Texto de Helena Cristina Coelho hoje publicado no "Diário Económico"
"Pedro, o cidadão, escreveu ontem uma carta sentida aos
portugueses, a quem chama "amigos", lamentando as perdas e sacrifícios a
que Pedro, o primeiro-ministro, sujeitou os portugueses, os
"contribuintes".
Pedro, o cidadão, admite que, no país em que Pedro também é
primeiro-ministro, o Natal deste ano não foi um conto feliz. Houve
famílias sem a consoada que mereciam, houve muitas mesas com ausências,
houve pratos sem a fartura de outros tempos, houve filhos e netos sem os
presentes que desejavam.
E houve portugueses que acordaram no
dia seguinte sem trabalho, de barriga vazia, a casa na bancarrota ou as
malas feitas para emigrar. É por eles que Pedro reconhece que este não
foi o Natal que merecíamos - tem razão.
Mas depois é por eles
que termina a sua mensagem desejando aos amigos "festas felizes" - e é
assim que se perde a razão. Esta, sim, foi a mensagem que os portugueses
não mereciam. Em três curtos parágrafos deixados ontem no Facebook,
numa espécie de mensagem intimista e solidária de alguém que,
nitidamente, precisa de amigos, Pedro, o cidadão, reconhece o que já é
óbvio para todos há muito tempo. Que este foi mais um dia num ano de
sacrifício, que há portugueses que sofrem, que é preciso trocar o pesar
pelo orgulho quando se encara um novo dia.
O que Pedro deixou
fora desta carta é precisamente aquilo que os portugueses, os
contribuintes, querem saber de Pedro, o primeiro-ministro: quando é que
alivia a carga fiscal com que está a esmagar a classe média e os
pensionistas, quando é que permite que as empresas criem condições para
gerar emprego em vez de se asfixiarem em burocracias e impostos, quando é
que garante que os talentos regressam em vez de os incentivar a partir
para destinos onde fazem muito pela reputação de Portugal, mas pouco
pela sua competitividade.
No dia em que Pedro, o
primeiro-ministro, escrever uma carta a responder a todas as
interrogações e a dar sinais reais de quando o país pode ter, de facto,
um Natal melhor, os portugueses, cidadãos, assinam por baixo. Não é
certamente com mensagens assim que Pedro faz amigos. Até porque os
portugueses, nos últimos tempos, foram obrigados a ser menos piegas..."
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Com amigos assim
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passos coelho
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