Dois textos muito críticos sobre o escândalo da contratação de enfermeiros por valores inferiores ao do ordenado mínimo nacional. Mais um exemplo das opções politicas de Passos Coelho e dos energúmenos neoliberais que o acompanham.
Revela o DN que os enfermeiros contratados a partir de ontem para os centros de saúde de Lisboa e Vale do Tejo irão ganhar 3,96 euros à hora, isto é, 555 euros por mês (250 a 300 líquidos). São, diz uma das empresas contratantes, as novas regras de pagamento aos "colaboradores" do SNS: a qualidade não conta, é escolhido quem cobrar menos.
Paulo Macedo chegou ao Governo com a incumbência de "poupar na saúde" e, para isso, terá adoptado como estratégia o abandalhamento do SNS, empurrando quem não for totalmente indigente para as clínicas privadas de bancos e seguradoras. Ficam os pobres, e na saúde dos pobres pode poupar-se à vontade.
Pelo menos assim parecem pensar os "boys" de algumas ARS e administrações hospitalares. E, se em Lisboa poupam prescindindo da qualidade da enfermagem, no Hospital Central Tondela-Viseu poupam, como noticiou o JN, no copo de leite e nas bolachas de água e sal com que, durante a noite, se estabilizavam antes os níveis de glicémia dos diabéticos, deixando estes 12 horas sem comer e em risco de morte por hipoglicemia, do mesmo modo que, em outros hospitais públicos, a lei, em relação aos doentes oncológicos, parece ser agora a de "poupar nos medicamentos caros e deixar morrer".
Porque é preciso poupar em algum lado o que não se poupa nas PPPs e nas rendas pagas às grandes empresas do sector energético."
Texto de Manuel Catarino, Subdirector, hoje publicado no Correio da Manhã.
"Enfermeiros insultados
Se não estivesse agradecido à dona Zita, que me cuida da casa com rara competência, tratava já de contratar uma empresa de enfermeiros: poupava dinheiro. O Estado está a contratar enfermeiros por pouco mais de cinco euros – e fá-lo através de empresas de prestação de serviços que pagam 3,96.
Contas feitas, depois dos descontos, os enfermeiros vão receber por mês entre 250 e 300 euros por 140 horas de trabalho. Isto é proxenetismo – um insulto que devia fazer corar de vergonha o ministro da Saúde. O País está a empobrecer todos os dias. Só no primeiro trimestre deste ano, o Estado e o sector privado pagaram menos 730 milhões de euros em salários – e isto, desgraçadamente, não vai ficar por aqui. "
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