"Portugal está pior do que há um ano, quando ainda se acreditava que PSD/CDS dariam cabo do Monstro.
O conselheiro Borges diz que não disse o que não terá
passado pela cabeça de ninguém que disse – que defende, em tese, um
País de gente pobre. Claro, ninguém em seu perfeito juízo diz semelhante
enormidade. O que o conselheiro Borges já achou normal afirmar foi a
emergência da redução de salários, não prevendo as reacções fortíssimas
que a insensibilidade do seu discurso provocou. E, por variadas razões,
tendo algumas das quais a ver com o seu principesco ordenado e sinuoso
curriculum. Veio tudo ao de cima num País que está no osso, que não pode
ouvir falar em mais cortes e austeridade em salários, impostos e
direitos sociais.
Para mais com os resultados que
se vêem. Até mesmo as exportações não subiam tão pouco desde Fevereiro
de 2010. E se importamos menos, é porque se consome menos, porque há
muito mais desempregados, porque se ganha menos e tudo está mais caro. E
sem consumo não há economia, há falências. Portugal está pior do que há
um ano, quando ainda se acreditava que PSD/CDS dariam cabo do Monstro
que criou Institutos, Empresas Públicas, Fundações, PPP, que deixou à
solta as Autarquias e as suas Empresas Municipais e que foi o
responsável pelo endividamento. O poder público, político, partidarizado
e os bancos são os culpados pela crise, mas são as pessoas comuns, que
não tiveram culpa, que a estão a pagar. E, perversamente, a par de uma
política orçamental da maior rigidez, a Europa continua a ter uma
política monetária permissiva.
O sistema
financeiro tem comandado tudo, tal como agora o está a fazer, já depois
do pedido de ajuda espanhol. Os ‘Mercados’, que deviam ter acalmado,
continuam a duvidar, e o contágio prossegue agora para Itália.
Seguir-se-á a França. Falta saber o que acontecerá quando, e se, chegar a
vez da Alemanha, a quem os investidores pagam para ter dívida e a única
a ganhar com a crise. Tudo agora é sistémico e contagioso. Um banco não
pode falir porque põe em causa o Sistema, e um País tem de começar a
gerir também a economia dos vizinhos, porque se eles caem, ele cai. É a
necessidade de maior "integração" a caminhar para o federalismo, com,
obviamente, o controlo da Alemanha, que tem a receita para todos –
afinal, a mesma do conselheiro Borges."
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