"Os aumentos de impostos que nos martirizam e destroem a economia têm como maiores beneficiários os agiotas que contrataram empréstimos com o estado português. Todos os anos, quase dez por cento do orçamento, mais de sete mil milhões de euros, destina-se a pagar juros de dívida pública.
Ainda no tempo de Sócrates, e para alimentar as suas
megalomanias, o estado financiava-se a taxas usurárias de seis e sete
por cento. A banca nacional e internacional beneficiava desse mecanismo
perverso que consistia em os bancos se financiarem junto do Banco
Central Europeu (BCE) a um ou dois por cento para depois emprestarem ao
estado português a seis.
Foi este sistema que
levou as finanças à bancarrota e obrigou à intervenção externa, com
assinatura do acordo com a troika, composta pelo BCE, FMI e União
Europeia. Mas este pacto foi, ele também, desastroso. Esperava-se um
verdadeiro resgate que transformasse os múltiplos contratos de dívida
num único, com juros favoráveis e prazos de pagamento dilatados. Assim,
isolar-se-ia o problema da dívida e permitir-se-ia o normal
funcionamento da economia. Mas o que o estado então assinou foi um
verdadeiro contrato de vassalagem que apenas garantia austeridade.
Assim, assegurou-se a continuidade dos negócios agiotas com a dívida, à
custa de cortes na saúde, na educação e nos apoios sociais.
Para
cúmulo, o empréstimo da troika foi celebrado com juros elevados e
condições inaceitáveis. Na componente do empréstimo contratada com o
FMI, este impôs até que o mesmo fosse indexado às cotações do euro, mas
também do dólar, iene e libra, cuja valorização face ao euro era
previsível. Como consequência, por via da flutuação cambial, Portugal
terá de pagar mais dois mil milhões de euros de capital.
A
chegada de Passos Coelho ao poder não rompeu com esse paradigma. Nem
por sombras. O governo optou por nem sequer renegociar os empréstimos
agiotas anteriormente contratados; e continua a negociar nova dívida a
juros incomportáveis.
Os políticos fizeram juras
de amor aos bancos, mas os juros pagámo-los nós bem caro, pela via dum
orçamento de estado que está, primordialmente, ao serviço dos
verdadeiros senhores feudais da actualidade, os banqueiros."
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