Texto de Octávio Ribeiro, director do Correio da Manhã hoje publicado nesse jornal.
"Quem folheia o CM de hoje depara, primeiro, com um ex-governante – da
linha dura socrática – que ocultou dados relativos a PPP no valor de
setecentos milhões de euros. E por onde anda este brilhante gestor? Está
no Parlamento.
Outra página e, logo em seguida, não precisamos de sair do albergue da democracia para seguirmos os últimos desenvolvimentos do caso do espião público-privado.
Na vertiginosa queda, este presumível megalómano parece capaz de levar
ministro, jornalista, deputados e um grupo de comunicação social que
emprega centenas de pessoas.
Passemos as páginas. O cenário muda para um tribunal de Aveiro.
Mas o imbróglio jurídico que trava o caso, este enorme rasgão no
sistema democrático, foi cuidadosamente cerzido onde? No Parlamento. Aí,
em 2007, aprovaram-se regras vergonhosas na área penal. Com amplo
acordo PS/PSD. A impunidade efectiva de que gozam as grandes figuras da
política foi alargada até níveis ditatoriais.
Caro Leitor, as páginas de abertura deste CM são um pungente diagnóstico do estado a que deixámos chegar Portugal.
Até Duarte Lima, julgado por homicídio, tem de ceder lugar, em páginas interiores, a estes mais recentes estranguladores de um País inteiro.
E a Justiça marca passo sem reformas."
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