Texto de Paulo Morais, Professor universitário, hoje publicado no Correio da Manhã
"Portugueses estão reféns de governo incompetente e não depositam qualquer esperança na oposição.
A governação de Passos Coelho falhou em toda a linha.
Este já só se aguenta no poder porque não há à vista qualquer
alternativa credível.
A equipa de Coelho, Portas e
Gaspar, não só não conseguiu tirar o país do beco para onde Sócrates
nos tinha atirado, como ainda piorou a situação. As finanças públicas
estão num caos. Há milhares de empresas a fechar, o desemprego é
galopante. Os mais pobres passam fome, a classe média extingue-se. A
coligação PSD-CDS não reduziu a despesa com as estruturas inúteis do
estado. Não se baixaram sequer as rendas das parcerias, como preconizava
o memorando com a troika.
Caminhamos para o
abismo e o maior drama é que nem sequer há alternativa eleitoral. O PS é
inconsistente. Seguro é feito da mesma massa de Passos e Relvas. Vindo
das juventudes partidárias, não tem mundividência nem currículo. Não se
lhe conhece uma ideia. Apenas se sabe que domina bem o aparelho
socialista. Seguro é, afinal, um clone de Passos.
Restaria,
como opção, a hipótese de um governo de iniciativa presidencial,
apadrinhado por Cavaco Silva. Mas quais seriam as políticas desse seu
executivo? Provavelmente, apenas fazer chegar à governação a ala
cavaquista do PSD, constituída por gente habituada a bons empregos do
estado, negócios fáceis e privilégios; e que está ávida de poder.
E
quem seria o preferido de Cavaco para primeiro-ministro? Talvez Rui Rio
ou Guilherme de Oliveira Martins. Mas das escolhas de Cavaco há que
temer. Recorde-se que foi o atual presidente que, enquanto líder do PSD,
nomeou para secretário-geral Dias Loureiro, um dos principais
responsáveis pela maior burla financeira do regime, o BPN. Como
primeiro-ministro, designou como líder parlamentar um atual presidiário,
Duarte Lima. E já recentemente, para liderar o grupo de sua iniciativa
"EPIS - empresários pela inclusão social", escolheu João Rendeiro, o
responsável pela fraude do BPP. Não se pode pois confiar em quem erra
tão clamorosamente em nomeações de tamanha importância.
Os
portugueses estão em fim de linha, reféns de um governo incompetente, e
não depositam qualquer esperança na oposição. Sabem que o Presidente é
desastrado. Só com novos protagonistas poderemos sair deste atoleiro. O
regime precisa de uma reviravolta."
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