Finalmente alguém apresenta, preto no branco, as LEIS comportamentais que classificam Passos Coelho.
Texto de Anselmo Borges hoje publicado no "Diário de Noticias"
"Este - "as leis
fundamentais da estupidez humana" - é o título de um livrinho famoso,
publicado há muitos anos, mas sempre actual. Apareceu em inglês, depois
em italiano. Acabo de lê-lo em francês. O seu autor, Carlo M. Cipolla
(1922-2000), historiador da economia, foi professor na Universidade de
Berkeley e na Escola Normal Superior de Pisa.
Para estabelecer as
leis fundamentais da estupidez, é preciso, primeiro, definir quem é o
estúpido. Para isso, ajudará a comparação com outros tipos de gente. Diz
o autor que, quando temos um indivíduo que faz algo que nos causa uma
perda, mas lhe traz um ganho a ele, estamos a lidar com um bandido. Se
alguém realiza uma acção que lhe causa uma perda a ele e um ganho a nós,
temos um imbecil. Quando alguém age de tal maneira que todos os
interessados são beneficiados, estamos em presença de uma pessoa
inteligente. Ora, o nosso quotidiano está cheio de incidentes que nos
fazem "perder dinheiro, e/ou tempo, e/ou energia, e/ou o nosso apetite, a
nossa alegria e a nossa saúde", por causa de uma criatura ridícula que
"nada tem a ganhar e que realmente nada ganha em causar-nos embaraços,
dificuldades e mal". Ninguém percebe por que razão alguém procede assim.
"Na verdade, não há explicação ou, melhor, há só uma explicação: o
indivíduo em questão é estúpido."
Lá está a primeira lei: "Cada um
subestima sempre inevitavelmente o número de indivíduos estúpidos que
existem no mundo." Já a Bíblia constata: "Stultorum infinitus est
numerus" (o seu número é infinito) - evidentemente, sendo o número das
pessoas finito, trata-se de um exagero.
Os estúpidos estão em
todos os grupos, pois "a probabilidade de tal indivíduo ser estúpido é
independente de todas as outras características desse indivíduo":
segunda lei.
A terceira lei corresponde à própria definição do
estúpido: "É estúpido aquele que desencadeia uma perda para outro
indivíduo ou para um grupo de outros indivíduos, embora não tire ele
mesmo nenhum benefício e eventualmente até inflija perdas a si próprio."
A maioria dos estúpidos persevera na sua vontade de causar males e
perdas aos outros, sem tirar daí nenhum proveito. Mas há aqueles que não
só não tiram ganho como, desse modo, se prejudicam a si próprios: são
atingidos pela "super-estupidez".
É desastroso associar-se aos
estúpidos. A quarta lei diz: "Os não estúpidos subestimam sempre o poder
destruidor dos estúpidos. Em concreto, os não estúpidos esquecem
incessantemente que em todos os tempos, em todos os lugares e em todas
as circunstâncias tratar com e/ou associar-se com gente estúpida se
revela inevitavelmente um erro custoso." A situação é perigosa e
temível, porque quem é racional e razoável tem dificuldade em imaginar e
compreender comportamentos irracionais como os do estúpido. Schiller
escreveu: "Contra a estupidez mesmo os deuses lutam em vão."
Como
consequência, temos a quinta lei: "O indivíduo estúpido é o tipo de
indivíduo mais perigoso." O corolário desta lei é: "O indivíduo estúpido
é mais perigoso do que o bandido." De facto, se a sociedade fosse
constituída por bandidos, apenas estagnaria: a economia limitar-se--ia a
enormes transferências de riquezas e de bem-estar a favor dos que assim
agem, mas de tal modo que, se todos os membros da sociedade agissem
dessa maneira, a sociedade no seu conjunto e os indivíduos
encontrar-se-iam numa "situação perfeitamente estável, excluindo toda a
mudança". Porém, quando entram em jogo os estúpidos, tudo muda: uma vez
que causam perdas aos outros, sem ganhos pessoais, "a sociedade no seu
conjunto empobrece".
A capacidade devastadora do estúpido está
ligada, evidentemente, à posição de poder que ocupa. "Entre os
burocratas, os generais, os políticos e os chefes de Estado, é fácil
encontrar exemplos impressionantes de indivíduos fundamentalmente
estúpidos, cuja capacidade de prejudicar é ou se tornou muito mais
temível devido à posição de poder que ocupam ou ocupavam. E também se
não deve esquecer os altos dignitários da Igreja."
É assim o mundo."
sábado, 20 de abril de 2013
As leis fundamentais da estupidez humana
Etiquetas:
passos coelho
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