"A corrupção é a principal causa da crise em que
estamos mergulhados. É este fenómeno que está na origem de sucessivos
negócios ruinosos, verdadeiros roubos, que conduziram ao descalabro das
contas públicas. Nas últimas décadas, assistimos a um regabofe sem
limite com os dinheiros públicos.
A Expo 98 transformou um perímetro industrial
degradado numa zona urbanizável, gerou mais-valias urbanísticas
milionárias, através da construção de hotéis, equipamentos e
apartamentos de luxo. E, apesar disso, no final deu prejuízo. As
acusações de corrupção foram tíbias e até hoje ninguém foi condenado.
Mas foi assim também o Euro 2004, cujos estádios tiveram derrapagens de
custo colossais. Também aqui o processo Apito Dourado borregou e a culpa
morreu solteira. E foi ainda a compra dos submarinos, com pagamento
de luvas a portugueses. A corrupção foi provada na Alemanha, os
corruptores foram julgados e presos. Em Portugal, o Ministério Público
não sabe de nada.
Mas os exemplos não acabam
nunca. Nos últimos anos, os mais criminosos de todos os negócios
públicos são os contratos de parceiras público-privadas (PPP),
nomeadamente as rodoviárias. Através deste modelo de negócio,
garantem-se aos privados rentabilidades de capital superiores a 17%,
haja ou não trânsito. O Estado assume todos os riscos e cede todos os
potenciais lucros. A primeira de todas as PPP foi a Ponte Vasco da Gama.
Os privados financiaram apenas um quarto do valor da ponte e, com isso,
ganharam o direito às receitas com portagens da Ponte Vasco da Gama, da
‘25 de Abril’ e ainda o exclusivo das travessias rodoviárias do Tejo por
toda uma geração. O governante que concebeu este calamitoso negócio,
Ferreira do Amaral, preside hoje à empresa concessionária, a Lusoponte.
Os seus sucessores seguiram-lhe o triste exemplo. Jorge Coelho e Valente
de Oliveira, ministros das Obras Públicas de Guterres e Barroso, são
administradores na maior concessionária de PPP, a Mota-Engil. Todos
estes negócios ruinosos para o Estado têm responsáveis, que a Justiça
portuguesa jamais pune. E têm como consequência os sacrifícios por que
hoje passamos. E continuaremos a passar se não for erradicada a causa
que está na origem desta situação a que chegámos: a corrupção."
Sem comentários:
Enviar um comentário