Rui Rangel é um juiz muito conhecido por participar como comentador em vários programas televisivos.
Em artigo de opinião hoje publicado no "Correio da Manhã" Rui Rangel ironiza sobre a responsabilidade de Sócrates no estado calamitoso em que se encontram as contas publicas.
"A mentira, a verdade e o erro"
"Hoje trago-vos a estória da mentira, da verdade e do erro, que conviveram alegremente, à boa maneira lusitana, dando exemplo daquilo que não pode ser feito numa democracia que se quer civilizada e respeitada. Nem o peso da nossa história, enquanto povo que já foi grande, inibiu este espectáculo deprimente. Então vamos ao que interessa, à estória da mentira, da verdade e do erro.
A crise financeira, de bancarrota, em que se encontra o Estado Português, ao ponto de já não ter crédito junto dos mercados financeiros internacionais, não tem responsáveis. Ninguém falhou, ninguém se chega à frente para assumir culpas. Mas porque havia o governo de se imolar na fogueira quando está inocente. É "mentira" que foi o Governo Sócrates que errou, que governou à deriva e que nos fez embater neste enorme iceberg, que nos deixa de mãos estendidas. Ao ouvir Teixeira dos Santos, com uma prosa arrogante e altiva, fica a ideia de que quem errou, quem foi incompetente, quem o obrigou a tomar estas medidas de austeridade e a fazer este péssimo orçamento de controlo do défice foram os portugueses e já agora alguma oposição. Tem razão senhor ministro.
A "verdade" é que foi este povo desobediente, pouco trabalhador e com falta de consciência cívica que obrigou o governo a gastar demais, a fazer despesas típicas dos Estados ricos, e a fazer as parcerias públicas-privadas com as derrapagens financeiras que todos conhecem.
O povo português devia pedir desculpas ao Governo Sócrates por existir, por respirar e por comer, de vez em quando, melhor. E devia assumir o erro porque não foi capaz de deixar o governo em paz a governar, que só incomodou e exigiu. Que, com a informação que dispunha sobre as contas públicas e sobre as despesas faraónicas do Estado, devia ter indicado o caminho certo da governação, não o caminho da rua mas o da disciplina orçamental tão apregoada agora. O nosso povo é ingrato, talvez este mal já venha do berço da nacionalidade, ao não compreender as horas não dormidas do nosso ministro e o esforço que foi feito para produzir este Orçamento de salvação nacional. Como é que se pode dizer que Sócrates "mentiu" sobre o estado das finanças públicas, quando sempre falou "verdade" e quando o seu Ministro das Finanças disse há um ano que estas respiravam de boa saúde. Como é que se pode exigir que peça desculpas quando não errou. Foi obviamente a crise financeira mundial que quando muito o obrigou a errar. Mas mesmo assim tenho dúvidas do erro. A hermenêutica sobre a mentira e o erro é confusa e baralha até os espíritos mais atentos. Será que eu já estou baralhado sobre a mentira, a verdade e o erro!? Como disse Joseph Goebbels, no Terceiro Reich é mais fácil as pessoas acreditarem numa Grande Mentira dita muitas vezes, do que numa pequena verdade dita apenas uma vez."
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
A mentira, a verdade e o erro
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Os cinco cavacos
Daniel Oliveira é jornalista do "Expresso" conhecido por ser muito próximo do Bloco de Esquerda.
No artigo hoje publicado e aqui a seguir transcrito traça um retrato interessante do passarão que nos calhou em sina para Presidente da Republica, Cavaco Silva.
Pena é que a memória dos povos seja tão fraca.
"Os cinco cavacos"
"Cavaco Silva apresenta hoje a sua recandidatura. Foi ministro quando eu tinha 11 anos. Pode sair da Presidência quando eu tiver 46. Ele é o maior símbolo de tantos anos perdido. E aqui se fala das suas cinco encarnações.
Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.
O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de desenvolvimento deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de económico que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.
O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.
O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.
O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.
Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber. Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.
E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.
Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos."
sábado, 23 de outubro de 2010
O senhor de fato cinzento
Contava o inesquecível Raul Solnado numa das suas inesquecíveis rábulas que em sua casa andava um senhor de fato castanho que ninguém sabia quem era nem o que fazia.
Portugal está como o Solnado. com um senhor de fato cinzento que, embora todos saibam quem é, ninguém sabe o que faz.
Esse "senhor" é Cavaco Silva, presidente da republica há cinco anos e que se prepara para ver o mandato renovado por mais outros cinco.
Numa entrevista hoje publicada no "Expresso", Cavaco Silva diz, entre outras tretas, sentir-se cada vez mais perto dos portugueses e presenteia-nos com algumas tiradas "memoráveis".
Diz o "senhor" ser uma das pessoas que melhor sabe o que se passa sobre a situação em que o país se encontra mas, logo a seguir, admite não saber que estava tão mal e sentir-se triste por ter chegado a este ponto.
Não foi este "senhor" que começou a aumentar o peso do estado promovendo a criação de institutos públicos para colocar os seus militantes do psd?
Não foi este "senhor" que desbaratou incontáveis milhões e milhões de euros de fundos estruturais recebidos da Europa e que ninguém sabe onde foram parar?
Não foi este "senhor" que, quando era primeiro ministro e "bom aluno" da Europa, destruiu a industria e a agricultura nacionais a troco de mais uns quantos subsídios que entraram nos bolsos dos seus correlegionários do psd?
Diz o "senhor" que Portugal tem de se virar para o mar porque aí reside o futuro da economia.
Mas não foi este "senhor" que, quando era primeiro ministro e "bom aluno" da Europa, destruiu as frotas nacionais, da mercante à pesqueira?
Diz o "senhor" que não lhe passa pela cabeça demitir Sócrates e o seu governo porque defende a estabilidade.
O facto do primeiro ministro ter conduzido o país à quase ruina é, na opinião do "senhor", totalmente acessória pelo que dá o aval à manutenção do governo e à estabilidade do caminho para o abismo.
Diz o "senhor" que passa muitas horas a ler jornais e revistas.
Perfeitamente compreensível já que o "senhor" precisa de ocupar o muito tempo que tem livre por não fazer nada.
Fosse o povo português menos fatalista e resignado e este "senhor" estaria atrás das grades acompanhado por Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e, claro, José Sócrates.
Infelizmente, para Portugal, o "senhor" vai ter mais cinco anos sem fazer nada.
Corte cego no abono
Armando Esteves Pereira é Director-Adjunto do Correio da Manhã onde hoje assina um interessante artigo de opinião sobre a insensibilidade social de Sócrates, o tal que aparece diariamente nas noticias a defender o "Estado Social".
"Corte cego no abono"
"O primeiro-ministro, que se proclama defensor do Estado Social, é o mesmo que vai cortar o abono de família a 383 mil crianças e reduzir a prestação extra a quase um milhão.
E, no decreto publicado ontem em Diário da República, o Governo ainda tem a ousadia de dizer que esta medida tem o objectivo de reduzir a despesa pública "mantendo um adequado nível de protecção social". Se tirar o abono a um casal com um filho em que cada um dos pais tenha um rendimento bruto de 630 euros é manter o nível de protecção social, está tudo dito. Estas pessoas que levam para casa pouco mais de 500 euros/mês, porque ao salário bruto tem de ser descontada a taxa de 11% para a Segurança Social, arriscam-se também no próximo ano a sofrer um agravamento do IRS.
O abono de família é uma almofada importante no orçamento dos agregados que vão perder a prestação. Por exemplo, uma família com três filhos em que a soma dos salários dos pais seja superior a 2516 euros (1258 brutos cada) perde a partir de Novembro 67,77 euros/mês. Pode parecer que não é muito dinheiro, mas faz muita diferença. Estes cortes cegos no apoio às crianças acontecem num País cada vez mais envelhecido, onde faltam por ano 40 mil bebés para manter a normal substituição de gerações. Mas há uma razão para este défice demográfico: como mostram as estatísticas, ter filhos aumenta o risco de pobreza. Os novos cortes agravam esse risco. "
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Os culpados escapam sempre
Mais um excelente texto de Baptista Bastos hoje publicado no Diário de Noticias.
"Os culpados escapam sempre"
" O Orçamento, aquilo que dele conhecemos, impõe-nos a obediência total a uma tremenda iniquidade. Falemos de servidão, afinal o que as circunstâncias favorecem: não podemos desobedecer porque o imposto de submissão, engendrado pelo Governo PS, abate-se sobre nós, e responsabiliza-nos sob a fórmula de "o interesse nacional". Expressão cuja lógica é a de comprometer toda a gente menos aqueles que, rigorosamente, são os culpados. O clamor de protestos que se escuta por aqui e por ali conduz-nos ao carácter relacional do poder. E induz-nos a reflectir sobre a sua natureza. No caso português, sobre a monstruosidade das suas aberrações.
A crise do sistema prolonga a argumentação deste Governo que não soube prever as condições históricas, nas quais o capitalismo se movia, e oculta as suas derivas e as suas incompetências com uma retórica "balsâmica". Ouve-se o primeiro-ministro e não se consegue descortinar onde está o "normal" e o "patológico". Mas também não distinguimos os objectivos de Passos Coelho, com o carácter das suas ofensivas sociais e a qualidade da democracia que diz defender. Que raio de democracia é esta, a de Passos, e aquela sob cujo paradigma temos vivido?
A encruzilhada na qual o País convenciona a sua perplexidade é bem pior do que a questão económico-financeira. É a ausência de alternativa. O Governo estrebucha. O PSD não serve. O rotativismo resultou neste imbróglio onde inexiste a racionalidade política, e as excrescências do improviso e as técnicas impositivas (para não dizer: repressivas) se sobrepõem aos próprios conceitos de democracia. Quando vinte por cento da população vivem abaixo do limiar da pobreza, e cerca de 600 mil portugueses estão desempregados; quando a nossa mocidade vai embora e licenciados ganham a vida nas caixas registadoras de supermercados, está estabelecida uma desapropriação social horrorosa. Goste-se ou não, foi-nos imposta uma forma de sociedade totalitária, sob a capa de "democracia de superfície". Nem o PS nem o PSD contrariaram a perda de valores e de padrões, comum à hierarquização do dinheiro que a nova ordem económica incutiu e estimulou.
As nossas sociedades actuais ainda dispõem das virtualidades, intrínsecas à ética republicana e à moral democrática? Em Portugal, muitos que beneficiaram da ruptura do 25 de Abril não são aqueles que pela liberdade se bateram e inúmeros perigos correram. Não há um destes, um sequer, que tenha três e quatro reformas; ou que receba, mensalmente, 3500 escudos (moeda antiga) de pensão vitalícia e actualizada, por seis meses de funções numa poderosa instituição bancária pública.
Vê-se a dificuldade da questão. Mas alguma coisa tem de ser feita. Os bárbaros estão às portas de Bizâncio."
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
CHEGA!
Há que acabar com estas situações.
No seu blog "desmitos" (http://desmitos.blogspot.com/), o economista Álvaro Santos Pereira denuncia a entrega de metade das receitas previstas com o aumento do IVA a uma das empresas do universo Mota-Engil do socialista Jorge Coelho.
O assunto é tão importante como escandaloso, pelo que o reproduzimos aqui.
"SUBIR O IVA OU AJUDAR A ASCENDI?"
"Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos?
Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores. Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011)
Quem é a ASCENDI? É uma das empresas que tem ajudado o governo na sua cruzada de "modernização" do país através da construção de mais de 850 quilómetros de auto-estradas em diversos pontos do país. E quem são os principais accionistas da ASCENDI? Depende da concessão em causa, mas são maioritariamente a Mota-Engil (entre 35% e 45% do total), a ES Concessões (detida pela Mota-Engil) e a OPway, entre outros.
Na sua mensagem de missão sobre a parceria da empresa com o nosso Estado, a ASCENDI revela bem o que lhe vai na alma: "Vemos o Estado Português como uma entidade que se confunde com o país, com o bem-estar e com o bem comum."
Pois é. E é esta "entidade que se confunde com o país" que prefere subir o IVA, taxar os contribuintes e cortar nas despesas da Educação e das prestações para reforçar a estabilidade financeira de uma empresa privada.
No entanto, se o Estado não tivesse interessado no "equilíbrio financeiro" da ASCENDI ou se, pelo menos, tivesse tentado renegociar contratos e prazos com esta empresa, talvez tivesse sido possível evitar parte do corte salarial dos funcionários públicos ou, pelo menos, evitar a subida do IVA em um ponto percentual.
Mas não. Afinal, por que é que haveríamos de nos preocupar com a descida do rendimento disponível dos portugueses ou com os efeitos recessivos que a subida do IVA provocará se o que está em causa é o "reforço da estabilidade financeira" da ASCENDI?"
Quanto mais tempo vai o povo aturar estes vigaristas à frente do governo do País?
No programa "Opinião Publica" desta manhã da SIC Noticias, um espectador disse que os militares deviam prender Sócrates e os seus capangas e julgá-los em tribunal marcial.
Parece que já faltou mais!
domingo, 17 de outubro de 2010
Responsabiliza-los
Pouco a pouco, jornal a jornal, programa a programa, mais e mais gente começa a ter consciência de como os políticos partidários têm, ao longo de muitos anos, desperdiçado e roubado os recursos do País e começam agora a falar em responsabiliza-los por isso.
Sábado, 16 de Outubro de 2010, programa "Plano inclinado" na SIC Noticias.
O moderador é Mário Crespo acompanhado, como sempre, por Medina Carreira e com os convidados João Cantiga Esteves e Tiago Caiado Guerreiro, ambos conhecidos comentadores de temas económicos.
Uma das conclusões finais do programa foi que a "sanção" de perder eleições e ir embora descansar não é suficiente.
Quem esbanja dinheiros públicos devia ser responsabilizado quer criminal quer patrimonialmente.
A verdade é que isto devia ser retroactivo até ao tempo de Cavaco Silva como primeiro-ministro já que é um dos maiores responsáveis pelo atraso em que o País se encontra tendo desperdiçado milhões e milhões de euros dos fundos europeus.
Pouco a pouco as consciências vão despertando e a esperança de mudança é agora real.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Canalhas
José Sócrates e o seu Ministro das finanças, Teixeira dos Santos, vão apresentar hoje o orçamento de estado para 2011 e, pelo que é já conhecido das suas linhas mestras, o País e o povo vão sofrer duramente com as medidas drásticas anunciadas.
Redução nos vencimentos dos funcionários públicos, maior carga fiscal sobre trabalhadores e reformados e redução dos apoios sociais.
São estas as receitas do incompetente Teixeira dos Santos, e que o imbecil Sócrates valida, para reduzir o défice e acalmar os "mercados" que nos emprestam dinheiro.
Do alto das suas chorudas pensões, os "notáveis" da nação aprovam as medidas propostas sem qualquer tipo de preocupação pelas dificuldades que o povo vai enfrentar e pela recessão que se vai fazer sentido na economia nacional.
Ao mesmo tempo que se vê uma brutal aumento na carga fiscal, com impostos a subirem a níveis nunca antes vistos para as familias, dizem estes governantes que vão criar um imposto especial para os bancos, variável entre 0.01 e 0.05 por cento e que vai incidir sobre os depósitos, Curiosamente, o presidente da CGD já afirmou que iria fazer passar esse valor aos clientes onerando os serviços e taxas.
Vê-se também não existir nenhuma medida para reduzir o desperdício do aparelho, não eliminando institutos, fundações, empresas publicas e outros organismos que servem apenas para colocar militantes socialistas.
Este aspecto foi ontem confirmado por Henrique Neto, empresário e destacado militante PS, que na TVI 24, afirmou alto e bom som que, na ultima reunião desse partido, Sócrates disse não poder tocar nesses organismos porque é aí que coloca os socialistas que lhe permitem controlar o aparelho partidário.
Nessa mesma noite e no mesmo canal de tv, Marques Mendes, ex líder do PSD, denunciou os aumentos nas chefias de algumas empresas do Estado, que variam de 34 a 65 por cento. Administração do Porto de Lisboa, CP e Carris são algumas das empresas que, ao mesmo tempo que dão enormes prejuízos, recompensam os seus administradores com estes escandalosos aumentos.
O que fazem Sócrates e Teixeira dos Santos a este respeito? Nada.
Aliás, é também sintomático que poucos dias antes de 29 de Setembro, o dia negro em que Sócrates anunciou as medidas de austeridade, o mesmo Sócrates renovou, por despacho, a colaboração de quatro assessores do seu gabinete. A justificação é que se trata de "cargos de nomeação política".
A revista "Sábado" da passada semana traz um interessante artigo sobre o que ganham os boys do PS nas empresas publicas. Esse artigo está agora disponível online e pode ser lido em http://www.sabado.pt/Multimedia/FOTOS/Dinheiro/Vazio-%28NAO-GRAVAR%29-%281%29.aspx.
Luis Nazaré, Ascenso Simões, Luis Patrão são os nomes mais conhecidos da lista, a que se juntam outros mais obscuros cujos únicos méritos conhecidos são a militância socialista.
Há uma palavra, um adjectivo, que bate certeiro em Sócrates e na escumalha que o acompanha:
CANALHAS
A tudo assiste o povo com resignação. com sentimentos mistos de revolta e de impotência, por se pensar nada ser possível fazer para acabar com esta situação.
Curiosamente muita gente olha para os partidos políticos como para os clubes de futebol e há quem diga que sempre votou no PS mas, porque eles se estão agora a "portar" tão mal, deixaram de votar.
Esta é uma situação que urge combater.
Está na hora do povo dizer BASTA e lutar contra a "oligarquia" partidária.
Está na hora de correr com os canalhas que estão a destruir o País.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Acabem com os vereadores
A actualidade politica do País está centrada na aprovação ou não do orçamento de estado que o (des)governo socialeiro de José Sócrates vai apresentar no parlamento.
A opinião geral é que o orçamento tem de ser aprovado sob pena do diluvio financeiro nos cair em cima se não for.
Dizem os arautos da desgraça que o FMI e os "mercados" nos levariam à bancarrota se o imbecil Sócrates se demitisse e o País ficasse sem governo e sem politicas económicas de combate ao deficit.
Nem vale a pena sequer falar sobre esta politica suicida de redução dos deficits levada a cabo na Europa neoliberal dominada pela Alemanha de Ângela Merkel, mas o que vale a pena é saber o que pode ser feito para reduzir a despesa dos estados sem ser à custa da redução dos salários e dos apoios sociais.
Correm por aí listas de entidades publicas que devem ser extintas.
Institutos, fundações, empresas publicas, já dissemos que a sua passagem a meras direcções gerais pouparia mais de 400 milhões de euros só por eliminar as administrações do entachados.
Mas há mais, muito mais, onde cortar assim haja vontade politica para o fazer.
Os vereadores das câmaras municipais são os próximos em linha para serem eliminados.
É sabido que esta gente, com ou sem pelouros atribuídos, arrastam atrás de si gabinetes de assessores, secretárias e adjuntos que custam os olhos da cara ao erário publico.
É também sabido que as funções dos vereadores podem ser desempenhadas mais eficazmente por serviços camarários com direcções nomeadas por critérios de competência e não por compadrio politico ou familiar.
Os vereadores são um sub-produto da chamada democracia autárquica pois existem para dar a ideia (falsa) de que as câmaras são, em si, organismos democráticos onde se debatem as ideias e os projectos para melhorar a vida dos munícipes.
Esse debate deveria ser feito a nível das assembleias municipais, que deveriam ter poder para viabilizar o que de bom saísse da cabeça dos presidentes das câmaras e chumbar o lixo que não fosse útil à população.
Assim houvesse coragem para alterar a Constituição e acabar com os vereadores e a despesa das autarquias baixaria drasticamente.
Não são só so seus vencimentos mas também os da suas cortes, as viaturas, os despesas de representação, etc, etc, etc.
O País ficava melhor sem vereadores.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Eles protegem-se uns aos outros
Artigo de opinião de baptista Bastos hoje publicado no "Jornal de Negócios"
"Chegará o dia em que todos lhes pediremos contas."
"É uma frase extraída de um email que me enviaram. Temo que as coisas não irão passar-se rigorosamente assim. As alternâncias de poder, entre o PS e o PSD, têm permitido que eles se protejam e ocultem uns aos outros. Mentem, aldrabam, entram em conflito com as nossas carteiras, enriquecem, sucedem-se nos Governos, seguem a caminhada para gestores, administradores de instituições públicas, uma, duas, três reformas, e nada lhes acontece. A impunidade lavra nesta II República (os 48 anos de fascismo foram um interregno), e ninguém é responsável por coisa alguma.
A I República cometeu erros crassos, mas era constituída por homens virtuosos. E esta qualidade só pode ser omitida por "historiadores" de terceira divisão. O centenário da Implantação decorreu com a pompa que a efeméride merecia. Dois ou três preopinantes bolçaram umas injúrias, apagando com zelo os crimes monstruosos da monarquia. É lá com eles. Mas esses atropelos à verdade escarmenta-os como vulgares canalhas. Nada a fazer. Um canalha é um canalha, um canalha, um canalha.
A desgraça que tombou em Portugal resulta da pequenez do nosso espírito. Roma não pagava a traidores. Portugal promove-os. Os "políticos" que têm dirigido o País, desde a "normalização" de Novembro de 1975, são minúsculos morais ante a grandeza e a decência dos homens do 5 de Outubro. Ouvi, como muita gente, creio, os discursos de Sócrates e de Cavaco. A miséria do pensamento destes dois cavalheiros é proporcional ao seu espírito. Cavaco, esse, chega a ser deplorável, e até Luís Delgado lhe colocou reservas. Em forma e em conteúdo, tanto um como outro atingiram o grau zero da compreensão.
A fome alastra entre nós. Os ministros deviam vestir-se à paisana, deslocar-se até à Sopa do Sidónio, em frente à igreja dos Anjos, e indagar, junto daquelas centenas de desafortunados que se juntam, ali, diariamente, em busca de um pão e de uma sopa, a origem dos seus infortúnios. Obteriam respostas surpreendentemente dolorosas. Assinalamos o Ano da Pobreza e da Exclusão (parece que é assim a designação da piedosa lembrança), dizemos umas palavras comovidas, ou passamos indiferentes, ou entregamos um óbulo misericordioso, e desandamos para a nossa vidinha.
As coisas não acabam desse modo. A questão, a gravíssima questão, é política. E os responsáveis são, naturalmente, os políticos. Temos assistido à birra dos dois dirigentes do rotativismo. Um vai ser corrido, como tudo o faz supor. O outro, com as ameaças que faz, sobretudo à Constituição, fornece-os o retrato de uma completa distorção do País. Nem um nem outro servem. Então, quem? Depende de nós, aí sim, uma alteração de rumo.
Há anos que Portugal anda ao deus-dará. Nunca é de mais insistir na calamitosa herança do dr. Cavaco, um dos mais ineptos primeiros-ministros que tivemos. O monstruoso embuste criador em torno deste senhor é, ele mesmo, monstruoso. E os tenores que lhe entoam loas têm sido copiosamente beneficiados pelo "sistema". As coisas estão estruturadas e foram montadas de forma a não haver deslizes. E eles estão por toda a parte: nos jornais, nas televisões, nas rádios; nos "comentadores" que, sem sobressalto, transitam para as abas do poder, sem vergonha nem um pingo de compostura. Agora, anda por aí um, balofo e zeloso, ainda não há muito grave "analista", na televisão do Estado, dos fenómenos políticos circundantes. O caminho foi iniciado. Vejamos o que se segue.
O ambiente é de cortar à faca. Tenho por hábito percorrer as ruas de Lisboa, conversar com as pessoas, e cada dia me convenço mais de que estes cavalheiros estão a enfiar-nos numa camisa-de-onze varas - mas não sabem prever a explosão social que se aproxima. Penso no seguinte: se não estivéssemos inseridos nesta "União Europeia" (muito desavinda) a situação teria, certamente, tomado outro caminho. O que não impede de o desgosto, a inquietação e o desespero dos portugueses escolherem um atalho, de certeza mais agressivo e violento do que as marchas de protesto.
O que nos enoja é assistir às análises, aos prognósticos, aos palpites e às sugestões de bravos e distintos economistas, gente de alto préstimo e com duas e três reformas chorudas, a propor que se reduzam ainda mais os salários, e que caia nos lombos dos pobretanas o sarrafo das "restrições". Dizem eles que é para bem do "interesse nacional" expedito palavrão que tem encoberto as mais sórdidas infâmias."
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Do outro mundo
Constança Cunha e Sá, jornalista da TVI e do Correio da Manhã, é uma das vozes que mais certeiramente criticam o imbecil que temos à frente do governo, o primeiro-ministro José Sócrates.
O seu artigo de opinião hoje publicado no Correio da Manhã (transcrito a seguir) é mais um prego no caixão de Sócrates, mais um abrir de olhos para os que ainda se deixam seduzir pelas palavras sem valor de tal personagem.
"Do outro mundo"
"Já se sabia que, na dura cabecinha do engº Sócrates, o mundo mudava, com alguma frequência, em dois ou seis dias, consoante os erros do Governo e os estados de alma do primeiro-ministro.
Foi assim que surgiu, subitamente, dando cabo do mundo em que ele vivia, o PEC II e o seu famigerado aumento de impostos. O plano, congeminado com o PSD, tinha, na altura, a superior vantagem de suprir as nossas necessidades para os anos de 2010 e de 2011.
Quatro meses depois, ficamos a saber, pela voz do primeiro-ministro, que por força de um submarino o Governo não conseguiu sequer cumprir os objectivos que tinha anunciado para 2010. O mundo mudou? Aparentemente, sim. De repente, parece que deu à costa, vindo do nada, um submarino que o Governo só tencionava pagar em 2011 – e que seria de esperar, por isso, que estivesse incluído nas contas do PEC II, mas isso seria, de facto, esperar demasiado.
Já no que toca ao ano de 2011, o mundo não mudou: deu uma pirueta tal que "convenceu" finalmente o primeiro-ministro a anunciar medidas que ele, no mundo em que vivia, sempre negou que tomaria.
O preço desse convencimento tardio? Não existe. No seu mundo, o que conta são as responsabilidades dos outros: dos mercados, dos partidos da oposição, das previsões pessimistas, dos trabalhadores insatisfeitos, dos comentadores que o criticam e, por aí fora, numa lista infindável de culpados da qual, obviamente, ele não faz parte.
No seu mundo, o engº Sócrates é apenas, na sua infinita clemência, uma vítima das circunstâncias, ou seja, uma vítima do mundo onde não vive há muitos e bons anos. Infelizmente, esse mundo que tanto o surpreende, obrigando-o a dar, todos os dias, o dito por não dito, é aquilo que muito prosaicamente se chama realidade – e a realidade, como já deu provas mais do que suficientes, não se compadece com os "convencimentos" do primeiro-ministro.
Assim sendo, é natural que as garantias do primeiro-ministro se tenham transformado, com o tempo, numa série de palpites que têm o condão de nunca se realizarem. De palpite em palpite, de desastre em desastre, o engº Sócrates vai afundando o país num rol de medidas de austeridade, tomadas a eito, por imposição da União Europeia e dos mercados internacionais, sem que se consiga descortinar nelas uma linha de rumo minimamente credível.
Por junto, o primeiro-ministro limita-se a garantir que o crescimento do PIB se vai manter em 0,5 por cento apesar de reconhecer o efeito recessivo das medidas que anunciou. Um palpite, aliás, que já foi desmentido pelo FMI e pelo Banco de Portugal. Como seria de esperar."
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Protesto contra o regime
Mais uma voz a lançar uma pedrada no charco que é a politica partidária portuguesa.
Desta vez é Pedro Tadeu, jornalista comentador do "Diário de Noticias", em texto de opinião hoje publicado nesse jornal e que aqui transcrevemos.
Está na hora do povo português se erguer e correr com a corja politico-partidária.
"Protesto contra o regime"
" Tentam convencer-nos que é mesmo inevitável o tipo de medidas que José Sócrates anunciou na semana passada. Dizem que para vencer uma crise, provocada por anos e anos de loucura no mundo da alta finança, por um lado, e por abuso irresponsável e corrupto dos recursos do Estado, por outro lado, os trabalhadores e a classe média terão de fazer enormes sacrifícios. Não há, garantem, outra alternativa.
Toda esta lógica de legitimação da pura injustiça, repetida vezes sem conta por políticos dos quadrantes políticos que têm governado Portugal, por economistas que dependem ou trabalham para o grande capital financeiro e por cronistas e jornalistas do regime, que apenas divergem na forma e não no essencial do conteúdo que opinam, tenta encaminhar-nos para o conformismo, para deixar cair os braços, para aceitar esta sentença sem que se recorra a qualquer apelo.
Explicam-nos que é a União Europeia a impor os cortes orçamentais e a contenção de despesa que ameaça levar à ruína as pessoas, os portugueses. Que esse sacrifício da vida real, que vai apanhar todos, é para tentar salvar as contas públicas, que apenas alguns geriram sem qualquer sentido de realismo e sem qualquer castigo. Adiantam--nos mesmo ser a chanceler alemã a forçar este tipo de gestão do Estado. E ninguém se preocupa por Portugal, que mal ou bem, com bons e maus governos, com tempos de fartura e outros de miséria, que sobreviveu independente e soberano mais de 800 anos, estar assim a prescindir de se governar a si próprio para tentar forçar rapidamente um hipotético e duvidoso equilíbrio financeiro.
E também já ninguém quer saber o que dizem inúmeros economistas americanos ou europeus, muitos deles tão embrulhados no regime político, na globalização e no poder financeiro quanto os que nos atazanam os ouvidos por cá, a jurar que estas medidas, estes cortes radicais, estas reduções de salários, estes aumentos de impostos, toda esta depressão que nos cai em cima, em vez de curar o doente vai matá-lo com o remédio.
E não é a discutir se José Sócrates mentiu ou não mentiu que algo de essencial se vai apurar. O que percebemos é que se tivéssemos outro primeiro-ministro comprometido com esta lógica da União Europeia e do mundo financeiro, não teríamos melhor sorte. O que percebemos é que quando o povo for protestar para a rua - porque os tempos o estão a obrigar a isso -, não fará apenas contra quem governa. O protesto, que se inicia com a greve geral de 24 de Novembro, pela primeira vez desde há pelo menos 20 ou 25 anos, fermenta pura revolta contra todo o regime. Isso é novo."
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Afinal havia crise
Marques Mendes foi um principais ministros dos governos de Cavaco Silva e um dos seus sucessores na liderança do partido.
Nessas condições foi, também, um dos principais co-responsáveis pela base da situação a que chegou o País pelo que, normalmente, as sua opiniões não seriam dignas de nota.
No entanto, em artigo de opinião hoje publicado no "Correio da Manhã", e que é transcrito a seguir, Marques Mendes faz uma boa análise e síntese da actuação de José Sócrates enquanto Primeiro Ministro, propaganda, mentira e incompetência.
É incrível como, de acordo com as ultimas sondagens, ainda há um terço de portugueses que se deixam encantar pelas palavras do crápula e vigarista que tomou conta do partido socialista e, por arrastamento, do País.
"Afinal havia crise
Foi e é a propaganda a grande imagem deste governo. Eles nunca souberam governar.
Durante meses, o discurso oficial era categórico: Portugal estava no bom caminho, as previsões orçamentais estavam certas, éramos os campeões do crescimento na Europa, um verdadeiro caso de sucesso. Quando muitos vaticinavam a necessidade de mudar de vida, logo o governo os apelidava de profetas da desgraça. Onde muitos viam o país a resvalar para o precipício, o primeiro-ministro só descortinava razões para optimismo.
Até que surgiu o duríssimo programa de austeridade da semana passada. Um programa que chocou o país e fez muito boa gente abrir a boca de espanto e revolta. Afinal era tudo propaganda e mentira. Afinal havia crise.
Num ápice, caiu a máscara e todos pedem explicações. Afinal o que falhou? À boa maneira dos políticos sem vergonha, o primeiro-ministro não explica. Em duas programadas entrevistas televisivas, o Hugo Chávez à portuguesa despreza tudo – a verdade, a explicação, a inteligência dos portugueses.
Em boa verdade, não há nada a explicar. Está tudo explicado há muito tempo, em três palavras: irresponsabilidade, incompetência e propaganda. Só não vê quem não quer ver.
Foi a irresponsabilidade que conduziu em 2009 às eleições mais caras de sempre. Para sacar votos, mesmo hipotecando o futuro, Sócrates fez de tudo: aumentou em grande os funcionários públicos, o abono de família e as reformas, baixou o preço dos medicamentos, meteu dinheiro a eito nas empresas do regime, até acorreu com milhões ao BPN, tentando salvar com a política aquilo que era e é um caso de polícia. Com a mesma irresponsabilidade chegámos ao desastre deste ano – mais impostos e mais despesa, menos economia e menos emprego.
Foi a incompetência que nos trouxe até aqui – cinco anos de governação que empobreceram o país, com o défice mais alto de sempre, o maior desemprego de sempre, os impostos mais altos de sempre, a maior dívida pública de sempre, as maiores desigualdades sociais de sempre, a maior desfaçatez de sempre.
Foi e é a propaganda a grande imagem de marca deste governo. Eles nunca souberam governar. Especializaram-se, sim, na propaganda. Na arte de manobrar, controlar, mentir e enganar.
Só que não é possível enganar toda a gente durante o tempo todo. Por isso, o primeiro-ministro assinou na semana passada a sua própria certidão de óbito político. É que ninguém aceitará ser enganado durante mais tempo.
Pena é que, por descobrir a verdade, todos tenham de pagar esta factura pesada. Provavelmente por muitos e bons anos."
sábado, 2 de outubro de 2010
Zurrapa
Quinta-feira passada num colóquio na Universidade de Coimbra Mário Soares teve uma saída muito interessante.
Falando a propósito dos actuais lideres europeus comparou os políticos ao vinho dizendo que, sem que se saiba exactamente porquê, há épocas em que o vinho é esplêndido e outras em que simplesmente não presta.
Mário Soares deve saber o que diz.
Sendo um dos mais velhos políticos nacionais, ainda lúcido ao que parece, foi ele que nos fez entrar na Europa e é ele que recebe milhões de euros do orçamento de Estado, através da sua fundação, sem que se saiba muito bem para quê.
Transpondo as suas palavras para a politica nacional e, tendo sido ele um dos pais do nosso sistema politico partidário, só resta dizer que, neste momento, de Cavaco Silva, José Sócrates e Passos Coelho até ao ultimo deputado eleito pelo Bloco de Esquerda ou pelos Verdes, o que nos estão a servir é uma autêntica zurrapa feita a martelo pelas direcções partidárias.
Está na altura de os mandar a todos para o lixo da História!