Texto de João Lemos Esteves hoje publicado na edição online do "Expresso".
1.
Já tinha ouvido várias expressões anti - Estado. Anti-intervenção do
Estado na sociedade portuguesa - no entanto, a expressão de ontem da
autoria de Alexandre Soares dos Santos é uma verdadeira pérola. Chegaria
para ganhar o Óscar de crítica mais original ao Estado Português e aos
portugueses. No fundo, nós, portugueses, não sabemos viver sem o
leitinho das tetinhas sagradas do Estado: nós, no fundo, sempre vivemos à
mama. Nós, cidadãos portugueses, é que mamámos com avidez as tetas do
Estado - e, por conseguinte, hoje estamos a pagar a factura da nossa
gula. Claro que os grandes empresários portugueses - os empresários das
grandes empresas portuguesas - sempre rejeitaram a ajuda do Estado,
sempre fugiram à mama do Estado! Por isso é que hoje são extremamente
ricos! Por isso é que hoje podem dar lições de moral a todos os
portugueses! Pois, contem-me uma bonita história...Se há alguém que
sempre viveu à custa do Estado, sempre a aproveitar a "teta" mais
saborosa e vantajosa do Estado foram as grandes empresas. Esse foi o
sempre problema estrutural da economia portuguesa: os empresários, antes
de qualquer negócio de ampla dimensão, procuram a autorização do
Estado. Nada fazem se o Estado não der o seu aval. A "mama" dos grandes
grupos económicos portugueses explica o atraso português e só tem
contribuído para uma chocante promiscuidade entre o poder político e o
poder económico. É que, vivendo numa autêntica "mamodependência", alguns
dos nossos empresários não resistem até em contratar ex-ministros, boys
do PS e do PSD (e até do CDS) para lugares de topo das suas empresas -
mesmo que essas personagens políticas não tenham qualquer experiência ou
habilitação académica para exercer tais cargos. São apenas contratados
para conseguirem que a "vaca sagrada" chamada Estado garanta o exclusivo
da "mama" para a empresa em causa. Daí que surjam contratos
verdadeiramente ruinosos para o Estado - mas absolutamente vantajosos
para os nossos "mamões" profissionais.
2. E depois quem paga a factura? Os portugueses,
claro. Os cidadãos comuns a quem o Estado não dá "maminha. Pelo
contrário: o Estado vive à "mama" do nível brutal de impostos que cobra a
todos nós, sem que tenhamos qualquer contrapartida em termos de
excelência dos serviços públicos prestados. Não só pagamos impostos, não
só somos alvo de um verdadeiro confisco fiscal, como teremos de pagar
mais para beneficiar dos serviços estatais de saúde e educação. Ele é
impostos, ele é taxas, ele é contribuições especiais. Ao fim e ao
resto, em Portugal, quase que se paga para trabalhar! Mas, claro, que
vivemos todos à mama do Estado! O culpado da crise somos nós...claro que
sim!
3.Claro que para Alexandre Soares dos Santos é muito
fácil falar. Perante o confisco fiscal levado a cabo pelo Governo Passos
Coelho, Soares dos Santos transfere o seu dinheirinho para uma conta off-shore
e vai acumulando a sua riqueza. Muito bem: investiu, ganhou o seu lucro
e agora disfruta desse lucro. A maioria dos portugueses também gostaria
de ter o ordenado que recebem depois de um mês intenso de trabalho
livre de impostos, gostava de acumular numa off-shore para depois viver à
grande. Ou o Dr. Alexandre Soares dos Santos acha que os portugueses
gostam de ser pobres? Eu próprio gostaria de mamar na mesma teta de
Alexandre Soares dos Santos: ganhava o meu dinheiro, dava-me com todos
os Governos, pirava-me com o dinheiro antes de pagar impostos. E depois
pregava a moral de bom cidadão aos portugueses.
4. Pois, mas este Governo, que se diz liberal, a única
política que consegue executar é a de aumento de impostos. Eu é que sou
"mamado" pelo Estado. E, no fim do mês", Dr. Alexandre Soares dos
Santos, a "vaca" não sou eu? A "vaca" das maminhas económico-financeiras
não somos nós, portugueses comuns? Confirma-se: todas as vacas são
iguais, mas umas são mais iguais do que outras...Para alguns, as
maninhas do Estado dão, apenas, um pingo (muito) doce.
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3.Claro que para Alexandre Soares dos Santos é muito fácil falar. Perante o confisco fiscal levado a cabo pelo Governo Passos Coelho, Soares dos Santos transfere o seu dinheirinho para uma conta off-shore e vai acumulando a sua riqueza. Muito bem: investiu, ganhou o seu lucro e agora disfruta desse lucro. A maioria dos portugueses também gostaria de ter o ordenado que recebem depois de um mês intenso de trabalho livre de impostos, gostava de acumular numa off-shore para depois viver à grande. Ou o Dr. Alexandre Soares dos Santos acha que os portugueses gostam de ser pobres? Eu próprio gostaria de mamar na mesma teta de Alexandre Soares dos Santos: ganhava o meu dinheiro, dava-me com todos os Governos, pirava-me com o dinheiro antes de pagar impostos. E depois pregava a moral de bom cidadão aos portugueses.
4. Pois, mas este Governo, que se diz liberal, a única política que consegue executar é a de aumento de impostos. Eu é que sou "mamado" pelo Estado. E, no fim do mês", Dr. Alexandre Soares dos Santos, a "vaca" não sou eu? A "vaca" das maminhas económico-financeiras não somos nós, portugueses comuns? Confirma-se: todas as vacas são iguais, mas umas são mais iguais do que outras...Para alguns, as maninhas do Estado dão, apenas, um pingo (muito) doce."
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