Para esta gentalha tirar o Estado da economia significa cortar na saude, na educação, na justiça, nos apoios sociais mas continua a colocar boys e girls nos incontáveis tachos de serviços, gabinetes, comissões, institutos, empresas e fundações.
BASTA!
Contas cegas
De Armando E. Pereira, Director-Adjunto.
"O encerramento das pequenas comarcas e a extinção de freguesias têm um traço comum: obedecem às ordens da troika, que desconhece o país real.
São medidas que visam cortes cegos na despesa sem ter uma visão de Portugal. É importante haver racionalidade da despesa pública, mas não é acabando com as freguesias, um património histórico das populações, ou fechando os tribunais que a economia melhora. Na cabeça de quem toma estas medidas, Portugal só é viável numa pequena faixa litoral entre Setúbal e o Minho, acrescido da costa do Algarve entre a praia e a estrada 125. Nesta lógica de contas da mercearia, a Padeira de Aljubarrota teria cometido um grande erro. Bateu nos castelhanos em vez de lhes vender a padaria."
Bankster
De Paulo Morais
"O favorecimento ao sector financeiro só é possível porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal.
Os bancos portugueses estão sem dinheiro e perderam a credibilidade. Limitam-se agora a sugar os recursos duma economia que deviam apoiar mas apenas parasitam.
Estão hoje, na generalidade, descapitalizados. A abarrotar com créditos incobráveis, os bancos escondem ainda uma bolha imobiliária gigantesca, resultante de empréstimos mal concedidos e até arbitrários.
Depois de anos de má gestão e escândalos, os bancos estão agora de mão estendida. Mais uma vez, o estado português virá em seu auxílio, desviando recursos da economia real. Dos 78 mil milhões recebidos da troika, cerca de quinze por cento destinam-se a apoiar a banca. E adivinha-se que nem sequer será pela via de empréstimos, pois os bancos não quererão devolver o dinheiro. Será em alguns casos sob a forma de aumento de capital, mas sem que o estado sequer intervenha na gestão. O estado paga, mas não manda.
Estas situações de favorecimento ao sector financeiro só são possíveis porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal. É da banca privada que saem muitos dos destacados políticos, ministros e deputados. E é também nos bancos que se asilam muitos ex--políticos.
Alguns, mais promíscuos, mantêm ligações ao sector financeiro em simultâneo com o desempenho de funções públicas. Há situações que assumem mesmo foro de indecência, como a de Vera Jardim, que acumulava a presidência da comissão parlamentar de combate à corrupção com a superintendência do Banco Bilbao Viscaya; ou a do deputado Frasquilho, que integra o grupo encarregado de fiscalizar o plano de assistência financeira e trabalha no BES, potencial beneficiário desse mesmo programa. Até na supervisão, o insuspeito Banco de Portugal acolhe nos seus órgãos sociais celebridades ligadas à banca privada, como António de Sousa ou Almerindo Marques. Incumbidos de se pronunciarem sobre a actividade do banco central, controlam a entidade que supervisiona o sector ondetrabalham.
Com estas artimanhas, os banqueiros dominam a vida política, garantem cumplicidade de governos, neutralizam a regulação. Têm o caminho livre para sugar os parcos recursos que restam. Já não são banqueiros, parecem gangsters, ou seja, banksters. "
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