O desígnio maior das políticas do governo é o pagamento de juros. Os governantes reduzem assim cidadãos e empresas à condição de escravos ao serviço de agiotas.
A intervenção externa, a que estamos condenados desde
2011, já teve por primeiro objetivo garantir que o estado português
disporia de recursos para pagar os juros usurários a que se tinha
comprometido ao longo dos anos, em particular nos últimos meses da era
Sócrates. Os sucessivos empréstimos da troika não vieram resgatar o
estado português, mas sim os bancos a quem este devia dinheiro.
O resgate da banca veio o sequestro do estado português. A maior das
despesas públicas é agora o pagamento de serviço da dívida, que orça em
cerca de oito mil milhões de euros anuais. Mais do que à educação, à saúde
ou à segurança social, os impostos dos portugueses destinam-se ao
pagamento de dívidas mal contratualizadas ao longo dos anos. Gastar mais em juros do que em qualquer área social é irracional. Seria o equivalente, em termos de economia doméstica, a uma família despender mais
em perfumes do que em alimentação.
em perfumes do que em alimentação.
Para
sustentar um orçamento monstruoso e enviesado, o governo endurece a
carga fiscal, agrava o IVA na restauração, aumenta o IRS a quem ganha
mil euros, baixa as pensões e as reformas. A quebra do poder de compra
reflete-se na diminuição do consumo e consequente redução da riqueza do
país. Fecham empresas, aumenta o desemprego. O modelo de gestão das
finanças públicas destrói a economia.
Cidadãos e
empresas ficam assim sujeitos ao empobrecimento e reduzidos à condição
de servidores do orçamento de estado. Até as verbas da segurança social
são, de forma perversa, desviadas para títulos de dívida pública. Ao
obrigar os pensionistas à condição de credores do estado, o governo
inviabiliza qualquer renegociação de dívida. Pois doravante a redução de
juros ou o alargamento da maturidade dos empréstimos virá prejudicar
fortemente as reformas e pensões.
Voltamos ao
sistema feudal. Assim como na Idade Média rural os portugueses eram
servos da gleba, hoje, em época de predomínio financeiro, estamos
condenados à condição de meros servos da dívida.
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