Para a direita a greve só é válida se não maçar vivalma, se for servida sem o princípio ativo.
Assim, anseia pelo café sem cafeína, adoçante sem
açúcar, leite sem lactose, pela greve light, diet. Greve zero. Antes da
TSU, insistia que as greves são estéreis. Engolido o sapo, agora põe a
tónica no roto contra o nu, o funcionário público contra o do privado, o
precário contra o desempregado, o pobre contra o remediado. Greve dos
professores? Lesa os alunos. Dos médicos? Prejudica os utentes. Dos
camionistas ou dos estivadores? Péssimo, afeta a economia. Dos
transportes? Nem pensar, atinge todos. Dos controladores aéreos?
Rebentam com a TAP. Ah, e se for greve geral? Loucura, custa milhões.
Logo,
posto que não há como decretar greve a 31 de fevereiro, o governo
prepara-se para alterar a lei. Com Passos Coelho é assim – se há quem
queira exercer os seus direitos, extinguem-se os direitos; se a
constituição não permite, a constituição está mal; se a sua a receita
não funciona, é a realidade que está errada. O PM vive obcecado em
colocar uns contra outros porque ele próprio está só contra o mundo. Que
também gostava de reduzir a zero.
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