Texto de Sandro Mendonça, Economista do ISCTE-IU, hoje publicado no "Diário Económico"
"A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE) acaba de prever que a economia portuguesa se contraia 1,8% em
2013. Trata-se de quase o dobro do que esperam o Governo e a ‘troika'
(1%). A OCDE, tal como outras organizações internacionais (leia-se, o
FMI), tem sistematicamente falhado as previsões desde que a actual
crise começou (note-se, já falhava passou a falhar muito mais). Ou seja,
a queda não vai apenas ser de 1,8% e o orçamento será impraticável.
Mais grave, aliás: a OCDE, o FMI, o BCE e a Comissão Europeia têm
errado no diagnóstico e na receita. Claro, isso não interessa: Portugal
tem de obedecer e calar, aprender a empobrecer.
Portugal é "país soberano" mas tem de se submeter, Portugal tem de
"crescer" mas para isso tem de contrair. E com isto metem Portugal no
clube de países "feios, porcos e maus" quando antes a Europa dizia que
Portugal era um caso de sucesso e de democratização saudável e quando
ainda há uns meros cinco anos (antes da crise internacional) a própria
OCDE elogiava Portugal por corrigir as contas públicas e por tornar o
Estado mais eficiente.
Cá dentro o Governo faz um Orçamento de Estado que agrava a recessão e
agrava a desigualdade. Ganhou eleições zurzindo contra uma crise
induzida pelo governo anterior e contra o agravamento de impostos.
E depois piorou a crise e o desemprego, bateu recordes de impostos e
delapidou os serviços públicos, tenta vender activos ao desbarato (TAP,
Águas de Portugal, RTP, etc.) e sucede em que colocar os seus ‘brokers'
de influência nas grandes empresas de grande lastro nacional (Catroga na
EDP, Nogueira Leite na CGD, Borges na Galp). Esta coligação fez
exactamente o oposto do que prometeu: pessoalizou cargos, confundiu
interesses políticos com nacionais, substituiu os interesses do país
pelos da Europa central.
E no meio de tudo isto lembramo-nos dos homens da luta: "E o Presidente, pá?!"
O
Presidende da República não conseguirá evitar presidir. Este Orçamento
tem de ser analisado como merece. O desastre é certo se ele passar."
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Presidir
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