Texto de Joana Amaral Dias hoje publicado no Correio da Manhã.
"Jó era um fazendeiro abastado e o Diabo
apostou com Deus que se este lhe tirasse tudo menos a vida esse homem
não continuaria a ser um servo fiel.
O Diabo perdeu a sádica jogada. Toda e qualquer semelhança com a
realidade é pura coincidência, já que nem os portugueses são ricos, nem
Passos Coelho é Deus, nem Merkel o Diabo, mas parece que o
primeiro-ministro está convencido de que se tirar tudo aos cidadãos,
salários, bens, escola, saúde e até a dignidade, eles aguentam com
paciência de Jó. Sim, só pode ser esse o sentido das suas palavras:
admitir que as suas políticas têm sido violentas, injustas e estéreis e
que, mesmo assim, os portugueses tudo aguentam. Caso contrário, a que
propósito elogiaria a sua paciência? Só não se percebe muito bem a
radical mudança de opinião do PM. Afinal, há poucos meses, considerava o
seu povo piegas, queixinhas, lamechas, e, agora, entende que somos
muito tolerantes e submissos. Talvez o problema maior seja mesmo esse –
Passos não tem a mais pálida ideia de quem são os portugueses. É um
primeiro--ministro que ignora os que governa. E isso sim, é de tirar a
paciência a um santo. "
sábado, 9 de junho de 2012
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