Texto de André Macedo hoje publicado no "Diário de Noticias"
1.Sobram
cada vez menos cordeiros para a matança. Os impostos sobre o trabalho e
o consumo já entraram na zona proibida. Mais carga só significa aumento
marginal das receitas. É a curva de Laffer, a exaustão, o pesadelo de
Maria Luís. Aperta-se, espreme-se, sufoca-se a economia, destrói-se a
confiança, ameaça--se, justamente, enviar os delinquentes fiscais para
um catre na prisão da Carregueira, mas só pingam umas gotas sofríveis,
uns respingos que não matam a sede. Não dá para sacar mais nada com
expressão nas contas públicas.
2.Sobram as talhadas nas pensões (algumas corretas) e os cortes salariais nos funcionários públicos. Pergunto: não seria mais sério despedir? Se o Tribunal Constitucional encontrar maneira de fazer um mortal encarpado e se aprovar grande parte deste Orçamento - há uma remota hipótese de isso acontecer -, também fica esgotado este naco de chicha. Como será então 2015? Como se irá reduzir o défice para 2,5%? Não será com crescimento económico que se veja. Não assim. E se o TC chumbar, aumenta-se mais o IRS só para iludir o Excel e satisfazer por instantes o apetite da troika?
3.O secretário de Estado Hélder Rosalino justificou o não ter apresentado a reforma da tabela salarial pública porque ainda vai ter de a estudar. Portanto, dois anos depois ainda está perdido no labirinto, mas já cortou os salários a partir dos 600 euros e transformou os milionários que recebem dois mil brutos em gulosas fontes de receita. A culpa não é de Rosalino. Quer dizer, não há reforma das funções do Estado. Há cortes, há dívida e há défice. Minha, sua e de todos. Entretanto, o Estado continua a fazer o que fazia, nalguns casos com menos dinheiro, noutros sem dinheiro nenhum, sempre com menos qualidade, sem orientação, a eito. Um dia a ponte vem abaixo ou então outra coisa qualquer.
4.As empresas de energia e os bancos queixam-se da nova taxa que vão pagar. É legítimo que reclamem. Digo, é até saudável que confrontem o poder em vez de se aninharem nos seus tentáculos rentáveis. O que me enoja é ver antigos políticos, servidores públicos - gente que agiu em nome da confiança democrática passada pelos eleitores -, vestir a pele dos interesses privados como se não tivesse havido ontem nem houvesse amanhã. Só conta o cheque no fim do mês. Logo eles que ainda há pouco (o que digo?), ainda hoje dizem saber o que é melhor para o País. Os senadores. Os sábios. Os sabidos e mais ouvidos. Faça favor sr. doutor, vossa excelência elucide-nos, tenha paciência. Não me oponho ao que defendem. Não. Indigna-me que se esqueçam. Nunca tenham sabido o que é o bem comum.
5.Qual é o preço corrente de um homem sério e consequente? Já não há homens sérios e consequentes? Ninguém tem a obrigação de se dedicar totalmente à eliminação do que está errado (cito Thoreau), mas é seu dever não dar apoio à iniquidade. Muitos dos nossos servidores públicos são assim: caçadores de cargos. Gente iníqua que nos trouxe até aqui não nos tirará daqui. Precisamos de um governo melhor, gente melhor. Sobram cada vez menos cordeiros para a matança. Um dia, então, alguém se levantará.
2.Sobram as talhadas nas pensões (algumas corretas) e os cortes salariais nos funcionários públicos. Pergunto: não seria mais sério despedir? Se o Tribunal Constitucional encontrar maneira de fazer um mortal encarpado e se aprovar grande parte deste Orçamento - há uma remota hipótese de isso acontecer -, também fica esgotado este naco de chicha. Como será então 2015? Como se irá reduzir o défice para 2,5%? Não será com crescimento económico que se veja. Não assim. E se o TC chumbar, aumenta-se mais o IRS só para iludir o Excel e satisfazer por instantes o apetite da troika?
3.O secretário de Estado Hélder Rosalino justificou o não ter apresentado a reforma da tabela salarial pública porque ainda vai ter de a estudar. Portanto, dois anos depois ainda está perdido no labirinto, mas já cortou os salários a partir dos 600 euros e transformou os milionários que recebem dois mil brutos em gulosas fontes de receita. A culpa não é de Rosalino. Quer dizer, não há reforma das funções do Estado. Há cortes, há dívida e há défice. Minha, sua e de todos. Entretanto, o Estado continua a fazer o que fazia, nalguns casos com menos dinheiro, noutros sem dinheiro nenhum, sempre com menos qualidade, sem orientação, a eito. Um dia a ponte vem abaixo ou então outra coisa qualquer.
4.As empresas de energia e os bancos queixam-se da nova taxa que vão pagar. É legítimo que reclamem. Digo, é até saudável que confrontem o poder em vez de se aninharem nos seus tentáculos rentáveis. O que me enoja é ver antigos políticos, servidores públicos - gente que agiu em nome da confiança democrática passada pelos eleitores -, vestir a pele dos interesses privados como se não tivesse havido ontem nem houvesse amanhã. Só conta o cheque no fim do mês. Logo eles que ainda há pouco (o que digo?), ainda hoje dizem saber o que é melhor para o País. Os senadores. Os sábios. Os sabidos e mais ouvidos. Faça favor sr. doutor, vossa excelência elucide-nos, tenha paciência. Não me oponho ao que defendem. Não. Indigna-me que se esqueçam. Nunca tenham sabido o que é o bem comum.
5.Qual é o preço corrente de um homem sério e consequente? Já não há homens sérios e consequentes? Ninguém tem a obrigação de se dedicar totalmente à eliminação do que está errado (cito Thoreau), mas é seu dever não dar apoio à iniquidade. Muitos dos nossos servidores públicos são assim: caçadores de cargos. Gente iníqua que nos trouxe até aqui não nos tirará daqui. Precisamos de um governo melhor, gente melhor. Sobram cada vez menos cordeiros para a matança. Um dia, então, alguém se levantará.
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