.
O Estado português chegou à bancarrota porque sucessivos governos andaram a beneficiar amigos, esbanjaram o dinheiro dos nossos impostos e transformaram a política numa megacentral de negócios. O exemplo mais vergonhoso da promiscuidade entre os grupos económicos e o poder político é constituído pelas tristemente célebres parcerias público-privadas (PPP). São disso exemplos alguns hospitais, redes de águas e saneamento, auto-estradas sem custo para o utilizador (Scut), a renovação de escolas através da empresa Parque Escolar ou até o Campus de Justiça, em Lisboa. Neste modelo de negócio (ou melhor, negociata), os riscos correm sempre por conta do Estado, mas os lucros são garantidos aos privados através de rendas pagas ao longo de décadas. As PPP constituíram um verdadeiro ‘bodo aos... ricos’ e hipotecaram de forma criminosa os impostos de várias gerações.
Não por acaso, muitos dos políticos dos diversos partidos, que promoveram as negociações em nome do Estado, integram agora os órgãos sociais dos concessionários reiteradamente beneficiados. Urge pois promover uma renegociação global destas parcerias.
Até porque este é um compromisso previsto no memorando de entendimento assinado com a troika que alguns tentam agora fazer esquecer ou até boicotam.
Para cada caso, deve comparar-se o valor consolidado de todas as rendas vencidas e vincendas com essoutro que resulte duma avaliação independente do real valor das infra-estruturas. A conclusão desta confrontação obrigará a que as rendas pagas aos concessionários sejam reduzidas para menos de metade. Não é admissível que se mantenham as garantias de rentabilidade dos valores escandalosos actualmente praticados, em regra superiores a 14%.
Com uma atitude determinada, o governo poderá mesmo obter uma poupança estimada em mais de dois mil milhões de euros por ano.
É este o tipo de cortes na despesa do Estado que se impõe, que afectem, de forma drástica, os beneficiários dessa verdadeira extorsão ao povo que são as PPP. Não é admissível que, na hora de poupar, sejam sacrificados os mais humildes, enquanto os grupos económicos que mais têm vivido da manjedoura do Estado parecem ficar impunes."
domingo, 11 de setembro de 2011
O furação 'Europa' aproxima-se
Um texto muito interessante (de tão realista) de Viriato Soromenho-Marques hoje publicado no "Diário de Notícias".
" A máscara caiu. A Zona Euro começa a parecer-se com o "estado de natureza" descrito por Hobbes: um campo de batalha onde o limite da razão de cada um se mede pela força da sua espada (neste caso, pelo poder económico e financeiro). Arranhando a superfície, os optimistas conseguem encontrar uma desculpa. Não, não é ainda o fim. Tudo se terá resumido ao jogo de sombras de dois bluffs: o da Grécia, escudando-se no facto de 90% da sua dívida externa estar sujeita ao direito grego (podendo ser reconvertida em dracmas no pior cenário), e o da Alemanha, ameaçando deixar a Grécia entregue à sua deriva de empobrecimento. Na verdade, não só o novo mega empréstimo à Grécia, acordado em 21 de Julho, está em risco, como também uma fatia de 8 mil milhões do empréstimo de Maio de 2010 pode ser cancelada. Neste 2.º trimestre, o PIB helénico desabou mais 7,3%, e, há dias, 10 000 funcionários públicos foram despedidos de uma só vez. Mas a fúria dos credores não parece comover-se com isso.
A demissão do economista-chefe do BCE, Jürgen Stark, é apenas o último gesto da oposição germânica à tentativa do BCE de impedir o colapso dos mercados de dívida da Itália e da Espanha. Contra a compra da dívida desses países no mercado secundário já ergueram as suas vozes o antigo e o actual presidente do Bundesbank e o presidente federal, Christian Wulff. O comissário europeu da energia, Guenther Oettinger, propôs até que as bandeiras dos países relapsos sejam colocadas a meia haste nos edifícios comunitários! O furor teutónico está à solta. Já não se tomam decisões na base do cálculo custo-benefício, mas com raiva. Só um milagre vindo de fora, de uma América que já não tem poder, de uma Ásia que ainda não o tem, ou de um FMI que não deve ter tempo, pode impedir o suicídio da Europa de voltar a incendiar o mundo."
É SÓ PARA LEMBRAR!!!
Um mail que circula na internet sobre o passarão inutil Cavaco Silva.
"INTERESSANTE NA VERDADE
Reavivar memórias - O nosso Presidente
Quem ouvir Cavaco Silva e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante alguém que nada teve a ver com a situação catastrófica em que se encontra este país. Quem o ouvir e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante alguém que pode efectivamente ser a solução para um caminho diferente daquele até aqui seguido.
Só que... Este senhor,... ou sofre de amnésia, ou tem como adquirido que nós portugueses temos todos a memória curta, eu diria mesmo, muito curta.
Vejamos, então qual o contributo de Cavaco Silva para que as coisas estejam como estão e não de outra maneira:
Cavaco Silva foi ministro das finanças entre 1980 e 1981 no governo da AD. Foi primeiro-ministro de Portugal entre 1985 e 1995 (10 anos!!!). Cavaco Silva foi só a pessoa que mais tempo esteve na liderança do governo neste país desde o 25 de Abril. É presidente da República desde 2005 até hoje (5 anos) Por este histórico, logo se depreende que este senhor nada teve a ver com o estado actual do país.
Mas vejamos quais foram as marcas deixadas por Cavaco Silva nestes anos todos de andanças pelo poder:
Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro alterou drasticamente as práticas na economia, nomeadamente reduzindo o intervencionismo do Estado, atribuindo um papel mais relevante à iniciativa privada e aos mecanismos de mercado.
Foi Cavaco Silva quem desferiu o primeiro ataque sobre o ensino "tendencialmente gratuíto".
Foi Cavaco Silva o pai do famoso MONSTRO com a criação de milhares de "jobs" para os "boys" do PPD/PSD e amigos. Além de ter inserido outros milhares de "boys" a recibos verdes no aparelho do Estado,
Foi no consulado Cavaquista que começou a destruição do aparelho produtivo português. Em troca dos subsídios diários vindos da então CEE, começou a aniquilar as Pescas, a Agricultura e alguns sectores da
Indústria. Ou seja: começou exactamente com Cavaco Silva a aniquilação dos nossos recursos e capacidades produtivas.
Durante o "consulado Cavaquista", entravam em Portugal muitos milhões de euros diáriamente como fundos estruturais da CEE. Pode-se afirmar que foram os tempos das "vacas gordas" em Portugal. Como foram aplicados esses fundos?
O que se investiu na saúde? E na educação? E na formação profissional?
Que reforma se fez na agricultura? O que foi feito para o desenvolvimento industrial?
A situação actual do país responde a tudo isto! NADA!
Mas então como foi gasto o dinheiro?
Simplesmente desbaratado sem rigor nem fiscalização pela incompetência do governo de Cavaco Silva.
Tal como eu, qualquer habitante do Vale do Ave, minimamente atento, sabe como muitos milhões vindos da CEE foram "surripiados" com a conivência do governo "Cavaquista".
Basta lembrar que na época, o concelho de Felgueiras era o local em Portugal com mais Ferraris por metro quadrado.
Quando acabaram os subsídios da CEE, onde estava a modernização e o investimento das empresas? Nos carros topo de gama, nas casas de praia em Esposende, Ofir, etc. Etc.
Quanto às empresas... Essas faliram quase todas. Os trabalhadores - as vítimas habituais destas malabarices patronais - foram para o desemprego, os "chico-espertos" que desviaram o dinheiro continuaram por aí como se nada se tivesse passado.
Quem foi o responsável? Óbviamente, Cavaco Silva e os seus ministros!
Quanto à formação profissional... Talvez ainda possamos perguntar a Torres Couto como se fartou de ganhar dinheiro durante o governo Cavaquista, porque é que teve que ir a tribunal justificar o desaparecimento de milhões de contos de subsídios para formação profissional. Talvez lhe possamos perguntar: como, porquê e para quê, Cavaco Silva lhe "ofereceu" esse dinheiro.
Foi também o primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1989 recusou conceder ao capitão de Abril, Salgueiro Maia, quando este já se encontrava bastante doente, uma pensão por "Serviços excepcionais e relevantes prestados ao país", isto depois do conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República ter aprovado o parecer por unanimidade.
Mas foi o mesmo primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1992, assinou os pedidos de reforma de 2 inspectores da polícia fascista PIDE/DGS, António Augusto Bernardo, último e derradeiro chefe da polícia política em Cabo Verde, e Óscar Cardoso, um dos agentes que se barricaram na sede António Maria Cardoso e dispararam sobre a multidão que festejava a liberdade.
Curiosamente, Cavaco Silva, premiou os assassinos fascistas com a mesma reforma que havia negado ao capitão de Abril Salgueiro Maia, ou seja: por "serviços excepcionais ou relevantes prestados ao país".
Como tenho memória, lembro-me também que Cavaco Silva e o seu "amigo" e ministro Dias Loureiro foram os responsáveis por um dos episódios mais repressivos da democracia portuguesa. Quando um movimento de
cidadãos, formado de forma espontânea, se juntou na Ponte 25 de Abril, num "buzinão" de bloqueio, em protesto pelo aumento incomportável das portagens. Dias Loureiro (esse mesmo do BPN e que está agora muito
confortávelmente em Cabo Verde), com a concordância do chefe, Cavaco Silva, ordenou uma despropositada e desproporcional carga policial contra os manifestantes. Nessa carga policial "irracional", foi disparado um tiro contra um jovem, que acabou por ficar tetraplégico.
Era assim nos tempos do "consulado Cavaquista", resolvia-se tudo com a repressão policial. Foi assim na ponte, foi assim com os mineiros da Marinha Grande, foi assim com os estudantes nas galerias do Parlamento...
Foi ainda no reinado do primeiro-ministro Cavaco Silva, que o governo vetou a candidatura deJosé Saramago a um prémio literário europeu por considerar que o seu romance "O Evangelho segundo Jesus Cristo" era um
ataque ao património religioso nacional. Este veto levou José Saramago a abandonar o país para se instalar em
Lanzarote, na Espanha, onde viveu até morrer. Considerou Saramago, que não poderia viver num país com censura.
Cavaco Silva foi o Presidente da República nos últimos 5 anos. Sendo ele o dono da famosa frase: "nunca tenho dúvidas e raramente me engano", como é que deixou Portugal chegar até à situação em que se encontra?
Mais!
Diz a sabedoria popular: "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és."
Bem... Alguns dos ministros, amigos, apoiantes e financiadores das suas campanhas eleitorais não abonam nada a seu favor. Embora, na minha opinião, esta gente reflete exactamente a essência do Cavaquismo.
Oliveira e Costa
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo Cavaquista entre 1985 e 1991. Ex presidente do famoso BPN. A história deste fulano já é mais conhecida que os tremoços, nem vale a pena escrever mais nada.
Dias Loureiro
Ministro dos governos Cavaquistas. Assuntos Parlamentares entre1987 e 1991, Administração Interna entre1991 e 1995. Associado aos crimes financeiros do BPN, com ligações ainda não clarificadas ao traficante de armas libanês, Abdul Rahman El-Assir, de quem é grande amigo. Foi conselheiro de estado por nomeação directa de Cavaco Silva, função que ocupou com a "bênção" de Cavaco, até já não ser possível manter-se no lugar devido às pressões políticas e judiciais. Encontra-se actualmente, muito confortavelmente a viver em Cabo Verde.
Ferreira do Amaral
Ministro dos governos Cavaquistas. Comércio e Turismo, entre 1985 e 1990, Obras Públicas, Transportes e Comunicações entre 1990 e 1995. Foi nesta condição (ministro das obras públicas do governo Cavaquista) que assinou os contratos de construção da Ponte Vasco da Gama com a Lusoponte, e a concessão (super-vantajosa para a Lusoponte) de 40 anos sobre as portagens das duas pontes de Lisboa. Ferreira do Amaral é actualmente presidente do conselho de administração da Lusoponte. (Apenas por mera coincidência...)
Duarte Lima
Lider da bancada do PPD/PSD durante o Cavaquismo. Envolvido em transacções monetárias "estranhas" no caso Lúcio Tomé Feteira"."
sábado, 10 de setembro de 2011
Saqueador de voz meiga
Texto de José Eduardo Moniz hoje publicado no "Correio da Manhã "
"O ministro das Finanças alega que para fazer cortes racionais na despesa é preciso tempo. Creio que poucos discordarão de Vítor Gaspar. Só que, pela mesma ordem de ideias, exigir-se-ia que fosse igualmente cauteloso na forma como busca receita para o Estado.
O saque fiscal de que é o principal rosto assemelha-se ao comportamento de um cowboy do faroeste que dispara para acertar em tudo o que mexe. Recolhe consenso a ideia de que o ministro é bom técnico e esforçado estudioso. Começa, em contraste, a avolumar-se a noção de que lhe falta sensibilidade para conciliar a teoria com a realidade e o desejável com o possível, num país que não é uma abstracção e que é feito de pessoas .
A necessidade de controlar o défice e reduzir o endividamento revela-se tão óbvia que mal se ouvem vozes contestando o objectivo. As críticas avançam todas no sentido de considerar excessiva a austeridade que está a garrotear a economia e a avolumar a recessão, condicionando, de forma fatal, o relançamento. Com salários em perda e o desemprego a aumentar, acreditar na dinamização do consumo é mentira. Pelo contrário, vai diminuir ainda mais. Pensar que a recuperação se fará por via das exportações é ficcionar a dimensão do sector exportador nacional, demasiado pequeno para a ambição da tarefa .
Faz falta perceber qual o modelo macroeconómico que Vítor Gaspar tem na cabeça. Aumentar impostos e penalizar quem trabalha não é estratégia que abra portas ao crescimento. Se franqueia algumas, limita-se às que conduzem aos corredores da penúria, ao estrangulamento das pequenas e médias empresas e ao empobrecimento da classe média. Quem muito tem com muito continua, a avaliar pelo carinho com que é tratado pelas políticas fiscais, em contraste com quem vive exclusivamente dos salários. Mesmo um político ocasional, que se quer distinguir dos que levaram Portugal a bater no fundo, não pode abdicar de uma visão humanista e solidária, em nome de pragmatismos fundamentalistas. Também o ministro da Saúde ataca os problemas reduzindo serviços, cortando apoios, extinguindo comparticipações e fazendo o utente pagar mais por tudo. Atira-se ao que está mais à mão, sob a alegação de que a mudança estrutural é um processo lento, que exige tempo. Mas, afinal, foi a perspectiva de mudança profunda de paradigma que contribuiu fortemente para o derrube de Sócrates. Os portugueses não se esquecem disso e até agora ainda não entenderam para onde o Governo quer levar o País."
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Os limites da decência
Texto de José Rodrigues, Editor Política/Economia do "Correio da Manhã" hoje publicado nesse jornal.
"Na semana passada, o presidente e a coordenadora da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST) demitiram-se por considerarem "inaceitável que haja doentes [a precisar de transplantes] que se podem salvar e vão morrer porque o País está em dificuldades económicas". E têm razão, estamos perante algo que não podemos de modo algum aceitar.
Pode considerar-se que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi apenas infeliz ao afirmar que "o que temos de olhar é se podemos sustentar este número de transplantes", ou que não era bem isso que queria dizer. Mas o facto é que o disse, num discurso mais próprio do ex-director-geral dos Impostos… Apetece citar Guterres: "As pessoas não são números." Ou Sampaio: " Há mais vida para além do défice!"
Não há dinheiro para transplantes, para salvar vidas? É preciso cortar no orçamento da ASST (30 milhões de euros) quando o Governo vai sacar só este ano 2,3 mil milhões de euros em impostos? A Economia está, de facto, doente, são necessárias medidas drásticas, mas cortar nos transplantes passa os limites da decência. O Governo pretende ir mais longe do que o estipulado pela troika, mas está a ir longe demais. "
Billy the kid
Billy the kid foi um lendário bandido com cara de menino que viveu no oeste americano no fim do século XIX. Roubando, pilhando e matando quem se atravessava no seu caminho, atemorizou os cidadãos que estremeciam de terror ao ouvir o seu nome.
Portugal, neste inicio do século XXI, tem a sua versão de Billy the kid como Primeiro-Ministro, o rapazola liberal Pedro Passos Coelho.
Mentiras descaradas em relação ao que disse na campanha eleitoral, sobretudo em relação ao aumento de impostos e redução das gorduras despesistas do aparelho de Estado, uma completa ausência de preocupações de índole social que roça o patológico, um ataque cerrado aos rendimentos da classe média e a destruição do que ainda resta da pobre economia nacional, fazem com que os portugueses tremam de terror ao ver a sua cara de menino ou ao ouvir a sua bela voz.
Para ajudar à festa Passos Coelho tem a ajuda do mafioso Miguel Relvas, que vai distribuindo os "boys" laranjas pelos tachos e rodeou-se de um conjunto de liberais teóricos para destruir o que resta do Estado Social. Vítor Gaspar como Ministro das Finanças (na realidade, o cobrador de impostos), Álvaro Santos Pereira, o inexistente Ministro da Economia e Paulo Macedo, o "contabilista" que gere o Ministério da Saúde, são as caras que retratam os sinistros propósitos deste governo.
Pedro Passos Coelho substituiu o imbecil e vigarista Sócrates como Primeiro-Ministro mas, para além das falinhas mansas, Portugal está muito longe de perceber o que ganhou com a mudança de um para o outro.
Uma inutilidade cara
Transcreve-se a seguir um email que circula pela net sobre o escandaloso valor que nos custa o inútil Cavaco Silva enquanto presidente da republica,
"45 000€, por dia! Em Portugal, Sr, Presidente da República! É roubo
45 000€, por dia! É obra!...
Cagand"obra! anda pr"aqui um gajo a preocupar-se com a crise e a Moody"s, e estes gajos, a gastar à barbalonga, foska-se!
45 000€, por dia! É obra!...
Por dia...nada de confusões, por dia!!!.....
Ó meus Amigos, é que se as contas estão bem feitas,aíííí senhor presidente, vá lá cantar para sua rua...12 assessores e 24 consultores para ouvirmos suas intervençoes tão pouco incisivas ???!!!...
o "Zé" Mário Brancocantava, faz uns anitos já, assim - "Qual é a tua ó meu?..." E já agora... qual é a "vossa"?... Então fiquem-se lá com a "dele"...(a do senhor Silva...! [Jardim dixit ])
Fiquem bem... se for caso disso...
45 mil euros por dia para a Presidência da República.
As contas do Palácio de Belém
O DN descobriu que a Presidência da República custa 16 milhões de euros por ano
(163 vezes mais do que custava Ramalho Eanes), ou seja, 1,5 euros a cada português.
Dinheiro que, para além de pagar o salário de Cavaco, sustenta ainda os seus
12 assessores e 24 consultores,
bem como o restante pessoal que garante o funcionamento da Presidência da República.
A juntar a estas despesas, há ainda cerca de um milhão de euros de dinheiro dos contribuintes que todos os anos serve para pagar pensões e benefícios aos antigos presidentes.
Os 16 milhões de euros que são gastos anualmente pela Presidência da República colocam Cavaco Silva
entre os chefes de Estado que mais gastam em toda a Europa,
gastando o dobro do Rei Juan Carlos de Espanha (oito milhões de euros)
sendo apenas ultrapassado pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy (112 milhões de euros)
e pela Rainha de Inglaterra, Isabel II, que"custa" 46,6 milhões de euros anuais.
E tem o senhor Aníbal Cavaco Silva,
a desfaçatez de nos vir dizer que -
"os sacrifícios são para ser "distribuídos" por todos os portugueses"...
... "Atão" tá bem ó meu! ...
(...? E não se pode "privatizar" a Presidência da República ?...)"
Ordem para morrer
Texto de Manuel António Pina hoje publicado no "Jornal de Noticias" e que, certamente, teve por base as infelizes declarações de Paulo Macedo na entrevista que deu a Judite de Sousa na TVI, na semana passada. Disse o "esclarecido" Ministro da saúde que "se calhar, fazem-se mais transplantes do que devia ...".
Ficámos a saber que, na opinião deste "contabilista", há uma nova moda em Portugal, a dos transplantes e que os portugueses resolvem, por capricho, ir ao hospital mudar o fígado ou um rim. Claro que, com rendimentos (declarados em 2010) na ordem dos 800 mil euros, Paulo Macedo está muito longe de se preocupar com a sua saude e a dos seus pois sabe que terá sempre os recursos da maus cara medicina privada ao seu dispor, mesmo que venha a necessitar de um transplante.
É este tipo de gente que está, infelizmente, a dar cabo do País.
"O que, para além de toda a tagarelice justificativa, resulta das anunciadas medidas de redução da despesa (ainda apenas "planos"; "realizações" são, para já, a nomeação de centenas de 'boys' e dezenas de "grupos de trabalho", 11 só à conta de Relvas, três deles para o futebol) é que ou Passos e Portas não faziam a mínima ideia do que falavam quando criticavam as "gorduras" do Estado ou mentiam deliberadamente quando se atiravam como gatos a bofes contra Sócrates por aumentar os impostos (um e outro preocupavam-se então muito com as "famílias").
Andaram anos a chamar mentiroso e "Pinóquio" a Sócrates porque as suas políticas não coincidiam com as suas promessas e, em dois meses, não têm feito outra coisa senão desdizer-se. A solução que tinham na manga era, afinal, o empobrecimento geral (geral?, não: uma pequena aldeia de 25 magníficos continua a enriquecer escandalosamente à custa desse empobrecimento).
Agora, aos trabalhadores (Amorim excluído), pobres e pensionistas, juntam-se os doentes no lote dos "todos" a quem Passos e Portas cobram a factura da crise. No caso dos doentes, pagando com própria vida se for o caso: os responsáveis nacionais pelo programa de transplantações demitiram-se sexta-feira revelando que os cortes na Saúde "não respeitam a vida humana" e vão "matar pessoas". Não me parece que Paulo Macedo se preocupe com isso: trata-se de doentes crónicos, que só dão despesa..."
domingo, 4 de setembro de 2011
Por favor
Pedro Marques Lopes é um jornalista conhecido por ser um dos propagandistas do PSD. Este é o seu texto hoje publicado no "Diário de Notícias".
Pedro Passos Coelho, o rapazinho liberal que sucedeu a Sócrates no (des)governo do país deve estar a dizer "Até tu, Brutus, meu filho!".
"Tenho um pedido a fazer aos membros deste Governo: não anunciem mais planos de redução da despesa.
Prometo esquecer-me da famosa proclamação do primeiro-ministro, aquela em que Passos Coelho dizia existirem dois caminhos para a solução do problema do défice: reduzir a despesa ou aumentar impostos, sendo a dos socialistas a segunda e a dele a primeira. Vou varrer da minha memória as afirmações grandiloquentes de actuais responsáveis governamentais, que juravam a pés juntos haver um plano detalhado para o corte nos gastos supérfluos do Estado.
Assobiarei para o lado quando me recordarem as palavras do primeiro-ministro no Pontal, quando assegurava que até dia 31 de Agosto o grande plano ia ser apresentado e até Outubro estaria executado. Fingirei que não percebo nada de aritmética quando me falarem de um terço para isto e dois terços para aquilo. Estou disposto a jurar que quando Passos Coelho disse que seria intransigente na questão das deduções dos gastos em educação, habitação e saúde em sede de IRS e jamais as aprovaria, foi mal interpretado e não era isso exactamente que queria dizer. Quando Paulo Portas aparecer na televisão, vou só concentrar-me nas suas tarefas de ministro de Negócios Estrangeiros e não matutarei no esbulho fiscal que estava em marcha há uns meses. Vou deitar fora o livrinho do Álvaro, o ministro, para não ler o que ele escrevia sobre aumentos de impostos e a facilidade com que se ia cortar na despesa. "Cortes históricos" e "maior redução da despesa dos últimos cinquenta anos" são frases que não utilizarei. Sempre que ouvir falar em gordura, direi que desta vez vou mesmo emagrecer.
Não voltarei a perguntar onde é que afinal está o desvio colossal (o tal que existe mas ninguém diz onde) e desprezarei essa inutilidade chamada boletim de execução orçamental, que teima em malevolamente mostrar que até Junho a despesa desceu e a partir dessa data desatou a subir.
Estou disposto a isto tudo mas, por favor, não anunciem que neste ou naquele dia vão apresentar medidas de corte na despesa. É que é certo e sabido que vem aí um anúncio de mais impostos, o fim de deduções fiscais ou uma subida de preços.
Se esta minha amnésia auto-infligida não for suficiente, posso mesmo controlar-me e não rir às gargalhadas quando o ministro das Finanças voltar a dizer que um aumento de impostos é um exercício de solidariedade, achar normal que o documento de estratégia orçamental não dedique uma palavrinha que seja sobre incentivos ao investimento das empresas - a não ser que se considere o aumento de impostos uma medida potenciadora de mais investimento - ou como diabo se vai pôr a economia a crescer.
Sou capaz de respirar fundo quando pela milionésima vez se ceder às chantagens e desmandos de Alberto João Jardim, achar que os onze grupos de trabalho criados em dez semanas de governação são mesmo necessários - sobretudo os três dedicados ao futebol - ou engolir em seco ao ouvir o ministro para tudo e mais alguma coisa, Miguel Relvas dizer que vai antecipar o pagamento das dívidas da RTP para a poder entregar de boa saúde, sem ónus ou encargos, às dezenas de empresas que, com certeza, acorrerão ao concurso de privatização.
Receio, porém, que estas minhas promessas todas não sejam suficientes. Dia 15 de Outubro vai ser apresentado o Orçamento do Estado para 2012, e nessa altura vamos saber dos cortes, ou seja, é muito provável que surjam mais impostos. Talvez um imposto sobre os gordos, pois de forma evidente não estão a praticar a austeridade. Outro sobre os que tomam banho todos os dias, essa gente que desperdiça água. Até tenho medo de dar ideias, mas estou convencido de que não faltará imaginação ao Governo. Ou então pode ser que nos digam que interpretamos mal as palavras gordura e consumos intermédios. Gordura era assim como dizer salários, consumos intermédios era outra maneira de se falar em pensões, e será aí que irão ser feitos os cortes. É que só faltava mesmo essa.
Sou capaz até de ir a Fátima a pé, mas por favor não marquem mais datas para anunciar cortes na despesa. "
Já agora, aqui fica mais um titulo do "Diário de Notícias" de hoje.
"Aperta-se o cerco ao ministro Vítor Gaspar
Ferreira Leite arrasa a política fiscal. Marques Mendes questiona os insuportáveis sacrifícios. Pacheco Pereira critica a política do martelo. Soares avisa que Portugal está no limite. Barreto admite convulsão social. João Duque fala em pouca inteligência. O incómodo alastra no PSD e no CDS. "
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Ele anda por aí
Texto de Manuela Moura Guedes hoje publicado no "Correio da Manhã" acrescido de um post-scriptum aqui da pocilga.
"Quem pensou que se viu livre de Sócrates com as últimas eleições tire o cavalinho da chuva.
O homem já deu sinais de que não desistiu. Antecipar-se a Passos Coelho em encontros com Merkel e Zapatero revela uma completa falta de escrúpulo e vergonha. Mais uma vez. Só que agora há um primeiro-ministro eleito, goste-se ou não, e não é ele, Sócrates.
A sua diplomacia de mexerico em Berlim e em Madrid pode não ter efeitos práticos mas diminui a importância das visitas de Passos e cria desconfianças. Mais grave, mostra que Sócrates anda por aí. Que o deixam andar por aí. O grau de responsabilização de um governante é quase nulo. Limita-se a um castigo eleitoral mesmo que tenha levado o País à indigência, cravado de dívidas. No mínimo, com Sócrates, houve negligência e, no mínimo, deviam declará-lo interdito a exercer cargos públicos.
Em contrapartida, podia ensinar como se consegue viver em Paris, ou cá, sem ordenado e sem contas de poupança... Era de uma imensa utilidade para a população com uma herança socrática aos ombros. "
PS - A perspectiva de ver o imbecil vigarista Sócrates a concorrer às eleições presidenciais daqui a quatro anos é assustadora. Basta pensar que, num duelo com, por exemplo, Santana Lopes ou Durão Barroso, em quem é que os (ditos) partidos e eleitores de esquerda votariam? É ou não é uma perspectiva assustadora?