Os reformados e pensionistas viram os seus rendimentos brutalmente reduzidos nos últimos anos. São chamados a pagar os custos duma crise para a qual em nada contribuíram. O seu rendimento disponível cai por via da redução do valor das pensões, da tributação por IRS, do aumento do IVA e do preço dos transportes ou até da introdução de portagens nas SCUT.
O reequilíbrio das finanças públicas jamais se
deveria fazer à custa dos mais idosos. É inquestionável que o estado tem
que reequilibrar as suas contas. Se a coleta anda na ordem dos sessenta
mil milhões e a despesa nos setenta, tem de se tapar este gigantesco
buraco. Mas antes de atacarem os rendimentos dos reformados e
pensionistas, os governos têm de reduzir a despesa com as famigeradas
parcerias público-privadas; devem ainda diminuir o custo dos juros da
dívida pública, que orçam em muitos milhares de milhões; impõe-se ainda a
eliminação de despesa pública inútil como subsídios a
fundações-fantasma; e a redução de custos exagerados, como o de rendas
imobiliárias de favor que o estado paga um pouco por todo o País.
Carente de receita, o estado deve ainda tributar de forma justa o
património dos especuladores imobiliários, isento de IMI e de IMT porque
titulado em fundos de imobiliário fechados. Estas seriam algumas das
medidas a tomar, muito antes de penalizar os mais idosos. O que se deve
evitar a todo o custo.
Por regra, os rendimentos
dos mais idosos deverão ser intocáveis. Em primeiro lugar, porque é um
direito que lhes assiste. Em segundo, porque não se pode alterar a
previsibilidade económica do quotidiano de quem tem mais de setenta ou
oitenta anos. É cruel, e a crueldade é socialmente inadmissível na nossa
matriz civilizacional, em que uma das maiores conquistas é exatamente o
aumento da esperança média de vida e o envelhecimento com tranquilidade
e em condições mínimas de conforto.
Uma sociedade
não pode colocar os velhos na posição de culpados por não terem morrido
mais cedo. O respeito pelos mais velhos é uma questão até de
sobrevivência da civilização. Pois numa sociedade em que os velhos não
têm presente, os jovens sabem que não terão futuro.
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