DERRUBAR O GOVERNO É OBRIGAÇÃO PATRIÓTICA

O inutil Cavaco Silva deu carta branca ao atrasado mental Passos Coelho para continuar a destruir Portugal e reduzir os portugueses a escravos da ganância dos donos do dinheiro.
Um governo cuja missão é roubar recursos e dinheiro às pessoas, às empresas, ao país em geral, para os entregar de mão beijada aos bancos e aos especuladores é um governo que não defende o interesse nacional e, por isso, tem de ser corrido o mais depressa possivel.
Se de Cavaco nada podemos esperar, resta a luta directa para o conseguirmos.
Na rua, nas empresas, nas redes sociais, há que fomentar a revolta, a rebelião, a desobediência, mostrar bem que o povo está contra Passos Coelho, Portas e os outros imbecis que o acompanham e tudo fazer para ajudar à sua queda.
REVOLTEM-SE!

sábado, 30 de junho de 2012

Em Roma, sê germano

Texto de Joana Amaral Dias hoje publicado no "Correio da Manhã"

"O défice aumenta, a despesa sobe, a receita fiscal diminui, o desemprego dispara, as empresas fecham.

Será necessário mais algum banho de realidade ou abridor de olhos para que este governo e os economistas de serviço se convencerem que esta política é um total falhanço? Para que serviu toda esta austeridade que mandou tantos para a pobreza, que criou os sem-casa e abandonou outros tantos à miséria? Agravou Portugal e agradou à Alemanha, apenas. O austeritarismo não serve nenhuma sociedade. E, como se vê pelo estado das contas públicas, nem sequer cumpre o único objectivo a que se propõe.
Mas ainda não será desta que esta gente vai emendar a mão. Coelho, Gaspar e Relvas continuarão a afirmar que é esta a solução, só que em doses maiores ou mais prolongadas. A Europa, mais cimeira, menos cimeira, não irá resolver o problema pois as medidas substantivas não agradam à Alemanha que prolongará a agonia o mais possível. Há um dito alemão que diz que mais vale um final com um susto do que um susto sem fim. É pena. Tantos germanófilos e nenhum o segue. Nem mesmo a própria Merkel."

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O fim da ilusão

Texto de Manuel José Manuel Pureza hoje publicado no Diário de Noticias.

"Só se desilude quem alimenta ilusões. E se o Governo alimentou na opinião pública a ilusão da salvação pelo empobrecimento, ela bateu estrepitosamente na parede. Os resultados do último relatório de execução orçamental da Direção-Geral do Orçamento são a mais letal crítica política que o Governo recebeu até agora. Vítor Gaspar confessou, em idioma "governamentalês", o rotundo fracasso da estratégia: "A informação disponível sobre o comportamento das receitas não é positiva", a que acresce que os dados "traduzem um aumento significativo nos riscos e incertezas associadas às expectativas orçamentais".

Estava escrito nas estrelas. A austeridade conduz a uma contração da economia, isso traz consigo um desemprego crescente e um estrangulamento dos orçamentos familiares e quem ainda tem trabalho, o que faz disparar os subsídios de desemprego e outras prestações sociais e uma inevitável quebra das receitas fiscais, seja em impostos sobre o consumo seja em impostos sobre o rendimento. A resposta recessiva à crise, além de terrivelmente injusta, é a mais incompetente das respostas - essa é a síntese dos números da Direção-Geral do Orçamento.
Os números são como o algodão: não enganam. Nas previsões delirantes do Governo, a receita fiscal deveria estar a crescer em 5,4%. Caiu 3,5%. No caso específico do IVA - cuja taxa subiu para 23% para inúmeros produtos, com especial destaque para a restauração - a este ritmo, a receita cairá 2000 milhões de euros (5,8%) quando o Governo anunciara expectativas de subida do arrecadamento em 10%. Os casos do imposto sobre veículos (quebra de 258 milhões de euros) e do imposto sobre produtos petrolíferos (decréscimo de receita de 145 milhões de euros, não obstante as subidas sistemáticas do preço da gasolina ao consumidor) confirmam uma verdade insofismável: a maior subida de impostos alguma vez praticada em Portugal resulta em hecatombe na receita fiscal. Lembram-se das entradas de leão do Governo, a denunciar a herança de um "desvio colossal" nas contas públicas? O que dirá agora Passos diante dos números da Direção-Geral do Orçamento? É caso para perguntar se nos livros sagrados do liberalismo que o Governo tão zelosamente professa não se ensina algo tão básico como que a combinação entre subida da carga fiscal acima do tolerável pelos orçamentos das famílias e das empresas e a perda de emprego ou de salário é absolutamente explosiva para a coluna das receitas nas contas públicas.
Contrai-se a receita, aumenta a despesa (mais 2%), como inevitável resultado do acréscimo de pagamentos de subsídios de desemprego (403 milhões de euros) e da diminuição das contribuições para a Segurança Social (278 milhões a menos).
Esfuma-se, assim, a cada dia que passa, o mito de que "vamos sofrer, mas vamos conseguir". Não, não vamos conseguir. A meta dos 4,5% de défice em 2013 - discutível em si mesma e, mais do que tudo, nas perversões sociais e económicas que alimenta - não vai ser alcançada senão com novo e agravado pacote de austeridade. E essa é a mentira com rabo de fora que o ilusionismo governamental já não consegue esconder mais. Paulatinamente, Passos Coelho vai deixando cair a máscara - onde há tempos era "nunca", agora é "se for necessário". Onde era "se" passou a ser apenas "quando". Para ir aplanando terreno, Gaspar vai ensaiando a sua declinação do estafado "o mundo mudou...". E o próximo Orçamento do Estado, se não for antes, encarregar-se-á de cumprir o desígnio de mais austeridade, mais recessão, mais diminuição de receita, mais aumento de despesa. Mas irresponsabilidade, portanto, mais incompetência, mais afundamento do País. Uma lógica infernal que só não viu, desde o início, no memorando com a troika quem não quis ver
"

quinta-feira, 28 de junho de 2012

António Costa considera adequado pagar 19 mil euros a Mega Ferreira por um estudo

Os mesmos, sempre os mesmos ...















Sem comentários!!!

O presidente da Câmara de Lisboa considera justo pagar 19 mil euros por um estudo sobre os museus da capital. A autarquia encomendou este trabalho a António Mega Ferreira, que, em quatro meses, vai analisar a situação de todos os museus camarários com vista à renovação do Museu da Cidade.

António Costa considera que 19 mil euros é um valor normal: “É o valor dele e a história da cidade é muito importante”, defende.

O estudo a realizar pelo ex-director do Centro Cultural de Belém visa uma renovação do Museu da Cidade, que pode vir a chamar-se Museu de Lisboa e mudar de instalações para um edifício de arquitectura contemporânea novo ou a reabilitar, com ênfase no século XX e XXI, informou a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.

Tendo em conta a «atual conjuntura de mudanças de paradigma nas políticas culturais em geral», as vereadoras da Cultura e das Finanças, Catarina Vaz Pinto e Maria João Mendes, respetivamente, consideram «necessário e pertinente a elaboração de uma reflexão crítica contemporânea e alargada» do museu da cidade.

A escolha de António Mega Ferreira, segundo o presidente da câmara da capital, seguiu um “critério da qualidade, de alguém que já deu provas dadas de conhecer bem a cidade, de compreender bem a cidade e saber como é que a história da cidade pode ser reinventada de forma a cativar todos”.

A aquisição de serviços foi criticada pelo PSD, CDS-PP e PCP e acabou por ser aprovada apenas com os votos do PS e do vereador independente Sá Fernandes (eleito na lista do PS). O PCP e os vereadores do movimento Cidadãos por Lisboa (também eleitos nas listas do PS) abstiveram-se, enquanto PSD e CDS votaram contra.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Parcerias? Extinção!

Texto de Paulo Morais, Professor Universitário e ex-vereador da Câmara Municipal do Porto hoje publicado no "Correio da Manhã".

Os contratos de parceria público-privada constituem acordos calamitosos. Neste modelo de negócio, os riscos correm sempre por conta do Estado, mas os lucros estão inevitavelmente garantidos aos privados.

Quando a troika chegou a Portugal, há já mais de um ano, exigiu a sua renegociação, e, ao tomar posse, Passos Coelho prometeu a redução drástica das rendas a pagar aos concessionários. Volvido um ano, parece que afinal o governo já desistiu desta redução. Em legislação recente, de 23 de Maio, que regulamenta esta matéria, Vítor Gaspar garante aos privados que "da aplicação do presente diploma não podem resultar alterações aos contratos de parcerias já celebrados, ou derrogações das regras neles estabelecidas, nem modificações a procedimentos de parceria lançados até à data da sua entrada em vigor." Com esta legislação, o governo coloca-se numa posição frágil e à mercê duma improvável generosidade dos concessionários. Já não vai haver renegociações.

De forma sintomática, o primeiro--ministro veio ao Parlamento prometer uma redução de trinta por cento em rendas que orçam em 40 mil milhões de euros, o que significaria uma poupança de 12 mil milhões. Mas, no mesmo discurso, admitiu que a diminuição será apenas de 4 mil milhões, uns míseros 10%. De novo, os "parceiros" foram poupados…

Já que esgotou a possibilidade da renegociação, o governo deverá agora extinguir as parcerias. Deve proceder à expropriação por utilidade pública dos equipamentos ou até, em alternativa, modificar o modelo de contrato.

A determinação do valor de expropriação obtém-se através duma avaliação independente do valor das infra-estruturas. As rendas pagas aos financiadores da nova operação serão certamente da ordem de metade das que hoje são pagas aos concessionários.

Outra opção, a alteração do modelo de contratação, consistiria em converter as concessões em contratos de exploração. Sem quaisquer garantias para os privados, estes deverão partilhar as receitas, de forma justa, a troco do alargamento do período de concessão. Desta forma, o Estado ainda teria lucro.

Há pois alternativas incontestáveis que defendem o interesse público. Só falta agora que a negociação em nome do Estado seja competente e séria.

O ministro vai cego

Texto de Manuel Catarino, Subdirector, hoje publicado no Correio da Manhã.

Até o professor Cavaco Silva, por acaso com menos obra publicada que Francisco Louçã, sabe como a austeridade não é remédio e só agrava a recessão – mas confia na capacidade do ministro das Finanças. ´

Não sei se o Presidente da República o ouviu ontem na Assembleia da República. A confiança deve ter ficado seriamente abalada. Vítor Gaspar, como se sabe, enganou-se em tudo – no diagnóstico e no tratamento.

Ontem, no Parlamento, era a plácida imagem de quem nem imagina aonde isto vai dar: "O que distingue uma crise é o grau de incerteza final" e "os riscos são consideráveis". Sábias palavras do homem que teimosamente nos leva por caminhos pedregosos que nem ele conhece.

Passos Coelho, 1º aniversário

Passos Coelho escreveu no facebook a sua visão do balanço do seu 1º ano de governo:
"Portugal está bem mais próximo de ultrapassar esta crise"
O que diz seria, no mínimo, para rir se não fosse tão triste a situação em que ele pôs Portugal e os portugueses.
Interessantes são, isso sim, os comentários que suscitou e que aqui se reproduzem alguns.
Dá nem para ver qual a opinião que o povo anónimo tem deste rapazola neoliberal de Massamá.


José Carlos Martins
Este Sr. Dr. Passos Coelho é mesmo uma vergonha...Este rapazola, como alguém lhe chamou, se soubesse o que é a vida, não achincalhava as pessoas com estas medidas e tomava o pulso às vergonhosas parcerias público-privadas, aos bancos e a todas aquelas fundações e institutos que, quando estava em campanha, disse que iria acabar com todas as elas, pois são uns parasitas de dinheiros públicos.
Mas não, ao contrário do que prometeu na campanha eleitoral, enganou-me a mim e a milhões de portugueses;
Se rasgou contratos com as pessoas por que não rasga com todas aquelas empresas das parcerias? Eu respondo: por que daqui a cerca de 3 anos, quando levar um valente e merecido pontapé naquele sítio dos portugueses, tem que ir trabalhar para algum lado...


Mauro Cortesao
Sr. Primeiro-Ministro, após um ano de governação, e segundo a minha óptica, afirmo, categoricamente, que a demagogia com que nos habitou ultrapassou os limites. Sr. Primeiro-Ministro, por favor, dispa o seu "uniforme" de ministro e vista o fato de operário de tantos outros portugueses que diariamente não suportam mais sacrificios. Sáia do seu gabinente e entre em contacto ditecto com a sociedade que, terrivelmente, devastou. Viaje até ao mundo da precaridade e pobreza, composto por jovens altamente qualificados a engrossar as bichas para os centros de emprego até aos idosos que diariamente sentem o flagelo das reduções das pensões, sem força para fazerem frente às inevitáveis e assustadoras despesas. O conceito de "sensibilidade social" não se enquadra lógicamente com os seus discuros demagogos. Não coloque a ditadura dos mercados internacionais acima do bem-estar da sociedade. Lembre-se Sr. Primiero-Ministro, a principal fonte de riqueza de um pais passa, primeiramente, pela valorização das varias faixas e escalões etários que compõe a sociedade. A base de riqueza somos nós. Por favor, não a queira perder com as suas medidas de "mercado".

Nuno Vieira
Tu e os bandidos do teu partido e do PS mais cedo ou mais tarde vão ter o fim que merecem - a prisão.

Fábio Rodrigues
Tal como o lider da Jotinha SD, que defende que o Sócrates devia ir preso (e outros), também tu e os outros do Governo deveriam ir presos, um dia, por entregarem as empresas lucrativas, deste País, a entidades totalitárias estrangeiras, como o Estado Chinês... Em troco de quê? De um aumento de competitividade que se traduz em aumentos brutais de preços aos consumidores... Isto vai dar fezes!!! Ou pensas que toda a gente anda a dormir, em Portugal!?!?!?

Manuel Correia
Isto de ser bom falador nos dias de hoje é muito facil , isto de tirar ao mais pobres para financiar um país que é uma anedota , onde só alguns priviligiados se safam e continuam a rir dos mais fracos , pais onde se preveligia o trafico de influencias onde a corrupção é gritante é o mesmo país que o 1º Ministro vive e cada vez está mais no fundo e vai continuar a afundar ,porque a incompetencia roça o ridiculo , portanto e como diz o meu PAI , vozes de ***** não chegam ao céu . Toda a vida lutei pelos valores em que acredito , e sempre acreditei que existiriam pessoas com capacidade de ajudar a levar este país para um futuro em que viver ,trabalhar e existir com dignidade e liberdade fosse um direito ,um dado adquirido ,mas infelizmente tanto o meu futuro e principalmente o futuro dos meus filhos está hipotecado e se calhar o melhor mesmo é fazer como pedem os governantes deste país á beira mar plantado , EMIGRAR é o nosso futuro . Já chega de fazer como o Xerife de Nottigham ,roubar aos pobres para dar aos ricos . Tenham vergonha . ISTO NÂO È VOSSO ,ISTO È PORTUGAL , façam um favor a todos os Portugueses DEMITAM-SE .

Rita Pereira
Vai com falinhas mansas para o lado das Merkel e companhia que aqui já ninguem te quer ouvir. Fazias boa figura era se combatesses a corrupção daqueles que te rodeiam e de todos os outros e obrigasses essa gentinha toda a pagar todo o dinheiro que devem ao povo portugues. Pais atrasado este, que mais rapido prende alguem por ter roubado 1 bocado de pão para comer do que alguem que roubou tantos milhões que agora deixa o povo portugues passar fome.
Ah! e enquanto andares feito fantoche as ordens do Relvinhas não vais chegar a lado nenhum. Ou melhor, espero que cheguem os dois rápido à penitenciária mais próxima...

Hugo Goncalves
Só mesmo no terceiro mundo um fulano destes poderia ser eleito. Mas aqui, aconteceu porque se fartou de mentir antes de o ser. Enganou o povo e continua todos os dias. Agora, até no Facebook.

Estela Mendes
A unica coisa que o Sr.conseguiu com essa politica ruinosa da qual afirmou ontem mesmo não pretender abdicar, foi fechar pequenas empresas, aumentar o desemprego e a emigração, arruinar o SNS,criar precariedade nos empregos e miséria no povo português, enquanto o dinheiro saqueado aos trabalhadores continua a ser entregue de bandeja à banca e aos grandes grupos economicos, é escandalosa, vergonhosa, naseabunda a forma como as grandes fortnas continuam a ser protegidas e como o dinheiro deo erario publico continua a ser mal gasto, DEMITA-SE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Irene Rosa
Votei no PSD. O PSD cometeu uma fraude. Disse que faria ... e fez o oposto. Este Governo confisca bens. Eu pensava que eram os comunistas que poderiam fazer isto. Rouba salários a pessoas que trabalham. Vai aumentar o IMI e muitos Portugueses não o poderão pagar, então o Governo confiscará a propriedade privada. Dr.Passos Coelho, eu não o respeito porque não respeito quem rouba.


António Varela
É muito triste quando um país não tem ninguém melhor que um garoto inculto quer nunca trabalhou para governar um país, isto só demonstra o povo estúpido que temos. Vamos pagar bem caro terem escolhido este miúdo para P.M

Luis Nunes Guedes Marques
Tenho vergonha de si...... o senhor é um MENTIROSO compulsivo e nas proximas eleições não tem o meu voto. O senhor só trouxe mais miséria ao povo português., é o sem vergonha e sem carácter. O senhor não é digno de ser português.

Pedro Miguel Rocha
O Sr. ministro provoca a desgraça em Portugal com os cortes nos subsídios, na saúde, educação... Depois felicita os desgraçados por conseguirem sobreviver sem as condições básicas de vida. Acho que o Sr. apenas tem noção dos números, não da situação real de pobreza que o povo está a passar. Nós, jovens, acreditamos que Portugal não nos pode dar um futuro. Estão a tirar-nos as oportunidades para estudar, os apoios, não há emprego para nós, ou seja, nem podemos estudar nem trabalhar. Como não temos dinheiro não podemos constituir família e a taxa de natalidade diminuirá significativamente. O que será da nação sem jovens e futuro?

José Calçada
Á primeira quem quer cai, à segunda cai quem quer. À terceira só cai que é burro. Já cairam a vitar no silva de boliqueime, depois nestes gatunos. Quem os apoia e ainda acredita neles, já tem que ser uma grande besta.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

São sempre os mesmos

Texto de Armando E. Pereira, Director-Adjunto. hoje publicado no Correio da Manhã. A continuar a escrever desta maneira é capaz de não demorar muito em funções.

"Enquanto os arautos da desgraça carregam na inevitabilidade de mais austeridade, esse inescapável castigo para a imensa maioria dos trabalhadores por conta de outrem, a agenda oculta do verdadeiro poder permanece intocável.

Pelo que se vê, nada mudou para os próceres sombrios que fazem e desfazem governos, sejam tais executivos do PSD ou do PS. As privatizações feitas ou que hão--de vir são fatias do grande bolo que está à disposição dos ‘senadores’ de toda a vida. São sempre os mesmos e têm as fortunas a salvo de qualquer crise, fisco ou justiça. São os velhos e novos barões do sempre renovado Bloco Central de Interesses, bichos imunes a qualquer alteração de ciclo político."

domingo, 24 de junho de 2012

Alguém que explique isto muito bem explicadinho!!!

Esta semana a Direcção-Geral do Orçamento (Ministério das Finanças) publicou a "Síntese da Execução Orçamental de junho/2012" onde se lê, logo na "SÍNTESE GLOBAL":

"Verificou-se um aumento significativo do pagamento de juros e outros encargos (mais 80,5%), refletindo quer um diferente padrão intra-anual de execução desta rubrica quer o aumento do stock da dívida."

E mais adiante explica:

"Para o comportamento da despesa, em termos de variação homóloga acumulada, destacam-se os seguintes fatores: ...

O aumento da despesa com juros e outros encargos, cuja variação homóloga foi mais acentuada por comparação com o mês anterior (por memória, +57,9%). A aceleração da despesa com juros é justificada pelo pagamento de juros com empréstimos da União Europeia (aproximadamente 190 milhões) e do Fundo Monetário Internacional (cerca de 90 milhões);
"

Como?

Mas estes organismos não nos estão a "ajudar"? E ajudam-nos a cobrar juros desta grandeza?

As opções politicas de Passos Coelho e Vitor Gaspar são bem perceptíveis neste documento cuja análise mostra a transferência de recursos e verbas para os bancos e instituições financeiras, seja para as PPPs (Parcerias Publico Privadas), seja para os credores da "troika", seja ainda o dar preferência a prestadores de serviços privados em detrimento dos públicos.

Vejam-se estes parágrafos:

"Destaque para a redução da despesa, sendo de referir os seguintes fatores:

A diminuição das transferências correntes, refletindo o impacto orçamental das medidas de contenção previstas no Orçamento do Estado para 2012, com destaque para: o financiamento do Serviço Nacional de Saúde (-11,8%); as instituições de Ensino Superior e de Ação Social do Ensino Superior (-19,4%); e à Administração Local (-6,3%);

A redução da despesa com pessoal, para a qual contribuiu, em maior medida, o comportamento da despesa com remunerações certas e permanentes (-6,7%) - com destaque para o Ministério da Educação e Ciência devido à redução de efetivos das escolas de ensino não superior - e os encargos com saúde10 (-32,2%) em resultado de diferentes classificações contabilísticas 11. Em termos comparáveis, o decréscimo da despesa com pessoal seria de 6,5%.

O decréscimo da despesa com a aquisição de bens e serviços, que é explicado pela redução das despesas de saúde a cargo da ADSE e da despesa de funcionamento dos serviços. Em termos comparáveis, o decréscimo desta rubrica seria de -11,8%.


Serviço Nacional de Saúde

A despesa efectiva registou um decréscimo de 5,9%, resultado essencialmente do desempenho das Administrações Regionais de Saúde (ARS), para o qual contribuiu a redução da despesa com:

Subcontratos (-5,2%), justificada pela redução do valor do contrato-programa com os hospitais e unidades de saúde EPE, no seguimento da aplicação das medidas previstas para o sector.

Destaca-se ainda a redução de despesa com os meios complementares de diagnóstico e terapêutica e com medicamentos vendidos por farmácias de ambulatório.

Outras despesas (-50,6%), devido ao menor volume de transferências efectuadas para organismos da Administração Central22 e da Segurança Social23;

Pessoal (-5,2%) em resultado da redução de remunerações e suplementos.


Em sentido contrário, destaca-se o acréscimo registado em outros Subcontratos (+32,6%) que deriva de novos encargos com Parcerias Público-Privadas, nomeadamente, o início de atividade do Hospital de Loures e o pagamento ao Hospital de Vila Franca de Xira."

Onde estão os comentadores e analistas para explicarem isto? Ou será que não há explicação?

Alguém que explique, por favor, e bem explicadinho que é para ver se entendemos!



O texto completo da Síntese da Execução Orçamental de junho/2012 pode ser consultado aqui.

Abrir a porta

 Dá sempre gozo quando os propagandistas de serviço ao PSD falam contra as opções do Governo. Desta vez é João Pereira Coutinho em texto hoje hoje publicado no Correio da Manhã.

"Não sei o que me incomoda mais com os últimos números da execução orçamental: se os números propriamente ditos; se o espanto que o governo mostrou perante eles. Será que Vítor Gaspar acreditava mesmo que as medidas de austeridade levariam a uma subida da receita fiscal?

Em caso afirmativo, é possível imaginar tudo. Até novas medidas de austeridade sobre os portugueses – mais impostos, mais cortes nos subsídios dos privados – um caminho de ruína que permitirá ao país chegar ao final do ano de rastos mas com um défice de 4,5% para mostrar aos parceiros europeus. Isto não seria apenas um crime; como dizia o outro, seria um erro: Espanha, Grécia e até Irlanda já abriram a porta para renegociar os respectivos programas de ajuda. A única coisa que se espera deste governo é que siga o exemplo dos seus irmãos pedintes e se junte a eles para uma conversa séria sobre prazos e outras metas. Fechar esta porta é asfixiar o país.  "

sábado, 23 de junho de 2012

O Presidente fraco

O Senado do Paraguai aprovou hoje a destituição do chefe do Estado Fernando Lugo por "mau desempenho de funções". Por cá ... cavaco!
Texto de Medeiros Ferreira, Professor universitário, hoje hoje publicado no Correio da Manhã.

"A 19 de Maio, neste jornal, enderecei ao Presidente da República uma "carta" na qual o instava a impedir a revisão do Código do Trabalho enviando o diploma para o Tribunal Constitucional ou vetando-o, "se necessário". Tolhido por receios ancestrais, o PR acaba de promulgar a lei que há-de aumentar o desemprego sem aumentar a produtividade. Haverá pois uma nova revisão das leis do trabalho mais justa.

No "comunicado da presidência", o PR justifica-se com o facto de apenas 15% dos deputados terem votado contra o decreto parlamentar, castigando assim o PS pelo seu vício solitário da abstenção repetida e estéril nas grandes questões. Na análise realizada no "âmbito da Casa Civil" – um mimo de desresponsabilização pessoal de Cavaco Silva – declara-se arbitrariamente que não foram "identificados indícios claros de inconstitucionalidade que justificassem a intervenção do Tribunal Constitucional". Essa opinião da Casa Civil é rebatida ponto por ponto por Monteiro Fernandes, especialista universitário em Direito de Trabalho, no ‘Público’ de 4ª feira. Aponta inconstitucionalidades no banco de horas, na eliminação dos feriados e na redução de férias e nos 7 dias de trabalho gratuito assim fornecido, na suspensão de cláusulas das convenções colectivos e no novo cálculo das compensações por despedimento. Monteiro Fernandes termina chamando a atenção para os efeitos nefastos da não-pronúncia preventiva do TC na segurança jurídica do novo código.

De facto, seria muito positivo que os juízes tivessem tido a oportunidade, que lhes foi negada pelo PR, de elaborar um acórdão sobre a matéria, eliminação de feriados incluída. Como escrevi na "carta" de 19 de Maio, caso Cavaco Silva não obstaculizasse essa eliminação de feriados como o 5 de Outubro – ou o 1º de Dezembro – "passaria a encará-lo como o regente timorato de um república envergonhada e diminuída". Mantenho. O mandato de Cavaco Silva ficará ligado à manobra política de ataque ao regime republicano em Portugal – não esquecer que Passos Coelho esteve ausente do início das celebrações do centenário na CML. Cavaco Silva tornou-se um presidente fraco cercado em Belém. Não deve contar com os republicanos para o tratarem por "Chefe de Estado" como no tempo da ditadura."

sexta-feira, 22 de junho de 2012

E não se pode exterminá-los?

Texto de Manuel António Pina hoje publicado no Jornal de Noticias

"A montanha de audições dedicada pela ERC a averiguar o caso das "alegadas pressões ilícitas" do ministro Miguel Relvas sobre o "Público" pariu, como não poderia deixar de ter parido, um tíbio rato: o anúncio de que a ERC formou a convicção de que não formou convicção alguma acerca das tais "pressões ilícitas" e não as deu como "provadas".

Formou, contudo, a convicção de que a actuação do ministro "poderá ser objecto de um juízo negativo no plano ético e institucional". Mas, antecipando-se a interpretações maldosas, rapidamente se pôs de fora, como também não poderia deixar de se pôr: "não [cabe] à ERC pronunciar-se sobre tal juízo".

O actual Conselho Regulador da ERC é constituído por membros indicados pelo PSD (três) e pelo PS (dois). E, mais significativo do que as convicções que formou ou não formou ou do teor da deliberação que aprovou é o facto de essa deliberação ter tido votos a favor dos membros indicados pelo PSD e contra dos indicados pelo PS. O previsível, num caso envolvendo um ministro do PSD. E que tutela... a ERC.

A partidarização de organismos como a ERC ou o Tribunal Constitucional retira-lhes qualquer credibilidade e fere de morte a independência com que deveriam exercer as suas funções, tornando-os inúteis. Perguntarão justificadamente os contribuintes: "E não se pode exterminá-los? Não. Porque quem poderia exterminá-los seriam o PSD e o PS."

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Parabéns Passos Coelho

Um ano de Governo

524 desempregados por dia

150 mil portugueses emigraram

É este o sucesso do governo.

Parabéns.





* Um rapazola a quem calhou ser primeiro-ministro 

Texto de Daniel Oliveira publicado no Expresso a 14 de Maio mas que assenta que nem uma luva na data do 1º aniversário do governo de Passos Coelho, o rapazola neoliberal de Massamá.

"Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas não se esqueceram de onde vieram e por o que passaram. Sabem o que é o sofrimento e não o querem na vida dos outros. São solidárias. Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas ficaram para sempre endurecidas na sua incapacidade de sofrer pelos outros. São cruéis. Há pessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que receberam, não deixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca perderam a consciência de que seus privilégios são isso mesmo: privilégios. São bem formadas. E há pessoas que tiveram a felicidade de viver sem problemas económicos e profissionais de maior e a infelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São rapazolas.

Não atribuo às infantis declarações de Passos Coelho sobre o desemprego nenhum sentido político ou ideológico. Apenas a prova de que é possível chegar aos 47 anos com a experiência social de um adolescente, a cargos de responsabilidade com o currículo de jotinha, a líder partidário com a inteligência de uma amiba, a primeiro-ministro com a sofisticação intelectual de um cliente habitual do fórum TSF e a governante sem nunca chegar a perceber que não é para receberem sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participam em eleições. Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aos calcanhares de quem fala com esta leviandade das dificuldades da vida de pessoas que nunca conheceram outra coisa que não fosse o "risco"."

* Texto parcial

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Portugal a saldo

Texto de Armando E. Pereira, Director-Adjunto. hoje publicado no Correio da Manhã.

"A ordem dada pelo Governo à Caixa Geral de Depósitos para alienar as participações em grandes empresas está a provocar a venda a saldos para o capital estrangeiro.

Já foi assim na Zon e é agora na Cimpor, onde, numa atitude digna de livro de recordes, o proprietário de um lote relevante de acções responde em cerca de 20 minutos ao anúncio de uma OPA que paga menos do que outra anteriormente recusada.

A cimenteira, que é uma das poucas empresas de matriz nacional com forte presença internacional, vai ser retalhada. O País vai perder uma grande empresa, receitas fiscais e uma cotada de referência na Bolsa. A vender anéis tão baratos, Portugal vai rapidamente perder os dedos. "

terça-feira, 19 de junho de 2012

Contra as opções ideológicas de Passos Coelho

Dois textos hoje publicados no Correio da Manhã contra as opções politicas e ideológicas de Passos Coelho e do bando de grunhos neo-liberais que o acompanha.

Para esta gentalha tirar o Estado da economia significa cortar na saude, na educação, na justiça, nos apoios sociais mas continua a colocar boys e girls nos incontáveis tachos de serviços, gabinetes, comissões, institutos, empresas e fundações.
BASTA!

Contas cegas
De Armando E. Pereira, Director-Adjunto.

"O encerramento das pequenas comarcas e a extinção de freguesias têm um traço comum: obedecem às ordens da troika, que desconhece o país real.

São medidas que visam cortes cegos na despesa sem ter uma visão de Portugal. É importante haver racionalidade da despesa pública, mas não é acabando com as freguesias, um património histórico das populações, ou fechando os tribunais que a economia melhora. Na cabeça de quem toma estas medidas, Portugal só é viável numa pequena faixa litoral entre Setúbal e o Minho, acrescido da costa do Algarve entre a praia e a estrada 125. Nesta lógica de contas da mercearia, a Padeira de Aljubarrota teria cometido um grande erro. Bateu nos castelhanos em vez de lhes vender a padaria."

Bankster
De Paulo Morais

"O favorecimento ao sector financeiro só é possível porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal.
Os bancos portugueses estão sem dinheiro e perderam a credibilidade. Limitam-se agora a sugar os recursos duma economia que deviam apoiar mas apenas parasitam.

Estão hoje, na generalidade, descapitalizados. A abarrotar com créditos incobráveis, os bancos escondem ainda uma bolha imobiliária gigantesca, resultante de empréstimos mal concedidos e até arbitrários.

Depois de anos de má gestão e escândalos, os bancos estão agora de mão estendida. Mais uma vez, o estado português virá em seu auxílio, desviando recursos da economia real. Dos 78 mil milhões recebidos da troika, cerca de quinze por cento destinam-se a apoiar a banca. E adivinha-se que nem sequer será pela via de empréstimos, pois os bancos não quererão devolver o dinheiro. Será em alguns casos sob a forma de aumento de capital, mas sem que o estado sequer intervenha na gestão. O estado paga, mas não manda.

Estas situações de favorecimento ao sector financeiro só são possíveis porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal. É da banca privada que saem muitos dos destacados políticos, ministros e deputados. E é também nos bancos que se asilam muitos ex--políticos.

Alguns, mais promíscuos, mantêm ligações ao sector financeiro em simultâneo com o desempenho de funções públicas. Há situações que assumem mesmo foro de indecência, como a de Vera Jardim, que acumulava a presidência da comissão parlamentar de combate à corrupção com a superintendência do Banco Bilbao Viscaya; ou a do deputado Frasquilho, que integra o grupo encarregado de fiscalizar o plano de assistência financeira e trabalha no BES, potencial beneficiário desse mesmo programa. Até na supervisão, o insuspeito Banco de Portugal acolhe nos seus órgãos sociais celebridades ligadas à banca privada, como António de Sousa ou Almerindo Marques. Incumbidos de se pronunciarem sobre a actividade do banco central, controlam a entidade que supervisiona o sector ondetrabalham.

Com estas artimanhas, os banqueiros dominam a vida política, garantem cumplicidade de governos, neutralizam a regulação. Têm o caminho livre para sugar os parcos recursos que restam. Já não são banqueiros, parecem gangsters, ou seja, banksters. "

O negócio das reformas

Texto de Manuel António Pina hoje publicado no Jornal de Noticias

"A ideia já foi lançada, e não por acaso pelo presidente executivo da AIG, um dos impérios financeiros que esteve na origem da actual crise: os governos devem, montando as costas largas da crise financeira, aumentar a idade da reforma "para os 70, 80 anos". Os cidadãos europeus que se vão, pois, habituando à estimulante ideia de entregar durante 50 ou 60 anos parte dos seus salários ao Estado ou a um grupo financeiro - até onde continuar a ser possível discernir uma coisa da outra - e só começar a receber de volta, em suaves prestações mensais, o resultado desse investimento mediante apresentação da certidão de óbito.

Para o CEO da AIG, o céu é o limite. Tomando como exemplo a Grécia, recomenda uma nova receita austeritária: pôr "as pessoas a trabalhar mais tempo e [retirar] essa carga aos jovens" ("carga" há muito retirada pelo programa da troika: o desemprego jovem na Grécia já é superior a 50%).

Mas a Grécia é, de facto, um bom exemplo. Os gregos têm, conforme dados citados pela "Dinheiro vivo", uma esperança média de vida de 81,3 anos. Reformando-se aos 80, o Estado e as seguradoras a quem terão confiado, durante décadas de vida e de trabalho, os seus descontos, só lhes pagariam, em média, um ano e quatro meses de pensões.

Imagine-se quantas pagariam em Portugal, onde a esperança média de vida é, segundo os últimos números do INE, de 79 anos."

Como querem pensar em federalismo?

Texto de Pedro Tadeu hoje publicado no Diário de Noticias.

"Já me juraram ter sido muito bom a Nova Democracia ganhar as eleições na Grécia. Já me tentaram convencer de que foi péssimo o Syriza não ter obtido a maioria. Como não sou adivinho, como não me atrevo a prever o que se vai passar na Grécia, como espero que os gregos tenham uma ideia melhor sobre isso do que eu, resta-me aprender com a experiência do passado, para perceber melhor como funciona esta Europa, de que somos sócios.

E o passado ensinou-me que na União Europeia nenhum país pode arriscar eleger um governo que ponha em causa o grande poder centrão, tecnocrata e burocrático que dirige há 60 anos, desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, as políticas comuns que nos empurraram para este lamaçal económico.

Se há a mínima hipótese de alguém chegar ao poder no seu país que se coloque fora do arco político tido como aceitável para pisar as alcatifas do edifício Justus Lipsius, em Bruxelas, movimenta-se imediatamente uma tremenda força de solidariedade europeia.

Sim, ela existe, a solidariedade da União não ajuda os povos dos países em dificuldades, não procura soluções de pagamento de dívida soberana ou de redução de défice público com impacto reduzido na qualidade de vida dos cidadãos, não. A solidariedade da União existe para liquidar politicamente, à nascença, qualquer hipótese de pôr em causa o caminho que foi seguido, ameaçando, chantageando, humilhando, condicionando e, sobretudo, decidindo com as troikas do momento, sem qualquer tipo de suporte democrático sério.

Pode esta constatação ensinar--nos algo sobre o futuro? Pelo menos põe em causa um caminho que muitos, à esquerda e à direita, vêm defendendo como sendo o que pode salvar o euro e a Europa: o federalismo, o reforço da união política que permita criar mecanismos de representatividade democrática, capazes de caucionar concessões de soberania ao poder central europeu que passaria, em matérias orçamentais, financeiras, fiscais, de defesa e outras, a funcionar com um governo comum.

Imagino, no entanto, o que se passaria nessa Europa, unida politicamente, se algum dos Estados federados elegesse para o seu governo local um movimento político que não interpretasse, dentro do cânone conformado, o hino uníssono europeu. Se agora foram as ameaças, o que se passaria então? A invasão pela Guarda Civil?

Toda esta experiência, sobretudo a dos dois últimos anos, só me faz ter cada vez mais medo (sim, medo!) do que poderá ser uma Europa federada, comandada pelos senhores de sempre."

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A diferença entre um coveiro e um assessor

Mais um mail de indignação que circula pela net e quem nem vale a pena comentar de tão elucidativo que é sobre a politica partidária.

Assessor Vs. coveiro

EXEMPLO 1

Ora atentem lá nesta coisa vinda no Diário da República nº 255 de 6 de Novembro:

No aviso nº ----     (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J.
Para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 3500 euros).
Na alínea 7:... "Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na
"... Apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."


EXEMPLO 2

Já no aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda à roda de 450 EUR mensais.

Método de selecção:

Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos.
A prova consiste no seguinte:

1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional;
2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;
3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
4. - Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.
5. -Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais.
6. - Os cemitérios fornecem documentação para estudo.
Para rematar, se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.
7. - No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.


ISTO TUDO PARA UM VENCIMENTO DE 450 ? MENSAIS!

Enquanto o outro, com 3.500? só precisa de uma cunha...!!!

Vale a pena dizer mais alguma coisa...?!

domingo, 17 de junho de 2012

Respeito, por favor

Nem os propagandistas do PSD já escondem a completa falta de aptidão de Passos Coelho para ser primeiro-ministro e estar à frente do Governo.
Texto de Pedro Marques Lopes hoje publicado no Diário de Noticias.

"No debate parlamentar da última sexta-feira, o primeiro-ministro mostrou desconhecer a decisão do seu Governo sobre o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa. A situação chegou mesmo a ser constrangedora quando, fazendo um ar muito sério para dizer que não governava pelos jornais, viu Francisco Louçã mostrar-lhe o comunicado oficial do Governo anunciando a data de fecho da Maternidade. Não foi o único assunto em que Passos Coelho mostrou não estar devidamente informado: sobre as condições do resgate financeiro a Espanha nada sabia e também mostrou desconhecer como seriam feitas as negociações sobre as rendas no sector da energia.

Nenhum dos assuntos será de somenos importância. Não serão matérias em que se possa dizer que o primeiro-ministro, coitado, não pode saber tudo. Digamos que desconhecer uma decisão sobre o encerramento da principal maternidade do País, não estar preocupado se as condições do resgate espanhol serão diferentes das nossas e ignorar as linhas mestras das negociações sobre as rendas energéticas que tanto custam ao erário público não deixará os portugueses propriamente descansados sobre a atenção que o primeiro-ministro dá a dossiers com tanta relevância para o País.

Infelizmente, não é a primeira vez que Passos Coelho mostra, em pleno Parlamento, que parece ignorar temas importantes ou que, pura e simplesmente, não está informado sobre as acções e declarações dos seus ministros. Foi assim com a necessidade ou não da apresentação dum PEC, em que entrou em contradição com Vítor Gaspar e foi assim com a trapalhada monumental acerca da cobrança de portagens na Ponte 25 de Abril, em que no mesmo debate deu três versões distintas sobre o assunto. Só lembrando dois exemplos flagrantes.

Nunca é demais recordar que os momentos em que um primeiro-ministro vai ao Parlamento são importantes. É lá que tem de responder perante os representantes dos portugueses acerca dos vários aspectos da governação. Ir ao Parlamento não é um pró-forma. Quando responde evasivamente aos deputados, quando mostra ignorar assuntos ou quando exibe desconhecimento sobre aspectos centrais da actuação dos seus ministros, mostra, não há outra maneira de o dizer, desprezo pelo Parlamento, e isso é imperdoável.

Claro está, e já toda a gente percebeu, que a coordenação política do Governo é inexistente, o que leva a que um ministro diga uma coisa, outro ministro outra completamente diferente e que o primeiro-ministro ignore o que cada um diz e faz. Mais, se o ministro dos Assuntos Parlamentares não consegue ajudar o primeiro-ministro a responder às perguntas dos deputados, o que é que lá está a fazer? Será que também só soube pelos jornais da data de encerramento da Alfredo da Costa?

É, também, cada vez mais evidente que o gabinete do primeiro-ministro não funciona de forma competente, pelo menos no aspecto fulcral de preparar Passos Coelho com a informação adequada para os debates parlamentares - é preferível pensar assim, do que pensar que o primeiro-ministro prefere não estudar os dossiers que lhe serão ou não entregues.

Tudo isto parece razoavelmente claro, convém porém não esquecer o essencial: a responsabilidade, em derradeira instância, é do primeiro-ministro. Não vale a pena tentar encontrar bodes expiatórios. Quem mostra desprezo pelo Parlamento é o primeiro-ministro e o responsável por não haver coordenação política no Governo é, também, o primeiro-ministro.

Não mostrar respeito pelo Parlamento é não mostrar respeito pelos eleitores, e isso é, não custa repetir, imperdoável."

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Pobre gente pobre

Texto de Manuela Moura Guedes hoje publicado no Correio da Manhã.

"Portugal está pior do que há um ano, quando ainda se acreditava que PSD/CDS dariam cabo do Monstro.

O conselheiro Borges diz que não disse o que não terá passado pela cabeça de ninguém que disse – que defende, em tese, um País de gente pobre. Claro, ninguém em seu perfeito juízo diz semelhante enormidade. O que o conselheiro Borges já achou normal afirmar foi a emergência da redução de salários, não prevendo as reacções fortíssimas que a insensibilidade do seu discurso provocou. E, por variadas razões, tendo algumas das quais a ver com o seu principesco ordenado e sinuoso curriculum. Veio tudo ao de cima num País que está no osso, que não pode ouvir falar em mais cortes e austeridade em salários, impostos e direitos sociais.
Para mais com os resultados que se vêem. Até mesmo as exportações não subiam tão pouco desde Fevereiro de 2010. E se importamos menos, é porque se consome menos, porque há muito mais desempregados, porque se ganha menos e tudo está mais caro. E sem consumo não há economia, há falências. Portugal está pior do que há um ano, quando ainda se acreditava que PSD/CDS dariam cabo do Monstro que criou Institutos, Empresas Públicas, Fundações, PPP, que deixou à solta as Autarquias e as suas Empresas Municipais e que foi o responsável pelo endividamento. O poder público, político, partidarizado e os bancos são os culpados pela crise, mas são as pessoas comuns, que não tiveram culpa, que a estão a pagar. E, perversamente, a par de uma política orçamental da maior rigidez, a Europa continua a ter uma política monetária permissiva.
O sistema financeiro tem comandado tudo, tal como agora o está a fazer, já depois do pedido de ajuda espanhol. Os ‘Mercados’, que deviam ter acalmado, continuam a duvidar, e o contágio prossegue agora para Itália. Seguir-se-á a França. Falta saber o que acontecerá quando, e se, chegar a vez da Alemanha, a quem os investidores pagam para ter dívida e a única a ganhar com a crise. Tudo agora é sistémico e contagioso. Um banco não pode falir porque põe em causa o Sistema, e um País tem de começar a gerir também a economia dos vizinhos, porque se eles caem, ele cai. É a necessidade de maior "integração" a caminhar para o federalismo, com, obviamente, o controlo da Alemanha, que tem a receita para todos – afinal, a mesma do conselheiro Borges."

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Solução para o desemprego jovem

Todos os jovens sem trabalho deviam aproveitar a oportunidade que Passos Coelho diz ser o desemprego e se inscreverem-se nos partidos políticos

Eis aqui um conjunto de jovens a quem o desemprego não incomoda já que seguiram o exemplo de Passos Coelho e tomaram a iniciativa de se encostarem aos partidos do poder.

Isto é que é empreendedorismo de sucesso.


Lista de 29 assessores/adjuntos de Ministérios, todos de idade inferior a 30 anos,

Fonte: http://www.portugal.gov.pt/


MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL (2)

Cargo: Assessora
Nome: Ana Miguel Marques Neves dos Santos
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Adjunto
Nome: João Miguel Saraiva Annes
Idade:28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.183,63 €

MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS (1)

Cargo: Adjunto
Nome: Filipe Fernandes
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.633,82 €

MINISTÉRIO DAS FINANÇAS (4)

Cargo: Adjunto
Nome: Carlos Correia de Oliveira Vaz de Almeida
Idade: 26 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Assessor
Nome: Bruno Miguel Ribeiro Escada
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.854 €

Cargo: Assessor
Nome: Filipe Gil França Abreu
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.854 €

Cargo: Adjunto
Nome: Nelson Rodrigo Rocha Gomes
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA (2)

Cargo: Assessor
Nome: Jorge Afonso Moutinho Garcez Nogueira
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Assessor
Nome: André Manuel Santos Rodrigues Barbosa
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.364,50 €

MINISTRO ADJUNTO E DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES (5)

Cargo: Especialista
Nome: Diogo Rolo Mendonça Noivo
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Adjunto
Nome: Ademar Vala Marques
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Especialista
Nome: Tatiana Filipa Abreu Lopes Canas da Silva Canas
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Especialista
Nome: Rita Ferreira Roquete Teles Branco Chaves
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3069,33 €

Cargo: Especialista
Nome: André Tiago Pardal da Silva
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

MINISTÉRIO DA ECONOMIA (8)

Cargo: Adjunta
Nome: Cláudia de Moura Alves Saavedra Pinto
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Tiago Lebres Moutinho
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: João Miguel Cristóvão Baptista
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Tiago José de Oliveira Bolhão Páscoa
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: André Filipe Abreu Regateiro
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Ana da Conceição Gracias Duarte
Idade: 25 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: David Emanuel de Carvalho Figueiredo Martins
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: João Miguel Folgado Verol Marques
Idade: 24 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €


MINISTÉRIO DA AGRICULTURA (3)

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Joana Maria Enes da Silva Malheiro Novo
Idade: 25 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Antero Silva
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

Cargo: Especialista
Nome: Tiago de Melo Sousa Martins Cartaxo
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €

MINISTÉRIO DA SAÚDE (1)

Cargo: Adjunto
Nome: Tiago Menezes Moutinho Macieirinha
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,37 €

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CIÊNCIA (2)

Cargo: Assessoria Técnica
Nome: Ana Isabel Barreira de Figueiredo
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.198,80 €

Cargo: Assessor
Nome: Ricardo Morgado
Idade: 24 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.505,46 €

SECRETÁRIO DE ESTADO DA CULTURA (1)

Cargo: Colaboradora/Especialista
Nome: Filipa Martins
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 1.950,00 €


Nada mau para estes jovens em início de carreira.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O banco das reformas

Texto de Paulo Morais, Professor Universitário e ex-vereador da Câmara Municipal do Porto hoje publicado no "Correio da Manhã".

"O Banco de Portugal é uma instituição ineficiente que apenas serve para sustentar uma clique poderosa.

O Banco de Portugal (BdP) deveria funcionar de forma transparente e garantir a seriedade do sistema financeiro. Mas os portugueses não conseguem escrutinar a sua actividade. E, do que se sabe, é uma instituição ineficiente que apenas serve para sustentar uma clique poderosa e bem paga. O BdP deixou de ter funções de banco emissor desde a nossa entrada na moeda única. Diminuídas as suas competências, ficou-lhe a missão central de supervisão da actividade financeira. Mas aí, as suas prestações não poderiam ter sido piores. Foi sob a direcção de Vítor Constâncio que se desenvolveram os escândalos do BPN e do BPP. Foi também o BdP que fez vista grossa à luta de poder no BCP e à conquista deste banco pelo PS de Sócrates. Apesar do mandato de que dispunha, não acautelou a idoneidade dos banqueiros e sancionou a nomeação de administradores da estirpe de João Rendeiro, Oliveira e Costa ou Armando Vara.
Foi ainda o BdP que permitiu que crescesse uma bolha imobiliária que representava, no início da crise, 70% da dívida privada nacional. Isto porque a Banca financiou, de forma arbitrária, empreendimentos muito acima do seu real valor. E suportou até projectos que os promotores nunca vieram a construir. Apesar das suas diminutas funções, o BdP mantém um modelo de gestão megalómano, com uma administração imponente e todo um séquito de assessores, a maioria dos quais tem reforma garantida ao fim de seis anos. O BdP sustenta ainda um gabinete de estudos que vem propor ideias tão peregrinas como a diminuição de salários. Este modelo mantém-se até hoje com a complacência de alguns dos seus ex-colaboradores, como o actual Presidente Cavaco ou o Ministro Vítor Gaspar.
O sistema de gestão do BdP é, além do mais, promíscuo, pois chega a permitir que o ex-governador António Sousa presida à associação dos bancos que anteriormente supervisionava. E que Almerindo Marques pertença ao Conselho Consultivo, apesar da sua ligação ao Grupo Espírito Santo. Os portugueses não precisam de uma instituição que só serve para garantir reformas milionárias e pactua com a impunidade do sistema financeiro. O que exigem é uma outra reforma, a reforma do modelo de Banco de Portugal."

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Alteração da Constituição de Portugal para 2012

Mais um mail que circula pela net e que, se posto em práctica, iria resolver alguns dos males da politica partidária.

"Assunto: Alteração da Constituição de Portugal para 2012

Alteração da Constituição de Portugal para 2012 para poder atender o seguinte, que é da mais elementar justiça:




1. O deputado será pago apenas durante o seu mandato e não terá reforma proveniente exclusivamente do seu mandato.

2. O deputado vai contribuir para a Segurança Social de maneira igual aos restantes cidadãos.

Todos os deputados ( Passado, Presente e Futuro) passarão para o actual sistema de Segurança Social imediatamente. O *deputado irá participar* nos benefícios* do regime* da *S*. Social *exactamente* *como todos os *outros cidadãos**. *O fundo de pensões não pode ser usado para qualquer outra finalidade. não haverá privilégios exclusivos.

3. O deputado deve pagar o seu plano de reforma, como todos os portugueses e da mesma maneira.

4. O deputado deixará de votar o seu próprio aumento salarial.

5. O deputado vai deixar o seu seguro de saúde atual e vai participar no mesmo sistema de saúde como todos os outros cidadãos portugueses.

6. O deputado também deve estar sujeito às mesmas leis que o resto dos portugueses

7. Servir no Parlamento é uma honra, não uma carreira. Os deputados devem cumprir os seus mandatos (não mais de 2 mandatos), e então irem para casa e procurar outro emprego.

O tempo para esta alteração à Constituição é AGORA. Forcemos os nossos políticos a fazerem uma revisão constitucional.
        
Assim é como se pode CORRIGIR ESTE ABUSO INSUPORTÁVEL DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA."

sábado, 9 de junho de 2012

Santa Pachorra

Texto de Joana Amaral Dias hoje publicado no Correio da Manhã.

"Jó era um fazendeiro abastado e o Diabo apostou com Deus que se este lhe tirasse tudo menos a vida esse homem não continuaria a ser um servo fiel.

O Diabo perdeu a sádica jogada. Toda e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, já que nem os portugueses são ricos, nem Passos Coelho é Deus, nem Merkel o Diabo, mas parece que o primeiro-ministro está convencido de que se tirar tudo aos cidadãos, salários, bens, escola, saúde e até a dignidade, eles aguentam com paciência de Jó. Sim, só pode ser esse o sentido das suas palavras: admitir que as suas políticas têm sido violentas, injustas e estéreis e que, mesmo assim, os portugueses tudo aguentam. Caso contrário, a que propósito elogiaria a sua paciência? Só não se percebe muito bem a radical mudança de opinião do PM. Afinal, há poucos meses, considerava o seu povo piegas, queixinhas, lamechas, e, agora, entende que somos muito tolerantes e submissos. Talvez o problema maior seja mesmo esse – Passos não tem a mais pálida ideia de quem são os portugueses. É um primeiro--ministro que ignora os que governa. E isso sim, é de tirar a paciência a um santo.  "

Governo troiko

Texto de José Medeiros Ferreira hoje publicado no Correio da Manhã.

"Há quem manobre admiravelmente o governo dos povos pa-ra os encerrar em situações penosas. Assim o governo demissionário de Sócrates foi levado a assinar o memorando de entendimento, apenas a um mês da derrota eleitoral anunciada. Lá ficou o PS cativo na despedida do poder. Semanas depois, tomava posse o campeão da salvação de Portugal pela troika.

O bloco central asfixiava os portugueses. Como escreveu ontem o ‘El País’, "Portugal cumpre um ano de desgaste".
O governo de Passos Coelho percebeu logo o impulso que a troika traria ao seu programa de desmantelamento do Estado e de empobrecimento dos portugueses. Em vez de começar pelas medidas proposta pela troika contra as rendas excessivas e contra os termos leoninos das PPP, preferiu malhar nos funcionários e nos pensionistas por três vezes: com o imposto em 2011 sobre o 14º mês, com a espoliação das 13ª e 14ª prestações dos vencimentos que começou em 2012. O governo continua a avançar, aumenta o IRS e o IVA, e reduz a deduções com as despesas pessoais de saúde. Tudo em nome da meta do equilíbrio orçamental para 2013, um calendário perfeito para encetar uma política eleitoral depois.
Graças ao ministro Santos Pereira, o aumento da produtividade descentrou-se da organização do trabalho, da inovação e da tecnologia e regressou ao modelo ‘manchesteriano’ do aumento das horas de trabalho, um primarismo de novo em vigor. A tentativa de dar cabo da influência dos contratos colectivos e a incultura política demonstrada na questão dos feriados obrigatórios terão o seu devido lugar na história do restauracionismo anti-OIT. Santos Pereira olha agora para 2013 como o ano da descida da contribuição patronal para a TSU como o último grito do aumento artificial da competitividade à custa dos cofres do Estado, uma posição comodamente liberal.
O governo de Passos Coelho segue a troika naquilo que lhe dá jeito, mas devia antes cortar nas rendas excessivas, sobretudo no sector da energia, e nas PPP, nomeadamente nas pontes e auto--estradas. Assim poderia encetar uma política de redistribuição de rendimentos na exangue sociedade portuguesa. Este governo não consegue alterar os pagadores da austeridade? Arranje-se outro, senhor Presidente da República."

Há oásis no abismo?

Texto de Carvalho da Silva hoje publicado no Diário de Noticias.

"Como é possível, com que fundamentos e objetivos o primeiro-ministro (PM) afirmou esta semana que "os portugueses já não estão perante o abismo com que nos defrontámos há praticamente um ano atrás"? Passos Coelho, que já afirmou "só vamos sair da crise empobrecendo", surge contaminado pela "malvadez difusa" que caracteriza os contextos de profundas crises.
Uma análise rigorosa aos problemas com que se depara a União Europeia (UE) - onde estamos e de que dependemos em grande medida -, às duríssimas condições de vida e de trabalho dos portugueses e aos bloqueios estruturais da nossa economia só pode conduzir-nos, infelizmente, a conclusão oposta àquela.
Nestes últimos dias surgiram duras confirmações do caminho para o abismo que a UE está a percorrer. Há um ano, os países da UE em dificuldade eram três ou quatro, hoje são já a maior parte dos membros da Zona Euro. As estimativas económicas anunciadas para 2013 foram revistas em baixa e também para Portugal.
Espanha, nosso vizinho cuja economia nos influencia fortemente, está numa situação muito delicada e o governo clama por apoios contra a "entrada dos homens de preto". No dia 7, a agência Fitch desceu o seu rating em três níveis; as chantagens sobre este importante país vão prosseguir e os buracos não vão ser fáceis de tapar.
Joshka Fischer, ex-ministro alemão, afirmou recentemente que a Europa "está em chamas" e que a Sr.ª Merkel "anda a apagar o fogo com gasolina". Entretanto, a Agência Moody's baixou o rating de bancos alemães.
O egoísmo e a sobranceria exibida por setores económicos e políticos alemães agravam a situação dos países em maiores dificuldades, como é o caso de Portugal, e não vão resolver os problemas da Alemanha para o futuro.
Mário Draghi disse: "alguns dos problemas da Zona Euro" não têm origem na política monetária, mas sim na "falta de ação de outras instituições". Contudo, não se esperem soluções político-institucionais positivas com a atual relação de forças no plano político e com as orientações económicas e financeiras que se perspetivam.
Quando a Sr.ª Christine Lagarde diz "fechem os políticos numa sala até que concordem num plano", propondo-se ficar com as chaves da porta da sala, sabemos em que receitas de injustiças e exploração assentaria esse plano.
Paul Krugman, observando as orientações traçadas na última reunião do Conselho de Governadores do BCE, "gente que está numa situação confortável", diz que esta gente "é completamente louca face a tudo o que aprendemos nos últimos 80 anos. Mas estes tempos são de loucura, vestida em fatos chiques".
Por cá também temos os Srs. Borges & C.ª, nos seus fatos chiques, receitando as loucuras que empobrecem os portugueses.
A troika afirmou-se "preocupada" com a escalada do desemprego e, por isso, reclama mais flexibilização e desregulação do trabalho, mais cortes nos salários. Objetivamente propõe a eliminação da contratação coletiva sugerindo que em cada empresa os patrões estabeleçam o que "podem" pagar.
Esta ignóbil proposta é feita quando chegou ao presidente da República (PR), para promulgação, o texto da revisão do Código do Trabalho que ultrapassa a razoabilidade jurídico-constitucional e as condições necessárias para equilíbrios no funcionamento da sociedade. São inadmissíveis as alterações à organização do tempo do trabalho, aos regimes de cessação do contrato de trabalho e da contratação coletiva, à fiscalização e controlo do cumprimento das leis laborais. Será um escândalo se o PR o promulgar.
No último ano regredimos em todas as áreas do social e, esta semana, o que conhecemos de novas medidas na Saúde e no Ensino é um desastre. O desemprego é um drama nacional em crescendo. Todos os dias há uma família a pedir ajuda à Deco para pagar as contas da água, do gás e da eletricidade.
Portugal não é um oásis no abismo. Essa visão é delirante!
As palavras do PM de "reconhecimento e agradecimento aos portugueses" pelos sacrifícios feitos são, consciente ou inconscientemente, um exercício de malvadez. São os parabéns aos portugueses pela passividade com que se deixam explorar e enxovalhar."

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Que é isso de "democracia partilhada"?

Texto de Baptista Bastos hoje publicado no Jornal de Negócios.

"Cada vez se percebe menos o significado exacto dos discursos do Dr. Pedro Passos Coelho. Agora, numa magna reunião qualquer, confessou uma doce esperança, na "democracia partilhada." Partilhada como, com quem e com quê? Com os bancos, com a troika, com a senhora Merkel, com aqueles cujo rosto desconhecemos? O português não precisa de ser medianamente letrado para recusar esta "partilha." E, apesar da propaganda do Governo, já não admite, acrítico e resignado, a falácia do que lhe é dito.

As coisas ainda não se moveram o suficiente para que extraiamos conclusões. Porém, as últimas sondagens são de molde a fazer reflectir alguns e a alimentar noutros uma réstia de esperança. Não podemos continuar a assistir ao vexame de o primeiro-ministro de Portugal se comportar como um subalterno abjecto da chanceler alemã. Ao seguir-lhe o passo e ao apoiá-la, em decisões gravíssimas, como a rejeição das euro-obrigações, contrariando Hollande, Monti, Rajoy, Juncker e instituições respeitáveis, Passos Coelho pareceu um servil trintanário.

O homem anda muito mal avisado, e sugiro ao meu velho amigo Luís Fontoura, lido, reflectido e sábio, que lhe indique uns livros e o persuada a dar a volta, ao arrepio desses "conselheiros", certamente inimigos, que o empurram para a fossa. De contrário, estamos todos tramados.

De facto, Passos anda em maré de azar. O caso Relvas veio dar forte machadada na já debilitada credibilidade do Governo. Depois, é a contestação a todos os níveis: até os patrões já começam a dizer que "isto não vai bem." O País despovoa-se de juventude, sequestrada por uma política sem direcção nem sentido, e apenas obcecada pela norma neoliberal, que não é norma, mas sim a monstruosidade de uma ideologia predadora. Os fins hegemónicos da doutrina Merkel são da mesma passada, coagindo a Europa (desprovida de líderes fortes, ou sequazes ideológicos) a um papel de miserável vassalagem.

A própria exposição mediática de Pedro Passos Coelho tem-no desfavorecido. A falta de contenção e a ausência de estrutura cultural prejudicam-no; e as assessorias, notoriamente, não o ajudam. Ele não sabe dar resposta adequada aos que indicam a falência acentuada do seu Governo. Não pode, aliás. E a dar continuação a um projecto roto encaminha o País para um desastre cujas consequências são imprevisíveis.

O Governo quer realizar dinheiro a todo o custo. E a acção das Finanças converteu-se num desporto particularmente requintado. O Fisco é um confisco. Com lapsos e enganos gravíssimos. Fazem-se penhoras apressadamente; e, quando o erro é divulgado, o mal já está feito. A devolução das importâncias extorquidas só muito tarde é cumprida. A morosidade da máquina administrativa não se compadece com os problemas humanos. É assim e assim tem de ser. Até nestas coisas se verifica a fragilidade da organização do Estado.

A esquizofrenia alastrou, associada ao medo. O Governo diz e decreta, mesmo (ou sobretudo) que sejam decisões injustas e iníquas. A Justiça causa mal-estar. O que se faz, neste campo, é feito com a leviandade apontada pelo bastonário Marinho e Pinto. O seu estilo é criticado porque o País foi anestesiado: não há polémica, não há debate, não há controvérsia. Estamos em pleno domínio do pensamento único, e as vozes discordantes, dissentes, antagónicas, são tidas como "excessivas" ou "arrebatadas." Marinho e Pinto enfrenta não só a beligerância de adversários, como o ódio de numerosos e cavilosos interesses instalados. Numa sociedade como a nossa, quem sacuda a apatia e grite que o rei vai nu, é quase apontado à execração popular.

O discurso político é quase inexistente. Já sabemos o que deseja Pedro Passos Coelho, nas linhas gerais do seu pensamento: a destruição do Estado Social, uma das maiores conquistas civilizacionais e morais saídas do século XX. Todavia, que faz o PS para enfrentar e combater com êxito esse projecto? Vagas declarações de princípio, desprezando, isso sim, as forças, sobretudo as sindicais, que se têm oposto, com coragem e denodo ao sombrio propósito ideológico.

Se a doutrina do PSD é conhecida, a do PS esboroa-se em contradições de toda a monta. Se Passos Coelho não é um doutrinador (ele repete o que ouve dizer a Angela Merkel), António José Seguro apresenta limitações culturais e políticas verdadeiramente devastadoras. Claro que ele é um líder de passagem. Mas se assim não for? Se, de um momento para o outro, circunstâncias extraordinárias o posicionam à frente do País?

As interrogações aqui ficam consignadas. Mas não é preciso ser futurologista, ou desses "politólogos" de televisão, para se saber que as coisas estão negras, muito negras. "

Não somos gado.

Texto de Nicolau do Vale Pais hoje publicado no Jornal de Negócios.

"(agradecendo as palavras de Teodora Cardoso e D. Januário Torgal)"

"As últimas duas semanas produziram toneladas de lixo mediático, como é habitual. Se a troika se lembrasse de criar um imposto sobre a tralha que nos assoberba, talvez resolvêssemos, então, a dívida... Pela capacidade política não vamos lá, de certeza - preparem esses ossos.

No meio deste mar de indiferença, frivolidade, e algum cinismo, surgem as declarações de Teodora Cardoso, Presidente do Conselho de Finanças Públicas, e de D. Januário Torgal, Bispo das Forças Armadas. E o que disseram, então, que possa ter causado inusitada indignação a figuras como a jornalista Maria João Avillez, ou feito resfolgar António Borges, que, imprudente, nos deu finalmente a conhecer o seu sonho de desenvolvimento neo-soviético para Portugal? Nada de especial. Não foi o que disseram, mas como disseram, e, sobretudo - e esta foi a parte ao arrepio do "prato do costume" que mais me agradou - a absolutamente descomprometida independência cívica com que o fizeram. Desinteressados, separaram responsabilidade pública de responsabilidade individual, Estado de particulares, país de partidos. Não é preciso sequer concordar para gostar da transparência destas declarações; quem precisa de unanimidade e concordância para chegar ao pasto é o gado. E nós não somos gado.

Teodora Cardoso falou do Terceiro Mundo sem léria ideológica. O modelo de permanente redução salarial não só é insustentável a médio prazo, como os resultados da sua erosão no poder de compra e coesão social são depauperantes a nível das receitas fiscais e explosivos ao nível da estabilidade social. De permeio, não se esqueceu do Citigroup, banco americano cujas influências lobistas têm sido nefastas para a República Portuguesa, e lembrou a qualificação como caminho para a competitividade, ao invés da via terceiro mundista do empobrecimento. Mostrando-se com pedagógico optimismo, salientou que teremos de "pensar pela própria cabeça e não fazer só o que nos mandam".

Já D. Januário Torgal, Bispo das Forças Armadas, saiu em defesa da dignidade dos Portugueses ao dizer o evidente: que é absolutamente chocante a forma como o primeiro-ministro paternalizou os cidadãos que supostamente representa, ao agradecer-lhes o "esforço" como se de empregados de uma empresa se tratassem. Depois de falar do conforto da zona do desemprego ou da solução mágica da emigração, Passos vem agora agradecer aos Portugueses num estilo Presidencialista, que foi a forma que encontrou para esconder a sua própria mediocridade programática e política; e esta falsa prudência, esta mudança de tom súbita a roçar a hipocrisia, tem, pelo meio, o aparecimento de três dados fundamentais:

- O caso Relvas, monumento sombrio à vida dos partidos em Portugal;
- O ajuste súbito do défice e correcção do nível da receita altamente desfavorável ao Governo (refiro-me às correcções anunciadas dia 31 de Maio pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental), que fazem prova da completa ineficácia política da austeridade no que toca a qualquer hipótese de recuperação económica;
- O tombo de cerca de 10% nas sondagens para o Governo.

D. Januário está legitimado e inspirado pela história recente, nomeadamente por esse documento que deveria estar emoldurado nas paredes de todas as escolas públicas em Portugal, que é a carta de D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, a António Oliveira Salazar, redigida a 30 dias das eleições de 1958, que, depois de falsificadas, conduziriam ao posterior assassinato de Humberto Delgado. É uma carta sobre a desumanidade da fome e da subjugação, que Pedro Passos Coelho deveria ler, ao invés de nos tentar alimentar com amendoins e bananas; poupava-se assim a essa figura prazenteira e frágil de, como um provinciano, olhar para dentro de uma jaula e achar que já percebeu a selva por detrás das grades."

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Miséria moral

Texto de Baptista Bastos hoje publicado no Diário de Noticias.

"O dr. António Borges é um senhor de meia idade, cabelos ruivos e ralos, carregado de currículo, de patronímicos virtuosos e de tarefas cintilantes. Onde há funções que exijam perícia e frieza, lá está ele a preenchê-las com zelo e vultosas compensações. Em matéria de números, estratégias de lucro, prospectivas financeiras, mercados e juros, o dr. Borges sabe-a toda. Um jornalista de Le Monde, que o estudou, fala de mistério e de oclusão, num livro que está aí, cujo título, O Banco - Como o Goldman Sachs Dirige o Mundo, e cujo conteúdo é demasiado perturbador para que o ignoremos.

Sobre todos estes tranquilos predicados, o dr. Borges é cristão, formal e brunido, conselheiro do Governo para as privatizações, dedicando-se, claro!, a outros biscates. Em 2011 arrecadou 225 mil euros, fora o que escorre, isentos de impostos. Pois o dr., em declarações a um jornal, foi veemente e irretorquível, na defesa da redução de ordenados. Disse, entre outras pérolas cristãs e compassivas: "A diminuição de salários, em Portugal, não é uma política, é uma urgência e uma emergência." Apesar da "miséria moral" em que vivemos [Francisco Pinto Balsemão dixit], as ditosas frases não caíram no vazio. Um vendaval de protestos e de indignações cobriu-o e à desvergonha das afirmações. O coro estendeu-se. A bojarda foi execrada por gente do PSD e do CDS, não muita, diga-se de passagem, mesmo assim...
Sorridente e na aparência são, o dr. Pedro Passos Coelho apoiou, com límpido silêncio, as declarações do dr. Borges. Loquaz foi, isso sim, com os procônsules da troika que, entre outras exigências, prescrevem o afastamento dos sindicatos de negociações e uma maior flexibilização das leis do trabalho. Dias antes, no jantar do Conselho Europeu, o governante português, "contrariando Monti, Hollande, Rajoy, Juncker, o FMI e a OCDE, entre muitos outros líderes e instituições, apoiou Angela Merkel contra as euro-obrigações", escreveu (DN, 25 de Maio, pp) o prof. Viriato Soromenho-Marques. Este, com a habitual lucidez, acrescentou: "O escândalo racional da chanceler alemã é, assim, apoiado pelo mistério irracional do comportamento do primeiro-ministro português. A lógica da subserviência tem, na decência, o seu limite moral, e no interesse nacional o seu absoluto limite político. Passos está a rasgar todos os limites."
A situação não é, apenas, política; é, também, moral, como diz o articulista. A história, para muitos de nós, continua a ser uma memória de facínoras, com as linhas de sustentabilidade mantidas por vastos interesses e por jornalistas e comentadores estipendiados. A comunicação de sentido, ao público, é propositadamente ambígua, a fim de salvar as aparências. Esta gente que dirige o País não se recomenda pela decência e pela integridade. É uma "miséria moral".

terça-feira, 5 de junho de 2012

D. Sebastião Coelho

Em jeito de balanço e de auto-elogio do seu primeiro ano de governo, Passos Coelho disse que "Os portugueses já não estão perante o abismo".

Só se esqueceu de acrescentar, como o Presidente brasileiro da conhecida anedota que, com ele, os portugueses "tinham dado um passo em frente"!

Claro que o coro de protestos não se fez esperar sendo de salientar o comentário do lider comunista, Jerónimo de Sousa para quem muitos já foram empurrados para o fundo, despedidos, desempregados, sem casa, falidos ou na insolvência, empobrecidos, com menos salários, sem protecção na doença ou na velhice, sendo este o balanço que realmente se faz de um ano desde que decorreram as eleições legislativas.

 Não contente com a primeira aleivosia Passos Coelho foi mais longe dizendo "que está em curso uma mudança económica que é a mais importante dos últimos 50 anos".

Mas quem é que este rapazola neo-liberal de Massamá pensa que é? D. Sebastião?

Pensa este imbecil que apareceu numa manhã de nevoeiro para salvar o País?

Tem Passos Coelho a imodéstia de pensar que é ele o "Rei" que os portugueses esperavam para os conduzir a um futuro risonho e glorioso?

A economia está de rastos, o povo sofre horrores com as malfeitorias dos credores usurários da troika e que o governo alegremente impõe aos cidadãos, o desemprego sobe continuamente com o Ministro das Finanças a apontar (por enquanto) o valor de 16% no próximo ano, o número de novos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) durante o primeiro trimestre de 2012 mais do que triplicou em relação ao último trimestre de 2011, atingindo agora quase os 330 mil, saúde e educação em degradação acelerada, etc, etc, etc, ao mesmo tempo que os bancos, os grupos económicos e a gentalha encostada ao poder roubam cada vez mais, sempre a delapidar os recursos da nação.

A verdade é que Passos Coelho chegou a Primeiro-Ministro a mentir com quantos dentes tem na boca e já se percebeu que não tem qualquer competência para o cargo assim como são altamente incompetentes a maior parte dos ministros que o acompanham no governo.

O povo está a descobrir rapidamente que, com esta gente no poder, o País não vai a lado nenhum. Falta agora dar o passo seguinte, entrar em desobediência civil e correr com a corja partidária.

Se os árabes conseguiram ver-se livres de ditadores não será isso mais fácil aqui em que, diz-se, estamos numa democracia?

A "limpeza"

Um texto magnifico do jornalista Pedro Ferreira Esteves ontem publicado no Jornal de Negócios.

"Portugal está a ser limpo. Estava sujo, com pessoas a trabalhar na construção, no turismo, em restaurantes, a abrir lojas de roupa, de "bugigangas", lojas de comida para animais, cafés, restaurantes, enfim, o País estava pouco asseado com tantos pequenos negócios de prestação de serviços vários. Essa sujidade está a desaparecer. Para dar lugar a um Novo Portugal, um Portugal lavadinho, virado para fora, a exportar de forma gloriosa, sorrisos nos lábios, bata branca vestida, agradecido e feliz.

Portugal está a ser limpo, para poder crescer. As palavras são do consultor do Governo, António Borges. Mais concretamente, "[o ajustamento] está a limpar a economia, está a prepará-la para uma fase de crescimento". Palavras partilhadas ao "Diário Económico", na semana passada. E quanto mais cedo se "limpar" a economia, mais rápido o Novo Portugal poderá nascer, exportar, inovar, qualificar-se.

Mas o Novo Portugal arrisca viver para pagar a despesa social do Velho Portugal, o dos desempregados, falidos, penhorados, desgraçados. O Velho Portugal que não consegue exportar, não sabe trabalhar em laboratórios, nem falar inglês ou alemão. Sabe fazer cimento, servir pastéis de nata, vender camisolas, carimbar anexos ou tirar fotocópias. O Velho Portugal que não conseguiu apanhar o "comboio" da formação superior e qualificada.

É fácil ser consultor em Portugal. Fecha-se num gabinete, em "conference call" com Londres, Nova Iorque, Frankfurt ou Bruxelas, lê-se "papers" e desenha-se uma "visão" para um país, sob a forma de relatórios. Mas é mais difícil, quando se é consultor num país que se formou à pressa, em que os empregos foram garantidos, os trabalhos desenrascados, os créditos facilitados. É fácil dizer que se vai despedir, baixar salários, fechar empresas inviáveis, que se vai dar crédito às exportadoras, às empresas sólidas e sãs. É fácil, porque não é preciso enfrentar as pessoas nas filas dos centros de emprego, nos tribunais, à porta das grandes empresas falidas, ao balcão dos restaurantes desertos. A "limpeza" tem um custo. Um custo social que se tem de sofrer na pele para se compreender. E um custo político, que é preciso ser eleito para se pagar. Porque as vítimas da "limpeza" vão ter muito tempo livre para se indignarem, protestarem ou votarem. Para tentarem sobreviver num Novo Portugal que já não lhes pertence, porque foi idealizado numa "torre de marfim", a muitos metros de distância do país real que desespera em baixo."

Maçãs podres

Texto de Paulo Morais, Professor Universitário e ex-vereador da Câmara Municipal do Porto hoje publicado no "Correio da Manhã".

"A promiscuidade é generalizada, os negócios privados são o quotidiano da actividade parlamentar.

O parlamento português converteu-se no maior antro de tráfico de influências do país. São muitos os deputados que utilizam o cargo público para fins privados, ao serviço das empresas com que colaboram. Os conflitos de interesses são uma constante. Na comissão de acompanhamento do programa de assistência financeira ao estado português, têm assento deputados com interesses na Banca, na EDP e nos principais grupos beneficiários das medidas do programa que deveriam fiscalizar. Na agricultura, há parlamentares que tutelam a actividade do ministério que atribui subsídios às empresas de que eles próprios são gerentes. Até a comissão de avaliação das parcerias público-privadas incorpora deputados ligados ao sector imobiliário, parceiros de sector dos concessionários das PPP. A promiscuidade é generalizada, os negócios privados são o quotidiano da actividade parlamentar. Os campeões desta falta de vergonha são os advogados das grandes sociedades, que utilizam o parlamento como filial dos seus escritórios, consumindo a maior parte do seu tempo a resolver assuntos dos seus clientes. Por vezes, a sala das sessões mais parece um escritório de advogados ‘open space’.
De cada vez que alguém denuncia publicamente estas negociatas, logo se levanta um enorme coro de protestos. Em primeiro lugar, dos visados, que vêm defender que são tão sérios, que nem os conflitos de interesses os impedem de defender o povo. Não é crível. Pois, se assim fosse, esses deputados teriam forma fácil de o provar: promoviam a imediata suspensão dos pagamentos das PPP, reduziam drasticamente as rendas pagas à EDP, limitavam os privilégios atribuídos ao sector financeiro. E o povo agradeceria!
Um segundo tipo de lamúrias vem dos restantes deputados. Alegam que nem todos são vigaristas e portanto haveria que identificar apenas os culpados. Tentam desta forma generalizar a ideia de que todos são sérios.
Além de inverosímil, esta defesa parlamentar corporativa é perversa. Não combatendo o problema, contribui para a progressiva degradação da Assembleia da República. Não esqueçam, senhores deputados, que quando se misturam maçãs podres com maçãs boas, nunca são as podres que ficam boas…"