Texto de Sandro Mendonça, Economista do ISCTE-IUL, hoje publicado no "Diário Económico"
"Curioso governo este que queria acabar com as fundações e propõe agora uma “refundação”. Eis algumas reacções.
Pergunta Adriano Moreira: como pode o primeiro-ministro de um
País com "estatuto de protetorado" lançar esta questão sem esclarecer o
que realmente quer dizer. Mário Soares afirma: Passos Coelho "não tem
sentido de pátria". O deputado Ribeiro e Castro implora: qualquer
reforma do Estado tem de ser "feita por nós". Paulo Trigo Pereira do
ISEG explica: "demotroikacia" é quando primeiro se urdem os estratagemas
com as forças estrangeiras e só depois se informa o país.
Esta é uma nação com soberania a meia-haste. Como pode um governo
confortável com a situação de protetorado ser considerado patriota?
Este governo converteu o país numa república de Vichy. Assume-se como
uma administração delegada de forças poderosas e actua como cúmplice
dos interesses locais de sempre. É esta administração que, para nos
distrair do debate do Orçamento do Estado, fala em desactivar a dimensão
social do Estado.
Numa economia em falência parcial o executivo chama de fora mais
‘advisors' para aprofundar a adversidade, constitucionalizar a
austeridade e desproteger a sociedade da injustiça económica. E nesta
conjuntura um Presidente, que se fez eleger como economista mas que
assiste à duplicação do peso da dívida pública no PIB durante o seu
consolado, insiste em não nos servir de nada: nem económica nem
politicamente.
A estes agentes é preciso oferecer resistência. A resistência tem de
passar por uma melhor coordenação nas barricadas da verdadeira
democracia. Sim: a rua é uma das barricadas, mas não é a única. A
imprensa livre e de qualidade também o é, apesar da crise do sector. Mas
o parlamento é a primeira barreira contra os excessos de quem manipula o
poder, apesar destes quererem afundar à força os melhores legados da
democracia. Este ainda é o país da revolta de 1383-1385 e da insurgência
perante o Ultimato de 1890. E Vichy nem 5 anos durou. Colaboracionismo
não!"
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Vichy
Etiquetas:
governo,
passos coelho
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