Texto de Paulo Ferreira hoje publicado no "Jornal de Notícias"
"A voz do ministro das Finanças é um paradoxo:
as palavras saem-lhe pausadas, quase pastosas, mas arranham os ouvidos
dos portugueses com uma violência inaudita. A postura do ministro das
Finanças é outro paradoxo: é fria, quase impenetrável, o que lhe garante
a distância que os técnicos gostam de manter em relação aos detestáveis
e pouco inteligentes políticos. Mas irrita crescentemente os
portugueses que o veem, firme e hirto, a atacar-lhes os bolsos com uma
inusitada frequência.
Este é o homem que, ontem, no debate das
moções de censura apresentadas pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda,
iniciou a sua intervenção dizendo isto: as manifestações de 15 de
setembro, que terão juntado cerca de um milhão de pessoas em todo o
país, mostraram que "o povo português é o melhor povo do Mundo e que os
portugueses são o melhor ativo do país".
Trata-se de uma frase de um cinismo insuportável, vinda do homem que, por manifesta falta de coragem do primeiro-ministro, tem apresentado ao "melhor povo do Mundo" sucessivas faturas, cada uma das quais mais pesada do que a anterior. Tudo é feito em nome de um futuro risonho que há de vir, mas que, tristemente, nenhum português é capaz de vislumbrar.
O "melhor povo do Mundo" exige "a verdade", disse ainda Gaspar. Ora, o que o Governo acaba de oferecer ao "melhor povo do Mundo" é uma mentira de perna curta.
Façamos as contas. Quando se lembrou da mirabolante TSU, o Executivo de Passos Coelho encaixaria 500 milhões de euros, depois de ter sacado um subsídio a cada indígena. Quer dizer: se "o melhor povo do Mundo" tivesse ficado em casa, sossegado, hoje teria de alinhavar a vida contando com dois meses a menos de salário: um resultante da TSU, outro da sobretaxa de 4% misturada com as alterações nas tabelas de IRS. Porque sem esta nova pancada nunca o Governo chegaria ao encaixe de receita necessário para equilibrar as contas.
Esta "verdade" nunca foi contada aos portugueses. Esta e muitas outras. Exemplos: como e em que áreas vai o Governo cortar 4 mil milhões de euros de despesa? Como e em que medida vão ser tributados os lucros das grandes empresas? Em que ponto está a renegociação das parcerias público-privadas?
Mais extraordinário: o Governo lança sobre "o melhor povo do Mundo" uma bomba fiscal, mas não explica os efeitos da dita: afinal, quais são os novos escalões de IRS? Quantas famílias vão pagar mais IMI? E por aí fora, numa sucessão de ausências que deixam "o melhor povo do Mundo" atarantado, até ao dia em que o ministro Gaspar volte a usar a voz pausada e a postura firme para nos dizer que, feitas as contas, a dolorosa vai custar x ou y.
O "melhor povo do Mundo" merecia mais respeito. E certamente um ministro menos alienado."
Trata-se de uma frase de um cinismo insuportável, vinda do homem que, por manifesta falta de coragem do primeiro-ministro, tem apresentado ao "melhor povo do Mundo" sucessivas faturas, cada uma das quais mais pesada do que a anterior. Tudo é feito em nome de um futuro risonho que há de vir, mas que, tristemente, nenhum português é capaz de vislumbrar.
O "melhor povo do Mundo" exige "a verdade", disse ainda Gaspar. Ora, o que o Governo acaba de oferecer ao "melhor povo do Mundo" é uma mentira de perna curta.
Façamos as contas. Quando se lembrou da mirabolante TSU, o Executivo de Passos Coelho encaixaria 500 milhões de euros, depois de ter sacado um subsídio a cada indígena. Quer dizer: se "o melhor povo do Mundo" tivesse ficado em casa, sossegado, hoje teria de alinhavar a vida contando com dois meses a menos de salário: um resultante da TSU, outro da sobretaxa de 4% misturada com as alterações nas tabelas de IRS. Porque sem esta nova pancada nunca o Governo chegaria ao encaixe de receita necessário para equilibrar as contas.
Esta "verdade" nunca foi contada aos portugueses. Esta e muitas outras. Exemplos: como e em que áreas vai o Governo cortar 4 mil milhões de euros de despesa? Como e em que medida vão ser tributados os lucros das grandes empresas? Em que ponto está a renegociação das parcerias público-privadas?
Mais extraordinário: o Governo lança sobre "o melhor povo do Mundo" uma bomba fiscal, mas não explica os efeitos da dita: afinal, quais são os novos escalões de IRS? Quantas famílias vão pagar mais IMI? E por aí fora, numa sucessão de ausências que deixam "o melhor povo do Mundo" atarantado, até ao dia em que o ministro Gaspar volte a usar a voz pausada e a postura firme para nos dizer que, feitas as contas, a dolorosa vai custar x ou y.
O "melhor povo do Mundo" merecia mais respeito. E certamente um ministro menos alienado."
Sem comentários:
Enviar um comentário