DERRUBAR O GOVERNO É OBRIGAÇÃO PATRIÓTICA

O inutil Cavaco Silva deu carta branca ao atrasado mental Passos Coelho para continuar a destruir Portugal e reduzir os portugueses a escravos da ganância dos donos do dinheiro.
Um governo cuja missão é roubar recursos e dinheiro às pessoas, às empresas, ao país em geral, para os entregar de mão beijada aos bancos e aos especuladores é um governo que não defende o interesse nacional e, por isso, tem de ser corrido o mais depressa possivel.
Se de Cavaco nada podemos esperar, resta a luta directa para o conseguirmos.
Na rua, nas empresas, nas redes sociais, há que fomentar a revolta, a rebelião, a desobediência, mostrar bem que o povo está contra Passos Coelho, Portas e os outros imbecis que o acompanham e tudo fazer para ajudar à sua queda.
REVOLTEM-SE!

sábado, 25 de agosto de 2012

Reacções alérgicas a Borges

Depois logo se vê
Pedro Marques Lopes. Diário de Noticias
"De muitas coisas se pode acusar este Governo, mas não de falta de criatividade ou de capacidade para surpreender.

Desta feita tivemos a novidade de assistir a um consultor do Governo a dar uma entrevista a um canal de televisão, em horário nobre, para nos explicar em que pé andam as privatizações. Ou seja, sobre um assunto importantíssimo para o País, convenhamos que as privatizações da TAP, ANA ou RTP não são propriamente temas de lana caprina, em vez de termos um ministro ou mesmo o próprio primeiro-ministro a informar os portugueses (e, já agora, o CDS) dos respectivos processos, aparece António Borges. Mas, tentemos compreender, até se entende a ida de António Borges à TVI para informar os cidadãos sobre os dossiers em causa: o ministro da Economia não sabe e o ministro para a Comunicação Social não pode.

Santos Pereira anda perdido num ministério ingovernável e só aceitou ser ministro de semelhante monstro por não ter o mínimo de experiência governativa ou empresarial. Como a sua gritante falta de capacidade para um cargo destes ficou logo à vista de toda a gente, Passos Coelho tratou de lhe tirar as suas atribuições espalhando-as por este ou aquele ministro e por um sem-numero de comissões e comités. Pode lá ele falar sobre a TAP ou privatizações e ser levado a sério por quem quer que seja.

Miguel Relvas não pode aparecer sem que não lhe façam perguntas incómodas sobre licenciaturas, serviços secretos, mentiras em inquéritos parlamentares e tudo mais. A sua popularidade e credibilidade junto do cidadão comum faz com que qualquer proposta vinda da sua boca seja imediatamente repudiada. Relvas é um zombie político. Pode ser essencial para Passos Coelho, e, como muito boa gente diz, o único ministro que não tem medo de tomar decisões, mas politicamente acabou. Não podia ser ele a apresentar o que quer que fosse sobre a RTP.

Mas, seja como for, o Governo demonstrou uma falta de respeito gritante pelos portugueses quando enviou um consultor falar sobre o destino a dar a empresas tão importantes como a RTP e a TAP. Além disso, como se fosse pouco, mostrou outro mal bem mais profundo que este Executivo vem amiúde revelando: não havia planos nenhuns para assuntos vitais da governação e foi preciso arranjar uns senhores muito inteligentes para dizer o que fazer. Havia assim umas ideias coladas a cuspo, decoradas à pressa e sem o mínimo de reflexão.

Não, longe disso, não é o facto de os dois ministros teoricamente responsáveis pelos dossiers não poderem aparecer e terem de mandar um consultor que, na ignorância deles, pensam ser mais credível, é sobretudo nós percebermos que afinal não havia nenhuma ideia para a privatização da TAP, ou que ninguém tinha pensado verdadeiramente o que fazer com a RTP.

O caso da RTP é chocante: aquela patética comissão, as notícias plantadas nos jornais sobre possíveis compradores, fica com este canal, vende o outro ou fica com este e vende o outro, e agora esta coisa que Borges conseguiu apresentar aparentemente sem um pingo de vergonha. Uma revolucionária solução em que o Estado cede uma estação de televisão e garante um lucro chorudo ao feliz contemplado que é pago com os impostos de todos nós. Genial. Não, não é bem uma PPP, é, para o investidor privado, muito melhor. Este fica com uma companhia com mais de cinquenta anos de vida, com um enorme prestígio, com um património tangível e intangível único e ainda lhe garantem uma rentabilidade que fará roer as unhas de inveja um qualquer concessionário de auto- -estradas.

É evidente que esta vergonha cairá no caixote do lixo das ideias, junto do fim da TSU e outras, que o Governo manda "cá para fora" para serem testadas. A comunidade ainda não está suficientemente adormecida para deixar passar uma coisa destas. Todo este processo é dum experimentalismo bacoco, duma falta de sentido de Estado, duma evidente impreparação, que assusta o mais crente nas qualidades deste Governo. Onde estão afinal as milhares de páginas de planos? As contribuições dos diversos grupos de trabalho? As ideias sólidas sobre o que fazer com a televisão pública? Eram precisos consultores para mostrar que a privatização da RTP não valia um chavo?

António Borges prestou-se, mais uma vez, a um triste papel: o de mostrar que afinal Passos Coelho e a sua equipa não sabiam o que fazer em questões fulcrais e mentiram dizendo que sabiam. O drama é que ainda não sabem e não é só, infelizmente, no caso da RTP. "


Dr. Borges e Mr. Sachs
por Nuno Saraiva, hoje no Diário de Noticias
"Foi há pouco menos de três meses. António Borges, privatizador-geral da República (PGR), abriu a boca para falar da "urgência" em reduzir salários. Perante o clamor gerado por tamanha alarvidade, lá veio a terreiro dizer que não disse o que tinha dito e que jamais defenderia uma política de empobrecimento. O que é facto é que ela aí está.

Esta forma de intervenção, "em defesa da destruição do que existe para, a posteriori, criar riqueza para os amigos", é típica dos homens da Goldman Sachs, como muito bem descreve Marc Roche, o jornalista francês autor do livro O Banco: Como o Goldman Sachs Dirige o Mundo.

E aquilo a que assistimos quinta-feira passada foi, mais uma vez, a verbalização da doutrina messiânica de Lloyd Blankfein, o homem que dirige o banco que, dizem as más-línguas, estará por detrás da atual crise financeira que abala o mundo: "Eu faço o trabalho de Deus."

Bizarra e incompreensivelmente, coube ao consultor do primeiro-ministro ser porta-voz das intenções do Governo - ou será de Deus? - para a RTP. Disse o Dr. Borges, ou melhor, o Mr. Sachs, que o que está em cima da mesa é o encerramento do Canal 2 e a concessão de tudo o resto - televisão e rádios públicas - por um período de 15 a 20 anos, ao operador privado "que der mais dinheiro". Não importa quem, nem de onde vem, desde que pague bem.

O Governo, que declarou guerra às parcerias público-privadas (PPP), parece preparar-se agora para, ele próprio, criar uma espécie de PPP comprometendo o Estado com o pagamento, a quem adquira a concessão, de uma renda de 140 milhões de euros por ano resultantes da taxa do audiovisual cobrada a todos os portugueses na fatura de eletricidade.

Mas o Dr. Borges, ou melhor, o Mr. Sachs, que, ao que consta, ainda não faz parte do Governo, disse mais. Garantiu aos potenciais interessados que terão total liberdade para despedir se entenderem que a RTP tem trabalhadores a mais, lançando assim o sobressalto na televisão e rádios públicas.

O "atraente" plano, na boca do Dr. Borges e de uma fonte do gabinete do ministro que tutela a RTP, é, antes de mais, uma flagrante violação do Programa Eleitoral do PSD e do Programa de Governo. O que neste capítulo foi prometido e está sufragado pelos eleitores é, concorde-se ou não, a alienação de um dos canais da RTP. Mas, já estamos habituados, que se lixem as promessas.

Em Portugal, existe uma cultura de que todos os governos são culpados, de que pelo facto de se tratar de uma empresa pública não tem de ser bem gerida. Esta é uma premissa absolutamente inaceitável. E este é o paradigma que é urgente alterar. Se se considera que a RTP custa dinheiro a mais - e admito que assim possa ser -, pois que se imponha uma gestão austera e profissional. Nunca esquecendo que quem escolhe as administrações da RTP e da RDP são os governos.

O que está em causa em tudo isto é saber se queremos manter um Serviço Público de rádio e televisão, em sinal aberto, ou se, pelo contrário, queremos ser pioneiros na Europa na aberração de acabar com este património que é, antes de tudo o mais, uma obrigação de qualquer Estado civilizado.

O Serviço Público de televisão existe, entre outras coisas, para garantir o pluralismo, os equilíbrios regionais, a difusão e preservação da língua, a divulgação cultural, a própria democracia. Isto para já não falar na memória coletiva de mais de 50 anos contida no arquivo histórico de valor incalculável que é propriedade de todos nós. Tudo isto é, naturalmente, da responsabilidade dos Estados.

Por definição, o Serviço Público não deve ser concorrencial e, por consequência, não pode reger-se por critérios de audiências mas sim de interesse público. O que contraria, naturalmente, a justificação do Dr. Borges, ou melhor, do Mr. Sachs, para encerrar a RTP 2 porque "é um serviço muito caro com uma audiência muito pequena". Por exemplo, o que a RTP fez nos últimos Jogos Olímpicos foi verdadeiro Serviço Público e de qualidade. Goste-se ou não, o que a RTP faz todos os anos com o Natal dos Hospitais é Serviço Público. Por mais desinteressantes que possam ser, a transmissão integral dos debates quinzenais na Assembleia da República é Serviço Público. Os programas infantis, todos os dias de manhã, são Serviço Público. A informação séria, rigorosa e de qualidade - não que a dos outros canais não o seja - é Serviço Público. E por aí adiante.

Como é óbvio, nenhum concessionário ficará com a RTP se não for para ter lucro, ficando refém de um contrato de Serviço Público. E o lucro só existe se houver audiências. Se este modelo avançar, que ninguém tenha dúvidas: jamais assistiremos a partidas vibrantes de ténis de mesa, a finais entusiasmantes de K-2, a teatro português na televisão e a tantas outras manifestações que não são de massas e, por isso, não geram audiências.

Resta pois saber o que motivou mais esta intervenção do Dr. Borges. Se foi apenas para testar a ideia na opinião pública, é grave; se se tratou de um anúncio formal feito por um funcionário que não faz parte do Governo, é muito grave; se a ideia era retirar do debate público os números assustadores da execução orçamental, é ainda pior, porque não se brinca com coisas sérias. Seja porque for, só resta parafrasear Almada Negreiros: cale-se o Borges, cale-se Pim! "

Português vende-se
Por Joana Amaral Dias no Correio da Manhã
"O serviço público de televisão é o garante do pluralismo. Possivelmente mais imprescindível que nunca. Também é o assegurador do pluralismo político.

Talvez mais necessário que noutro tempo qualquer em democracia. E é o garante da independência do governo. Provavelmente mais essencial agora que jamais. Muito haveria a dizer sobre a necessidade de um serviço público , e, claro, da sua melhoria.

Nada, porém, para o qual o relatório do grupo de estudo para a RTP e Lusa contribuísse, lembra-se? Enfim, para além desta questão essencial, a verdade é que, seja qual for a opinião sobre este tema, a forma como o executivo a está gerir ultrapassou todos os limites.

É inaceitável que seja um consultor pago, António Borges, a apresentar a operação. O mínimo respeito exigiria que fosse o governo a explicá-la. Bem esmiuçadinha, sff. Já a ideia de entregar os 140 milhões de euros que a RTP arrecada a quem a comprar é obscena.

Trata-se de financiar o grupo que deterá a televisão pública. E de privatizar o dinheiro dos contribuintes. É o fim da linha. Só falta privatizarem os próprios portugueses. "

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