"A poucos dias da sua visita-relâmpago a Portugal, a chanceler alemã, Angela Merkel, certamente a pensar, como é habitual, nos seus eleitores, defendeu a necessidade de mais cinco anos de austeridade para que a crise na Europa seja ultrapassada.
Eventualmente a crise acabará por passar, mas o pobre
Portugal aguentará mais cinco anos de sacrifícios, e ainda por cima sem
crescimento económico? Alguns, como o presidente do BPI, Fernando
Ulrich, responderão, com uma escandalosa ligeireza que só revela
insensibilidade ou desconhecimento da realidade: "Ai aguenta, aguenta!"
Poderá até aguentar, mas em que estado?
A
continuar com esta estratégia de empobrecimento geral, assente em cortes
sucessivos que nem sequer poupam a população mais desfavorecida,
Portugal, que já atingiu uma situação que pode considerar-se de
pré-ruptura social, arrisca-se a ser, para usar uma expressão de Eça,
não um país mas um sítio mal frequentado… Leia-se, com cidades cercadas
por bairros de lata, ruas invadidas por pedintes, insegurança em cada
esquina, revolta por toda a parte...
É este o país que queremos? Não certamente, mas é, não tenhamos dúvidas, aquele que está a preparar-se para nós."
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