Texto de Pedro Tadeu hoje publicado no "Diário de Noticias"
"Franquelim Alves
terá uma moral irrepreensível. O problema é que a escolha do
primeiro-ministro para secretário de Estado do Empreendedorismo,
Competitividade e Inovação levanta problemas de moral. Problemas sem
importância alguma, dirão... Não é assim.
O ruído à volta da
nomeação do economista levantou-se, em primeiro lugar, por ele ter sido
administrador da SLN/BPN, o local onde se concretizou um pacote de
fraudes que custa aos portugueses, até agora, três mil milhões de euros.
Isso foi omitido do seu currículo, apesar de Franquelim Alves ter feito
parte, em 2008, das sucessivas equipas lideradas por Oliveira e Costa
(que está a ser julgado), Abdool Vakil e Miguel Cadilhe.
Em
segundo lugar, em resposta a uma comissão de inquérito da Assembleia da
República, o doutor Franquelim declarou ter achado ser "prudente" não
informar o Banco de Portugal quando se apercebeu, no princípio de 2008,
da existência de uma montanha de imparidades e de atos irregulares no
banco para onde, em má hora, entrara.
Qual é o problema moral? É
de Franquelim Alves? Não, pois se aceitarmos não ter o homem
responsabilidade pelos crimes do BPN, temos de admitir o seu direito a
exercer os cargos que entender. Será caridosa esta tese, mas vamos
acolhê-la, até por piedade.
O problema de moral política neste
caso, incontornável, é de quem nomeia, de quem escolhe Franquelim para
um cargo público, ligado a decisões económicas, sabendo da "sombra" do
caso BPN.
Estamos a falar da moral política de alguém que o povo
escolheu para liderar o País e que, por isso, tem de ter consciência
permanente de que o seu patrão, o seu "acionista", não é uma qualquer
senhora Merkel, não é um capitalista riquíssimo, não é um banqueiro
cheio de capacidade de investimento. Os acionistas a quem este senhor
reporta chamam-se eleitores e há uns oito milhões deles.
Até
agora achava que o primeiro-ministro agia sob uma visão em que
acreditava e de acordo, genericamente, com o que lealmente tinha
informado pretender fazer. Mesmo a TSU e os aumentos de impostos podiam
ser vistos como fazendo parte desse contrato original, que o levou a
tomar o poder em 21 de junho de 2011.
O que não fez parte do
contrato foi isto: misturar, mesmo em dose criminalmente insuspeita, BPN
e o seu tremendo roubo aos eleitores com uma parte fundamental da
gestão da economia do País. São moralmente incompatíveis.
Face a
este problema Passos Coelho colocou-se no lado pior, no lado de quem não
quer saber de moral política para coisa alguma. E isso ele prometeu aos
eleitores, aos seus acionistas, que não faria."
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
O problema moral com Franquelim Alves
Etiquetas:
passos coelho
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