Texto de Viriato Soromenho Marques hoje publicado no "Diário de Notícias"
Thomas Jefferson, o
pai da Declaração de Independência dos EUA, manteve até ao fim da sua
vida uma hostilidade incondicional para com a especulação bancária. Ele
sabia, pela sua experiência de empresário agrícola, que o crédito se
tornava facilmente o veículo de uma escravatura perpétua. Por isso,
Jefferson, como estadista, formulou o saudável princípio de que uma
dívida pública não deve ser prolongada para além de 19 anos, sob pena de
uma geração esmagar a geração seguinte com os custos das suas dívidas.
Ficámos a saber que entre 1999 e 2013 as empresas públicas contrataram
1777 swaps com a banca de investimento, sobretudo internacional (onde se
encontrava até o Lehman Brothers...). Esses contratos, muitos deles
especulativos, atingem o valor astronómico de 335 mil milhões de euros
(mais do que quatro resgates da troika). Desde 1992, os governos já
tinham alienado uma parte da riqueza nacional futura às grandes famílias
económicas que controlam os cordelinhos das parcerias público-privadas
(implicando dezenas de milhares de milhões de euros dos contribuintes
para as próximas décadas). Agora, através das swaps, constatamos que
algumas dezenas de gestores públicos, através de atos que só podem ser
considerados como venais ou incompetentes, amarraram os portugueses a
uma dívida potencialmente infinita. Sem controlo político nem supervisão
técnica. Portugal terá de escolher entre voltar a ser um Estado ou
aceitar ser um ativo tóxico da banca especulativa instalada na praça de
Londres. É por essa decisão que passa a "reforma do Estado". E não pelo
confisco de mais alguns milhões de euros aos que menos têm, como se
prepara para acontecer no Orçamento que os regedores de São Bento
preparam para 2014
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Futuro hipotecado
Etiquetas:
governo,
passos coelho
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário