Texto de Paulo Baldaia hoje publicado no Diário de Noticias.
"Estamos numa fase crítica para o consenso nacional que se gerou à volta
do acordo que assinámos com a troika. Não sendo possível em nenhuma
sociedade democrática a unanimidade, não deixou de ser surpreendente que
mais de dois terços dos portugueses tenham votado nos partidos que
assinaram esse acordo. E, não sendo de esperar que esse consenso se
fosse alargando, é inaceitável a displicência com que o poder instituído
contribui para o esvaziar.
O esforço que o País está a fazer,
assumindo medidas de austeridade duríssimas, para consolidar as suas
contas só continuará a ter o apoio da maioria dos portugueses se eles
sentirem que nesta tarefa não há filhos e enteados. Num momento em que
muitos cidadãos comem o pão que o diabo amassou, quem governa tem de dar
um exemplo de lisura acima de qualquer suspeita. Em todo o momento o
dinheiro público tem de ser gerido com o máximo de responsabilidade e em
momentos de crise grave como o que vivemos não pode haver a mínima
falha.
Olhemos para dois títulos da primeira página de ontem do Expresso: "Condenados do BPN gerem fundos do Estado" e "Ex-sócio de Moedas gere rendas sociais". Gente inibida de trabalhar em instituições financeiras, e que teve responsabilidade num buraco de milhares de milhões de euros que os contribuintes têm de pagar, foi escolhida para gerir o dinheiro desses contribuintes. Pode haver muitas e boas explicações, mas para o comum dos cidadãos isto é simplesmente inaceitável. No segundo caso é o amigo de um governante que foi escolhido pelos bancos para liderar um fundo de milhões que visa tornar um sucesso o mercado de arrendamento social para imóveis que estão parados nas mãos do sistema bancário. Podem apresentar-se todos os méritos do escolhido, mas para o comum dos cidadãos isto é traficância política e isso é inaceitável.
Coloquemos agora os ouvidos na TSF e em dois testemunhos de militantes do PSD. Rui Rio ficou furibundo com o desrespeito do Governo pelas autarquias da Área Metropolitana do Porto que, uma vez mais, os deixou a falar sozinhos e impediu a nomeação de uma nova administração para o Metro. Rio acusa alguns governantes de utilizarem a empresa de transportes para fragilizarem o ministro da Economia. Macário Correia, cansado de ver o dedo apontado às autarquias, lembra que as empresas públicas torram milhões e milhões de euros mas continuam a receber excepções atrás de excepções atenuando a austeridade que deveria ser na mesma medida para todos.
Tudo o que é prática governativa inaceitável contribui para esvaziar o consenso nacional que tanto gostamos de apregoar lá por fora. Não olhemos para ele como um cartão de visita, mas como um instrumento que é preciso preservar a todo o custo. Portugal é de todos, tratem-no bem."
Olhemos para dois títulos da primeira página de ontem do Expresso: "Condenados do BPN gerem fundos do Estado" e "Ex-sócio de Moedas gere rendas sociais". Gente inibida de trabalhar em instituições financeiras, e que teve responsabilidade num buraco de milhares de milhões de euros que os contribuintes têm de pagar, foi escolhida para gerir o dinheiro desses contribuintes. Pode haver muitas e boas explicações, mas para o comum dos cidadãos isto é simplesmente inaceitável. No segundo caso é o amigo de um governante que foi escolhido pelos bancos para liderar um fundo de milhões que visa tornar um sucesso o mercado de arrendamento social para imóveis que estão parados nas mãos do sistema bancário. Podem apresentar-se todos os méritos do escolhido, mas para o comum dos cidadãos isto é traficância política e isso é inaceitável.
Coloquemos agora os ouvidos na TSF e em dois testemunhos de militantes do PSD. Rui Rio ficou furibundo com o desrespeito do Governo pelas autarquias da Área Metropolitana do Porto que, uma vez mais, os deixou a falar sozinhos e impediu a nomeação de uma nova administração para o Metro. Rio acusa alguns governantes de utilizarem a empresa de transportes para fragilizarem o ministro da Economia. Macário Correia, cansado de ver o dedo apontado às autarquias, lembra que as empresas públicas torram milhões e milhões de euros mas continuam a receber excepções atrás de excepções atenuando a austeridade que deveria ser na mesma medida para todos.
Tudo o que é prática governativa inaceitável contribui para esvaziar o consenso nacional que tanto gostamos de apregoar lá por fora. Não olhemos para ele como um cartão de visita, mas como um instrumento que é preciso preservar a todo o custo. Portugal é de todos, tratem-no bem."
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