Texto de Rita Lello, actriz, hoje publicado no "Diário Económico"
Sabemos que o Executivo PSD/CDS dá neste momento contas à ‘troika’, que vai na sua 7ª avaliação;
Sabemos que o líder do parceiro da coligação anda pela Índia a
inaugurar ginásios e a fazer discursos que falam da necessidade de
muscular a economia portuguesa; sabemos que o Eurogrupo avalia o pedido
de extensão do prazo de pagamento da dívida de Portugal feito pelo
Governo no início do ano.
O que não sabemos é o que o Governo tem a dizer sobre a manifestação do dia 2 de Março.
Sabemos que nas ruas estiveram cerca de um milhão e meio de pessoas
pelos números da organização, números que ainda não foram desmentidos
formalmente; sabemos que o desemprego, a carga fiscal, os cortes na
Saúde e na Educação e o desmantelamento do Estado Social são o que levou
as pessoas ás ruas; sabemos que aquilo que a maioria dos manifestantes
exige é que Governo se vá embora.
Não sabemos é o que é que o Governo
pensa sobre o assunto, muito menos o que fará acerca disso.
Sabemos que por enquanto a expressão do descontentamento se tem feito
a cantar, que há carrinhos de bebé e crianças pequenas entre os
manifestantes e que os reformados vieram juntar-se ao coro em número
significativo. Mas, apesar da pacificidade dos protestos, o Governo
teima em, arrogante e desnorteado, não dar cavaco a quem o questiona.
Sabemos que somos a cada dia um povo mais informado, consciente e
revoltado com o que se passa no seu País e que o silêncio do Governo é
mais uma afronta à nossa inteligência, à nossa maturidade, aos nossos
direitos elementares e à Democracia.
Sabemos, pois, quais as exigências de quem tem o dever de fazer as
perguntas mas não fazemos ideia do que pensam aqueles que têm a
obrigação de lhes dar respostas.
Quanto ao Governo, se não sabe
devia saber que uma manifestação como a do dia 2 de Março "silenciosa" e
"triste" não significa ausência de discurso ou de coragem, significa
que o povo está, concentrado, a pensar."
quarta-feira, 6 de março de 2013
Silêncios
Etiquetas:
governo,
passos coelho
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