"Aos políticos corruptos nunca são assacadas nenhumas responsabilidades pelos seus atos. Violam leis e regulamentos, patrocinam negócios ruinosos para o Estado, enriquecem de forma obscena e nada lhes acontece.
Até hoje, a impunidade tem sido absoluta. O regime
jurídico da tutela administrativa impõe, por exemplo, a perda de mandato
num conjunto de circunstâncias. Na prática, Macário Correia ou Valentim
Loureiro foram condenados pelos tribunais em perda de mandato, mas
continuam em funções.
A legislação estabelece
responsabilidade criminal aos titulares de cargos políticos que violem
regras urbanísticas. No entanto, as alterações ilícitas aos planos
diretores são prática comum, com ganhos milionários para os promotores
imobiliários que financiam os partidos. Por todo o país nascem edifícios
ilegais, do Vale do Galante na Figueira da Foz, ao edifício Cidade do
Porto… mas a culpa sempre morre solteira. Enquanto em Espanha há mais de
cem autarcas presos por crimes urbanísticos, em Portugal nem um! Nem
sequer Isaltino Morais, várias vezes condenado, está preso.
Também
nunca são acusados os responsáveis pelos desvios orçamentais. Quem
contrate à revelia do orçamento incorre em responsabilidade criminal.
Mas até hoje não há condenados, não obstante os milhares de milhões de
desvios nos orçamentos na administração central e local. Como também não
há responsabilização dos políticos que contratam negócios ruinosos para
o Estado, tal é o caso das parcerias público-privadas. Além do mais,
jamais são recuperados os bens que os corruptos subtraem à sociedade. E
seria bem simples, afinal. Os edifícios ilegais deveriam ser demolidos
ou, em alternativa, expropriados por valor zero. As fortunas acumuladas
na sequência de fraude fiscal ou de processos de corrupção como o do BPN
deveriam ser confiscadas. Apreendendo tanto o património detido em
território nacional, como até os depósitos em bancos estrangeiros; à
semelhança do que outros países vêm fazendo, como a Alemanha, a França, a
Itália ou até a Grécia.
Já vai sendo tempo de
punir políticos corruptos, retirando-lhes mandatos, obrigando-os a
responder perante a justiça e confiscando-lhes as fortunas que têm vindo
a acumular à custa do que roubam ao povo português."
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